UE pressiona Xi a usar influência sobre Rússia para encerrar Guerra da Ucrânia

Ursula Von de Leyen afirmou que Pequim deveria "usar toda a sua influência sobre a Rússia para pôr fim à guerra de agressão dela contra a Ucrânia"

© Getty Images

Mundo Europa 06/05/24 POR Folhapress

BOA VISTA, RR (FOLHAPRESS) - A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pressionou a China a reduzir o apoio do país à Rússia em meio à Guerra da Ucrânia, em fala feita após reunião entre ela, o presidente da França, Emmanuel Macron, e o líder chinês, Xi Jinping, em Paris, nesta segunda (6).

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Von de Leyen afirmou que Pequim deveria "usar toda a sua influência sobre a Rússia para pôr fim à guerra de agressão dela contra a Ucrânia".

"É necessário mais esforço para conter a entrega de bens de uso duplo para a Rússia que chegam ao campo de batalha. E dada a natureza existencial das ameaças decorrentes desta guerra tanto para a Ucrânia quanto para a Europa, isso afeta as relações entre a União Europeia e a China", disse a líder europeia.

O recado faz referência à amizade "sem limites" anunciada por Pequim e Moscou poucas semanas antes da invasão russa na Ucrânia. O resultado prático desses laços estreitados nos anos de guerra tem sido o apoio chinês com recursos essenciais não apenas para a economia russa como para o esforço de guerra, com microchips, peças de armamentos e outros materiais de uso tanto civil como militar.

Von der Leyen afirmou ainda que Xi desempenhou "um papel importante na desescalada das ameaças nucleares irresponsáveis da Rússia".

O presidente russo, Vladimir Putin, determinou nesta segunda um exercício de ataque com armas nucleares táticas em resposta à sugestão de governos ocidentais, principalmente o da França de Macron, de enviar soldados para ajudar Kiev a resistir à invasão russa. O Kremlin também ameaçou atacar o Reino Unido após o chanceler britânico, David Cameron, dizer que os ucranianos poderiam usar as armas fornecidas por Londres como quisessem.

Xi chegou a Paris neste domingo (5) para sua primeira viagem europeia desde 2019, quando a pandemia de Covid-19 isolou o país asiático durante quase três anos. Xi e sua esposa, Peng Liyuan, foram recebidos pelo primeiro-ministro francês, Gabriel Attal.

"Esperamos que a paz e a estabilidade retornem rapidamente à Europa e pretendemos trabalhar com a França e toda a comunidade internacional para encontrar boas formas de resolver a crise [na Ucrânia]", disse o dirigente chinês ao jornal Le Figaro.

Macron também pressionou o líder chinês a usar sua influência sobre a Rússia para acabar com a guerra na Ucrânia. Xi, por outro lado, disse que França e China deveriam se unir para evitar uma "nova Guerra Fria" entre blocos globais, em questões incluindo o comércio –outro ponto central da conversa entre os líderes foram as relações comerciais entre o bloco europeu e a China.

"A União Europeia hoje tem o mercado mais aberto do mundo, mas queremos ser capazes de protegê-lo", disse Macron a repórteres, falando ao lado de Xi. "É por meio do diálogo e do trabalho conjunto de nossas equipes que podemos avançar", disse o francês.

Durante suas conversas, realizadas a portas fechadas, Xi concordou que os atritos econômicos devem ser abordadas por meio do diálogo, segundo a mídia estatal chinesa. Ele também afirmou a Macron e Von der Leyen, no entanto, que o problema da superprodução da China "não existe nem do ponto de vista de vantagem comparativa nem à luz da demanda global", de acordo a mídia chinesa.

A fala se opôs aos comentários de Von der Leyen sobre o tema, mais assertivos que os de Macron. Mais cedo, depois das conversas no Palácio do Eliseu, Von der Leyen afirmou que a UE "não pode absorver a superprodução massiva de bens industriais chineses inundando o mercado dela".

"A Europa não hesitará em tomar as decisões difíceis necessárias para proteger seu mercado", disse ela. A presidente da Comissão Europeia disse que a relação entre a Europa e a China é prejudicada pelo acesso desigual ao mercado e pelos subsídios estatais chineses.

Paris apoia uma investigação da UE sobre a entrada no bloco de carros elétricos chineses. Em seguida ao apoio francês, num gesto considerado retaliatório, Pequim anunciou que abriu uma apuração comercial das importações de conhaque, a maioria de origem francesa –Macron presenteou Xi com bebidas de marcas franceses atingidas pela investigação chinesa.

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