Médico alerta sobre doença silenciosa que afeta 51 milhões de brasileiros

Números da OMS mostram que a pressão alta é um grave problema de saúde pública

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Lifestyle Cardiologia 16/05/24 POR Rafael Damas

Nesta sexta-feira, 17/5, é comemorado o Dia Mundial da Hipertensão, data instituída com o objetivo de alertar a população para os riscos dessa condição que afeta atualmente milhões de brasileiros.

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De acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), divulgados em setembro de 2023, o país conta com 51 milhões de hipertensos, ou seja, a doença é um grande problema de saúde pública no Brasil.

Conhecida como pressão alta, ocorre quando a pressão arterial, permanece sistematicamente, igual ou maior que 140 por 90 mmHg (milímetros de mercúrio), o primeiro número se refere à pressão máxima ou sistólica, que corresponde à contração do coração; o segundo, corresponde a pressão arterial mínima que ocorre durante a diástole, ou seja, quando o coração relaxa.

O não controle adequado da pressão é fator de risco dos mais importantes para uma série de doenças cardiovasculares, como infarto e AVC (acidente vascular cerebral) que são as principais causas de mortes no Brasil e no mundo.

“Estima-se que existam atualmente 1,3 bilhão de hipertensos no mundo. No Brasil a doença afeta cerca de 35% da população adulta. Essa prevalência aumenta principalmente nas idades mais avançadas [mais que 60% após os 70 anos]. As doenças cardiovasculares são responsáveis por cerca de 400 mil mortes por ano e um principal fator de risco é a hipertensão”, aponta o cardiologista Pedro Graziosi, coordenador do Centro Diagnóstico de Cardiologia Não-Invasiva do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

No mundo apenas 20% dos hipertensos estão diagnosticados, tratados e controlados de forma ideal. O tratamento apropriado da pressão alta tem a consequência de evitar a morte prematura, como também a convivência com sequelas de infartos e de AVCs (também conhecido como “derrame”) entre outras.

A doença está diretamente relacionada a outros hábitos e condições de saúde, como diabetes, colesterol alto, tabagismo, consumo excessivo de álcool, sedentarismo, estresse, obesidade, apneia do sono e até mesmo a poluição, como ressaltado pela OMS.

“Há também os chamados fatores não mutáveis como genética, sexo e envelhecimento. Temos um mosaico de fatores que implicam e se interligam”, disse o cardiologista. “Desta forma é fundamental a interrupção ou controle dos chamados fatores de risco evitáveis”, completou o especialista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Os fatores ambientais e sociais também estão associados à hipertensão, pois podem influenciar o estilo de vida, a alimentação, o perfil e local das atividades, a compreensão da doença, como também a busca e acesso ao sistema de saúde.

A urbanização, e as decorrentes mudanças de hábitos de vida, ocorridas em meados do século 20, contribuíram para que as doenças cardiovasculares assumissem a posição como principal causa de mortalidade.

De acordo com o cardiologista, todos esses aspectos também impactaram principalmente a mulher moderna.

“Temos de dar atenção para a saúde da mulher e às suas diversas particularidades desde a adolescência. A doença cardiovascular é a principal causa de mortes nas mulheres, sendo a hipertensão a principal doença associada, direta ou indiretamente. A proteção hormonal perdida na menopausa aumenta risco de doenças cardiovasculares. Também por isso a prevenção antes dessa fase é fundamental, assim como o acompanhamento médico apropriado”, destacou.

Doença silenciosa 

“Em casos mais raros e extremos pode ocorrer dor de cabeça, tontura, embaçamento na visão, falta de ar. Ela é silenciosa e vai ao longo dos anos complicando os aspectos vasculares e, principalmente, contribuindo para o entupimento das artérias”, explicou o especialista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Essa realidade ressalta a importância da conscientização e da adoção de hábitos saudáveis para a promoção da saúde e o combate efetivo dessa condição que impacta a qualidade e a sobrevida dos brasileiros.

“Dos hábitos que podem impactar positivamente no tratamento da hipertensão está a alimentação. É necessário dar preferência à uma dieta equilibrada, como a mediterrânea, que é pobre em gordura animal e carnes vermelhas e com menor consumo de frituras e carboidratos. O uso comedido do sal é um aspecto importante para um melhor controle da doença”, explica o cardiologista. Bem como atividades físicas regulares, sono de qualidade e gerenciar o estresse (inclusive com práticas de meditação e espiritualidade).

Para a grande maioria dos hipertensos adultos o mais importante é um controle adequado da doença, pois não existe uma causa curável específica, buscando-se quando possível a meta de 120 por 80 mmHg. Para uma minoria dos casos (cerca de 5%) existem causas específicas relacionadas, que seu médico poderá avaliar.

Novas recomendações de aferição  

Monitorar regularmente a pressão arterial é fundamental para detectar o aumento indesejado. Dispositivos portáteis de aferição e exames regulares são importantes para acompanhar a saúde cardiovascular.

Recentemente, a SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) em sintonia com as recomendações da Sociedade Europeia de Cardiologia, destacam a importância de avaliar não apenas a pressão arterial em ambientes clínicos, mas também fora do consultório médico.

A utilização da MAPA (monitoração ambulatorial de pressão arterial) e da MRPA (monitoração residencial de pressão arterial) tem o objetivo de aumentar a precisão do diagnóstico e do resultado do tratamento.

Perspectivas

As organizações de saúde ressaltam o papel das intervenções mais básicas, entre elas, maior acesso da população ao sistema de saúde, campanhas sobre o assunto, suporte governamental com direcionamento a alimentos com menos sódio e maior acesso às medicações.

O Brasil tem a vantagem de já ter o SUS (Sistema Único de Saúde) e alguns programas em andamento. O cardiologista ressalta que é necessária uma melhor conscientização a respeito dessa doença, sendo que o diagnóstico e a regularidade do tratamento dependem de uma parceria entre o paciente, família e a equipe de saúde.

Leia Também: Por que burnout e burnon não são doenças? Especialista explica

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