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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A UNWRA, a agência da ONU para refugiados palestinos, disse nesta terça-feira (21) ter suspendido a distribuição de alimentos em Rafah, cidade no sul da Faixa de Gaza onde Israel ameaça ampliar as ofensivas terrestres em sua guerra contra o Hamas. De acordo com a organização, problemas relacionados ao abastecimento e à falta de segurança na região forçaram a paralisação das atividades.
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"Como resultado da operação militar em curso no leste de Rafah, o centro de distribuição da UNRWA e o armazém do PMA [Programa Alimentar Mundial] em Rafah estão agora inacessíveis", escreveu a agência em uma publicação nas redes sociais, sem mais detalhes.
Desde o começo do mês as tropas israelenses estão avançando sobre Rafah, em ações descritas pelas autoridades até aqui como localizadas. No último dia 10, as forças de Tel Aviv cercaram a metade leste da cidade, anteriormente considerada o último refúgio no conflito. O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu afirma que as ofensivas são necessárias para eliminar os últimos redutos do Hamas em Gaza
Em razão dos ataques, a UNRWA disse no sábado (18) que mais de 800 mil palestinos já tinham fugido de Rafah desde o último dia 6, quando Israel intensificou as ofensivas. A cidade próxima da fronteira com o Egito concentrava até o início do mês cerca de 1,5 milhão de pessoas, a imensa maioria deslocados internos de outras partes do território.
Na ocasião, o chefe da agência, Phillippe Lazzarini, escreveu na plataforma X que "uma vez mais, quase metade da população de Rafah foi forçada a fugir". Segundo ele, o destino principal dessas pessoas foram áreas próximas da cidade de Khan Yunis -muitas delas estariam se abrigando em prédios em ruínas.
Sob cerco total e em consequente crise humanitária desde o início da guerra, há sete meses, Gaza passou a sofrer com mais escassez de alimentos, água potável, medicamentos e combustível desde o começo do mês, quando Tel Aviv tomou o controle do lado palestino de Rafah, que faz fronteira com o Egito.
Dias antes, Israel havia fechado outra passagem, a de Kerem Shalom, também no sul de Gaza, em resposta a um ataque do Hamas no local. Atualmente, duas das quatro passagens do território palestino estão abertas para mantimentos pré-aprovados -a de Kerem Shalom, reaberta posteriormente, e a de Erez Ocidental, inaugurada no último domingo (12). Estão bloqueadas Rafah e Erez.
O avanço israelense em Rafah ocorre a despeito do temor manifestado por líderes globais de que a ação iria aprofundar a crise humanitária na região. Foi para a cidade no extremo sul de Gaza que centenas de milhares de palestinos fugiram após o início da ofensiva de Israel no norte do território, e era para lá que o Exército de Tel Aviv exigia que os deslocados se movessem.
Rafah vive uma crise humanitária intensa, e a ONU diz que a grande maioria da população palestina em Gaza está em insegurança alimentar, com cerca de 1 milhão de pessoas passando fome, segundo dados de março.
Desde o começo da guerra, 35,6 mil palestinos morreram em Gaza, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas. O conflito começou com o mega-atentado do Hamas em 7 de outubro que matou cerca de 1.200 pessoas em território israelense. Na semana passada, Tel Aviv afirmou à Corte Internacional de Justiça (CIJ) que há uma "guerra trágica" no território palestino, mas não um genocídio, e que acusar Israel desse crime é uma leitura distorcida do direito internacional.