Macron morde isca nuclear de Putin e testa novo míssil

Um caça Rafale fez o primeiro teste do ASMPA-R, a versão mais recente de um míssil de cruzeiro supersônico ar-terra em operação desde 1986

© Chesnot/Getty Images

Mundo França 23/05/24 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente francês, Emmanuel Macron, mordeu a isca nuclear deixada pelo rival Vladimir Putin, respondendo a exercícios russos para o emprego de armas atômicas com o lançamento de um novo modelo de míssil para ataques do mesmo tipo.

PUB

Na quarta (22), um caça Rafale fez o primeiro teste do ASMPA-R, a versão mais recente de um míssil de cruzeiro supersônico ar-terra em operação desde 1986. O disparo foi "sobre território nacional, no fim de um voo representando um ataque nuclear aéreo", afirmou em nota o ministro da Defesa francês, Sébastien Lecornu.

Na terça (21), os russos haviam iniciado um exercício militar para testar o emprego de armas nucleares táticas, para uso teoricamente limitado ao campo de batalha e menor potência. Nele, experimentou pela primeira vez uma versão nuclear do míssil hipersônico Kinjal (punhal), em operação na Guerra da Ucrânia, além de mísseis de cruzeiro e balístico.

A simulação russa foi uma resposta direta a Macron, que desde fevereiro vem defendendo que a França e outros aliados de Kiev enviem tropas para ajudar o acuado governo de Volodimir Zelenski, que está na defensiva ante renovados avanços russos.

Putin já havia criticado diretamente o francês, dizendo que ele arrisca uma guerra nuclear entre a Rússia e a Otan, aliança militar liderada por Washington da qual Paris faz parte. Além disso, segundo nota do Ministério da Defesa russo, o exercício era uma resposta às sugestões dos EUA e do Reino Unido de que suas armas podem ser usadas pelos ucranianos contra território russo.

Essa é uma linha vermelha que ainda não foi testada, muito pelo uso da ameaça nuclear por Putin desde o começo da guerra. Nesta quinta (23), o vice-chanceler russo Serguei Riabkov voltou a dizer que alvos britânicos serão alvejados caso algum míssil doado por Londres a Kiev caia na Rússia.

A animosidade é maior, contudo, com os franceses. Macron, conhecido por sua ambição de tornar-se a referência da União Europeia e buscando uma posição mais aguerrida na questão ucraniana do que a dos EUA e da Alemanha, chegou a publicar fotos sugerindo chamar Putin para um ringue de boxe.

O francês não parece ter assimilado a humilhação imposta pelo russo nas vésperas da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, quando foi a Moscou buscar uma solução para a crise e saiu com a foto em que aparecia no canto de uma mesa de 5 metros com Putin, em pose imperial, no outro extremo.

Lecornu disse, no X (ex-Twitter), que a operação foi planejada "há muito tempo", mas não há coincidência aqui. O teste visa manter "a credibilidade do elemento aerotransportado da dissuasão nuclear" da França, afirmou.

Não houve emprego de ogiva nuclear real, nem na França, nem na Rússia, e sim modelos que simulam as característica da arma, como peso e desenho aerodinâmico.

O míssil francês foi desenhado pelo consórcio europeu MBDA, que une fabricantes da França, Reino Unido e Itália, para substituir uma geração anterior transportada pelos caças Mirage-2000N, que por sua vez deram lugar ao Rafale.

Ele leva uma ogiva nuclear de até 300 quilotons, ou cerca de dez vezes o poder combinado das explosões atômicas de Hiroshima e Nagasaki, em 1945. É uma arma mais potente do que os modelos táticos usuais, de até 0,3 quiloton, servindo segundo a doutrina francesa como um tiro de advertência antes do lançamento de ogivas estratégicas, aquelas que visam ganhar guerras, de submarinos.

Apesar da retórica, as forças nucleares francesas não fazem frente à russas num hipotético embate só entre os dois países. Paris tem 290 ogivas, a maioria para uso nos quatro submarinos de propulsão nuclear da classe Triomphant.

Já Moscou tem um inventário de 5.580 armas, incluindo aí 1.200 que foram aposentadas, mas não desmontadas, segundo a referencial Federação dos Cientistas Americanos. Dessas, a entidade estima em 1.558 o número de bombas táticas, como as que seriam usadas em combate na simulação ocorrida nesta semana.

O restante é de ogivas estratégicas lançadas de silos, lançadores móveis, submarinos ou bombardeiros. Por tratado ora suspenso com a outra potência nuclear de seu tamanho, os EUA, a Rússia tem 1.710 delas prontas para disparo a qualquer momento, enquanto os americanos têm 1.670.

Ambos os rivais da antiga Guerra Fria dominam cerca de 90% do arsenal nuclear do mundo, com a China (500 ogivas na mais recente estimativa) em terceiro lugar, a França, em quarto, e o Reino Unido (225 bombas), em quinto. As outras potências são Índia (170), Paquistão (170), Israel (90) e Coreia do Norte (50).

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

mundo Cazaquistão Há 20 Horas

Avião com 72 pessoas a bordo cai no Cazaquistão; há sobreviventes

fama Justiça Há 15 Horas

Ex-bailarina do Faustão tem habeas corpus negado e vai passar o fim de ano na prisão

esporte Prisão Há 21 Horas

Por que Robinho não teve direito à 'saidinha' e vai passar Natal preso

fama Festas Há 20 Horas

Cachorro de Anitta some na noite de Natal: 'ainda vai me matar do coração'

fama Saúde Há 13 Horas

Filho de Faustão fala sobre a saúde do pai após transplantes

fama Televisão Há 19 Horas

SBT desiste de contratar Pablo Marçal e terá Cariúcha em novo Casos de Família

fama Música Há 21 Horas

Hit natalino de Mariah Carey entra na 17ª semana em primeiro na Billboard

economia Consumos Há 20 Horas

Saiba como evitar o aumento da conta de luz durante o verão

politica STF Há 20 Horas

Moraes diz que Daniel Silveira mentiu ao usar hospital como álibi e mantém prisão

justica Investigação Há 19 Horas

Duas pessoas morrem e três estão internadas após comerem bolo em Torres (RS)