PM de SP mata suposto chefe do PCC ligado à escola de samba Vai-Vai

Conforme o governo paulista, Oliveira teria uma função no PCC conhecida como resumo, responsável pelo compartilhamento de informações da cúpula com o restante do grupo.

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Justiça POLÍCIA-SP 24/05/24 POR Folhapress

ROGÉRIO PAGNANSÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Policiais militares de São Paulo mataram na madrugada de quarta-feira (22), na zona sul da capital, dois homens considerados pela polícia integrantes do PCC em uma suposta troca de tiros. Um dos mortos, Márcio Silva de Oliveira, 40, o Fatioli, é apontado pelas polícias como um dos principais chefes do grupo em liberdade.

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Conforme o governo paulista, Oliveira teria uma função no PCC conhecida como resumo, responsável pelo compartilhamento de informações da cúpula com o restante do grupo.

Horas após as mortes, integrantes da escola de samba Vai-Vai postaram nas redes sociais homenagens à dupla morta. "É com profundo pesar que comunicamos o falecimento do Márcio. Vai-Vai e Bixiga de corpo, alma e coração. Obrigado por tudo o que fez pela nossa escola. Que Deus o receba em bom lugar e conforte o coração dos seus familiares e amigos", diz um dos textos postados.

Conforme integrantes da agremiação ouvidos pela reportagem, a homenagem teria partido da própria escola em seu Instagram oficial. Após reação negativa entre integrantes da agremiação, a postagem foi apagada.Procurada, a escola não negou ter feito a publicação. Refutou, contudo, que

Márcio fosse diretor da agremiação. "Não há homenagem nas redes da escola. Ambos os rapazes mortos eram frequentadores do Vai-Vai. [...] Apenas frequentavam ensaios", informou a Vai-Vai em nota.

A escola também negou ter recebido ajuda financeira por parte de Oliveira, como indicaram à reportagem pessoas ligadas à agremiação. "Nunca."Reportagem publicada pela Folha de S.Paulo revelou, em dezembro passado, que investigação da Polícia Civil de São Paulo apontava a Vai-Vai, uma das mais tradicionais escolas de samba de São Paulo e dona de 15 títulos do Carnaval, como um reduto da facção criminosa PCC.

A informação estava em documentos integrantes de um processo de lavagem de dinheiro que corre em segredo na Justiça de São Paulo e tem entre os alvos o então diretor financeiro e conselheiro da agremiação, Luiz Roberto Marcondes Machado de Barros, o Beto da Bela Vista.

"Escola [Vai-Vai] que BBV [Beto Bela Vista] pertence ao quadro diretivo e sabidamente é reduto da mencionada facção criminosa [PCC], tendo, inclusive, procedendo há algum tempo a expulsão de alguns componentes que eram policiais justamente por este motivo", diz trecho do documento.A escola e Barros sempre negaram ligação com a facção criminosa.

A Vai-Vai diz que Beto Bela Vista integra o conselho e foi diretor no mandato anterior, que terminou no final de 2022. "Ele é membro do conselho, foi eleito e nenhuma condenação inviabiliza sua atuação", dizia a nota.

A escola também afirma que, entre os seus quase 1.500 componentes cadastrados, há policiais em diversos segmentos, sem dizer quantos.

CONFRONTOO suposto chefe do PCC morto pela Rota na quarta teve seu primeiro registro no sistema prisional em 2003. Ele deixou a prisão em dezembro de 2020. Nesse período, chegou a ficar preso por cerca de três anos (julho de 2017 a outubro de 2020) na Penitenciária 2 de Venceslau, destinada à cúpula da facção.

Em parte desse período também esteve nessa unidade Luiz Eduardo Marcondes Machado de Barros, o Du Bela Vista, irmão de Beto. Du foi transferido para o sistema federal em janeiro de 2019 junto com Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, quando 22 chefes da facção foram transferidos pelo governo Doria.

Advogado de Luiz Eduardo, Marcio Cavicchioli, afirma que o seu cliente não tem relacionamento com a Vai-Vai nem o PCC. A Vai-vai nega ligação com Du Bela Vista.

Além de Oliveira, também foi morto no suposto confronto Lucas Rodrigues Gomes Chaves, 25, outro apontado pelo governo como integrante da facção criminosa. Conforme a versão oficial, ambos morreram após atirar contra policiais na madrugada de quarta, na avenida do Estado, no Ipiranga.

"Na tentativa de abordagem, os suspeitos reagiram e atiraram. Houve intervenção e os dois foram baleados. Os suspeitos foram socorridos, mas não resistiram", diz trecho da nota da Segurança Pública.

A polícia afirmou ter encontrado no interior do carro um fuzil, um colete balístico, uma mochila e o revólver e a pistola usados pela dupla.

O caso foi registrado como morte decorrente de intervenção policial e porte ou posse ilegal de arma de fogo de uso restrito no DHPP.

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