Às portas de novas eleições, Espanha tenta formação de governo

O "Pacto do Prado" foi apresentado ao rei Felipe 6º pelo líder do Compromisso, partido político regional de Valência que tem apenas 4 dos 176 votos necessários no Congresso de 350 deputados

© Reuters

Mundo Pacto 26/04/16 POR Folhapress

Após mais de quatro meses de indefinição e paralisia, os partidos políticos da Espanha discutem nesta terça-feira (26) uma proposta de última hora para resolver o impasse que impede a formação de governo. O país está às portas da convocação de novas eleições gerais para 26 de junho. 

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Um programa mínimo de 30 pontos, o "Pacto do Prado", foi apresentado ao rei Felipe 6º pelo líder do Compromisso, partido político regional de Valência que tem apenas 4 dos 176 votos necessários no Congresso de 350 deputados. 

Dos 30 pontos, 27 foram aceitos pelo PSOE (social-democrata), cujo líder, Pedro Sánchez, fracassou na tentativa de se eleger no Congresso, em março, com base em um acordo previamente firmado para somar seus 90 deputados com os 40 eleitos pelo Cidadãos, partido de centro-direita. 

Entre as medidas do "Pacto do Prado", há um programa de renda mínima e a revogação da reforma trabalhista que reduziu o custo das demissões, além de ações contra a corrupção. Em sua contraproposta, o PSOE sugere um governo formado por seus próprios quadros e por "pessoas independentes" com afinidades com os demais partidos que o apoiem. Ele se comprometeria a enfrentar um voto de confiança em junho de 2018. 

A oferta foi recebida com frieza por Pablo Iglesias, líder do esquerdista Podemos, com 65 deputados, que defende um governo de coalizão onde seu partido ocupe ministérios. Uma das principais líderes do Compromisso, Mónica Oltra, vice-governadora de Valência, criticou a contraproposta. "Que o PSOE queira governar em solitário com 90 deputados é irresponsável", disparou Oltra no Twitter. 

Em entrevista coletiva no Congresso após sua reunião com o rei, Iglesias disse que lamentava a resposta do PSOE ao Compromisso e que "Sánchez disse excessivos 'nãos'" durante as negociações. 

O líder do Cidadãos, Albert Rivera, desdenhou da proposta de acordo de esquerda apresentada na última hora, da qual seu partido estaria excluído. 

"Pensar que se pode governar a Espanha com três páginas, com quatro anos por diante e seis partidos, nem sequer vamos considerar (a proposta)", disse Rivera. 

Felipe 6º ainda receberá até o fim do dia, nesta terceira rodada de conversas com líderes de 14 partidos, Sánchez e o atual primeiro-ministro, Mariano Rajoy, do PP (conservador), que exerce interinamente o cargo desde as eleições. 

Na Espanha, o rei é o chefe de Estado e tem o papel de realizar consultas aos partidos e propor ao presidente do Congresso uma candidatura ao cargo de presidente do governo (primeiro-ministro) ou a dissolução do Congresso, com a convocação de novas eleições. O PP foi o partido mais votado nas eleições de 20 de dezembro, obtendo 123 cadeiras, mas ficou longe da maioria absoluta. 

As eleições de 2015, marcadas pela fragmentação resultante do crescimento dos novos partidos, Podemos e Cidadãos, desenharam um quadro político confuso. 

Nos quatro meses passados desde então, houve uma série interminável de reuniões e tentativas de pacto, sucedidas por entrevistas transmitidas ao vivo pelas principais emissoras de TV, nas quais cada líder político tentava atribuir aos demais o fracasso dos acordos. Os espanhóis vivem assim um "dia da marmota" que pode ser prolongar por mais dois meses, até a nova eleição, na qual se espera um alto índice de abstenção. 

Em conversas com os líderes partidários nesta segunda e terça, o rei mostrou preocupação com a realização de uma campanha mais barata. As últimas eleições custaram 130 milhões de euros. 

Pesquisas de intenção de voto publicadas nos últimos dias mostram tendência à repetição, com pequenas variações, dos resultados de dezembro. 

Segundo pesquisa do instituto Metroscopia publicada pelo jornal "El País" no dia 22, o PP chegaria em primeiro, com 29% dos votos. A principal novidade seria que o Podemos poderia alcançar o segundo lugar, com 20,8%, caso conseguisse fechar aliança com Esquerda Unida. O PSOE tem 20,1% das intenções de voto e Cidadãos, 17,7%. Com informações Folhapress.

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