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O advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira é o favorito para ser ministro da Justiça de Michel Temer (PMDB). Ele criticou as delações premiadas e afirmou que a Polícia Federal deve ter outros focos além do combate à corrupção.
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Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, ele admitiu que conversou com o vice-presidente sobre a possibilidade de ocupar o cargo.
"Falamos sim, de um modo geral. Ele perguntou alguma coisa, eu disse o que achava", relatou o criminalista que é amigo de Temer. Segundo Mariz, ele aceitará se "contornar os problemas do escritório" que mantém em São Paulo, mas já fala como futuro ministro.
A publicação destaca que Mariz também é advogado do empresário Lúcio Bolonha Funaro, suspeito de ter pago despesas do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Além disso, ele foi o responsável pela defesa do ex-vice-presidente da Camargo Corrêa Eduardo Leite. O executivo contratou um novo advogado para firmar acordo de delação. Após a assinatura, Mariz deixou o cliente.
Sgeundo o advogado, não há conflitos entre sua atuação profissional e a possibilidade de ocupar a pasta responsável pela operação.
"O que eu, ministro, posso fazer com a Lava Jato? Ligar para [o juiz] Sergio Moro e dizer: 'Olha, não faça isso, não faça aquilo'? Ele me dá voz de prisão em flagrante", afirmou.
Em janeiro, Mariz foi um dos advogados que assinou manifesto crítico à operação que investiga o esquema de corrupção da Petrobras. O texto comparava a Lava Jato a "uma espécie de Inquisição" e à ditadura militar.
O criminalista ainda critica as delações. "Sou contra a delação nesses termos e, especialmente, a delação do preso. Quem está detido não tem vontade, a vontade é sair da cadeia. A lei fala efetividade e voluntariedade [do acusado]", disse.
"Na tortura, fala-se mais depressa porque a pessoa está apanhando, mas fala. Na delação, demora mais um pouco, mas acaba falando também. Não fala o Marcelo Odebrecht, que é uma coisa excepcional", comparou o advogado.
No entanto, a Folha refere que o criminalista é favorável à delação "desde que ela se adapte ao Judiciário brasileiro".
"A delação é um instituto do direito americano. De repetente está sendo aplicada no Brasil sem processo. Faz-se a delação, o Ministério Público aceita, toma [os depoimentos] por tema, a PF também faz o mesmo, o juiz homologa e acabou o processo".
Ministério
Mariz diz que, caso ocupe o Ministério da Justiça, defenderá que a PF tenha outras prioridades além do combate à corrupção.
"A PF precisa ter outros focos paralelos à corrupção. O crime organizado está tomando conta do país e as polícias estaduais não dão conta".
Segundo o advogado, a PF não deve atuar com "metralhadoras", mas usando a inteligência nas investigações.
Mariz também elogiou José Eduardo Cardozo na pasta da Justiça e disse que vai seguir seu passos em relação à PF. "Ele foi muito bem, assegurou a polícia, e é o que eu vou fazer. E depois o ministério não tem nada com a Lava Jato", destacou.