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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Principal estrela em ascensão da direita alemã e cotado para candidato a primeiro-ministro, o governador da Baviera, Markus Söder, enfrenta críticas de ONGs ambientais, da oposição e de uma fatia da imprensa pela postura contrária a medidas de enfrentamento da crise climática no momento em que boa parte de seu estado está debaixo d'água.
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As enchentes que atingem a Alemanha afetaram principalmente os estados de Baden-Württemberg e Baviera e já mataram pelo menos cinco pessoas, de acordo com a imprensa local –até esta terça-feira (4), a situação ainda era considerada grave pelos governos federal e estaduais.
Essa é a quarta inundação de grandes proporções a atingir a Alemanha em 2024. Antes, fortes chuvas também causaram destruição na Baixa Saxônia, na Saxônia-Anhalt, e no Sarre e Renânia-Palatinado.
Em um pronunciamento à imprensa nesta segunda-feira (3) ao lado do primeiro-ministro Olaf Scholz, Söder, 57, disse que "aconteceram eventos [climáticos] que não aconteciam antes, e ninguém podia prever isso".
O grupo ativista de esquerda Union Watch foi ao X para acusar o governador de tentar "se livrar da responsabilidade" pela tragédia. "Especialistas alertam há anos que catástrofes como essa vão se tornar mais frequentes. A crise climática não virou assunto importante ontem, é discutida há décadas."
O Greenpeace Alemanha também criticou o governo da Baviera, comandado por Söder desde 2018, por não investir em proteção contra enchentes. De acordo com a ONG, um plano do governo de construir mais pôlderes, áreas alagáveis capazes de absorver inundações, foi cancelado e depois retomado, e só uma das nove estruturas anunciadas em 2018 de fato foi concluída até aqui.
Membro do partido de centro-direita CSU (União Social Cristã), que é a filial bávara da CDU, partido da ex-primeira-ministra Angela Merkel, Söder não nega a existência das mudanças climáticas, mas é contra, entre outras medidas, a lei da União Europeia que vai banir a fabricação de carros que utilizem combustíveis fósseis até 2035.
O governador também diz que é preciso combater a crise "com responsabilidade" –voltando a investir, por exemplo, em energia nuclear, indo em direção contrária ao que recomenda a maioria dos ambientalistas e revertendo a decisão histórica do país de abrir mão de operar reatores em seu território tomada depois do desastre de Fukushima, no Japão.
Críticos e jornalistas apontam que Söder busca dessa forma se aproximar do eleitor mais conservador, que se ressente da retórica do Partido Verde, que governa o país como parte da coalizão de Scholz, de que é preciso abrir mão de carros e da energia barata das usinas termelétricas a carvão.
A Baviera é a maior unidade da federação do país em área e a segunda maior em população e força econômica –o PIB do estado, de cerca de US$ 700 bilhões em 2022, supera o de países como Argentina e Suécia.
Por essa razão, e pelo fato de que Söder lidera o CSU, quarto maior partido do país, e conta com alta popularidade em seu estado, o governador é frequentemente cotado como nome da centro-direita para disputar as próximas eleições gerais, em 2025, como candidato a primeiro-ministro. Ele próprio não descarta a hipótese, apesar de o presidente nacional da CDU, Friedrich Merz, também ser considerado nome forte para a candidatura.
Pesa a seu favor ainda o fato de que conseguiu manter a centro-direita como partido mais forte de seu estado em um momento em que esse campo político perde terreno em todo o país para a sigla de extrema direita AfD (Alternativa para a Alemanha). O CSU é dominante na política da Baviera e não perde uma eleição lá desde 1958.