Bukele chama gangues de satânicas e diz que apaziguar El Salvador foi um milagre

Segundo Bukele, as organizações criminosas matavam "qualquer pessoa para gerar terror"

© Getty Images

Mundo El Salvador 07/06/24 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente Nayib Bukele descreveu as gangues de El Salvador como satânicas e disse que sua gestão apaziguou a violência no país, o que, segundo ele, pode ser considerado um milagre. Referência para setores da direita em vários países, o líder de fato desarticulou facções, mas ao mesmo tempo é criticado por eliminar contrapesos da democracia e por ter lançado operações de encarceramento em massa.

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"À medida que cresciam, as organizações [criminosas] se tornavam satânicas e passaram a fazer rituais satânicos", disse ele em entrevista ao ex-apresentador conservador da Fox News Tucker Carlson. Bukele se referia ao combate das autoridades contra as gangues Mara Salvatrucha (MS-13) e Barrio 18.

Bukele disse que bastaram poucas semanas para El Salvador se transformar depois que seu governo fortaleceu a polícia e duplicou o contingente do Exército. O suposto êxito contra as gangues, porém, teria sido resultado de um milagre. "Estamos mais seguros do que qualquer outro país do hemisfério Ocidental e, se eu tivesse dito isso antes, teriam me chamado de louco. Este era o país mais perigoso do mundo."

Em 2015, um dos anos mais violentos da história recente de El Salvador, mais de 106 pessoas foram assassinadas para cada 100 mil habitantes. A título de comparação, no mesmo ano, a taxa de homicídios dolosos no Brasil foi de 25,7 por 100 mil, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

O ponto de virada, segundo Bukele, ocorreu em março de 2022, quando criminosos assassinaram 87 pessoas em três dias, números descritos pelo líder como "uma loucura" para um país de 6 milhões de habitantes. Após os crimes, ele pediu ao Congresso que decretasse um regime de exceção -a medida vigora há 27 meses, período no qual mais de 80 mil supostos membros de gangues foram detidos.

O regime de exceção possibilita prisões sem ordem judicial e é criticado por organizações humanitárias, que alertam para a detenção de milhares de pessoas inocentes. Hoje, o país tem mais de 100 mil presos.

Segundo Bukele, as organizações criminosas matavam "qualquer pessoa para gerar terror". A despeito das críticas, ele disse que o Estado "não tem intenção de atacar ninguém além dos membros das gangues", que hoje estariam presentes também em outros países, como Itália, Guatemala, Honduras e EUA.

Além de violações dos direitos humanos, Bukele é criticado por eliminar contrapesos da democracia em seu país. Em abril,o Legislativo do país aprovou a modificação de uma norma constitucional que estipulava que toda emenda deveria ser ratificada pela próxima legislatura para entrar em vigor. Agora, uma mudança na Constituição pode ser aprovada e ratificada pelo mesmo grupo de deputados.

Segundo o jornal El Faro -o maior do país, que se mudou em 2023 para a Costa Rica em meio a ataques e intimidação- apoiadores e correligionários de Bukele já falam na aprovação de emenda que garanta a possibilidade de reeleição indefinida para o cargo de presidente. Em tese, a Constituição do país hoje veta a recondução, o que não impediu Bukele de se candidatar e vencer o pleito em fevereiro passado.

Questionado por Tuckson sobre qual conselho daria a um ex-presidente em busca da reeleição e que pode enfrentar uma condenação criminal, caso de Donald Trump, Bukele disse que se não houver como impedir a candidatura, tudo o que for feito "lhe dará mais votos".

Trump se tornou na quinta (30) o primeiro ex-presidente condenado pela Justiça em uma ação criminal na história dos EUA. O júri avaliou que o empresário é culpado nas 34 acusações de falsificação de registros empresariais para encobrir pagamentos à atriz pornô Stormy Daniels e, assim, evitar que ela divulgasse supostamente ter mantido relações sexuais com ele às vésperas da eleição de 2016.

Apesar de toda a restrição aos direitos civis, a gestão Bukele virou um modelo para parte da direita no continente, incluindo o Brasil. O MBL (Movimento Brasil Livre), por exemplo, enviou dois de seus integrantes para acompanhar a eleição em El Salvador, em fevereiro.

Antes disso, em dezembro, uma comitiva de cinco parlamentares liderada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foi para El Salvador em uma viagem que custou R$ 96.068,01 aos cofres públicos.

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