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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, reagiu nesta segunda-feira (10) à decisão do presidente da França, Emmanuel Macron, de dissolver o Parlamento após a ultradireita avançar nas eleições legislativas da União Europeia.
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A medida, tomada pouco antes dos Jogos Olímpicos na capital francesa, é "extremamente preocupante", afirmou a socialista durante visita a uma escola ao lado do presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), Thomas Bach. Ela afirmou, porém, que "nada vai estragar" o evento esportivo.
Questionada se poderia "receber o mundo" com um possível primeiro-ministro de ultradireita, Hidalgo, que se disse surpresa com o anúncio de Macron, afirmou que receberá o mundo "como prefeita de Paris".
Tal cenário tornou-se uma possibilidade após o bom desempenho do partido Reunião Nacional (RN), liderado pela ultradireitista Marine Le Pen, nas eleições para o Parlamento Europeu. Segundo projeções, a sigla cresceu mais de oito pontos percentuais em relação ao último pleito do bloco e obteve 31,5% dos votos, mais que o dobro da aliança de Macron, que ficou com 14,5%.
Segundo o jornal Le Monde, o percentual do RN, que poderá ficar com 30 das 81 vagas da França no Legislativo, foi o melhor resultado de um partido francês nas eleições europeias em 40 anos.
Diante do resultado, Macron dissolveu o Parlamento da França e convocou eleições para os dias 30 de junho e 7 de julho -cerca de 20 dias antes do início das Olimpíadas. "Tenho confiança na capacidade do povo francês de fazer a escolha mais justa para si e para as gerações futuras", afirmou Macron na rede social X na manhã desta segunda.
Apesar dos temores, Bach afirmou que as eleições são "um processo democrático que não vão atrapalhar" o evento. "Vemos uma grande unidade a favor dos Jogos de Paris", afirmou o presidente do COI. "A França está acostumada a realizar eleições e elas serão realizadas novamente. Haverá um novo governo e um novo Parlamento e todos apoiarão os Jogos."
Assim como Bach, o presidente do Comitê Organizador de Paris-2024, Tony Estanguet, também estava na visita à escola desta segunda. "Já tivemos que enfrentar adaptações que foram difíceis, uma dezena de eleições desde a criação do comitê de candidatura e sempre soubemos trabalhar com atores públicos. Estamos na última fase (...), todas as principais decisões já foram tomadas", afirmou ele.
No mercado, porém, a decisão já repercutiu -na manhã desta segunda, o euro operava em queda enquanto a Bolsa de Paris caía em um cenário de venda generalizada na Europa em reação ao anúncio de Macron.
"As notícias da França causaram um fator de risco em torno dos ativos europeus", disse o diretor de investimentos da BlueBay Asset Management, Mark Dowding. "Pode oscilar um pouco mais, mas precisamos lembrar que essa é uma eleição parlamentar, não uma eleição presidencial na França."
A Alemanha, que viu o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) superar uma série de escândalos e ficar em segundo lugar nas eleições europeias, não está considerando uma eleição antecipada. "Em nenhum momento houve qualquer indicação de que novas eleições ocorreriam", disse um porta-voz do governo.
O presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, porém, manifestou-se sobre os resultados. "Precisamente no dia seguinte às eleições europeias, digo: nunca esqueçamos os danos causados na Europa pelo nacionalismo e pelo ódio", afirmou o político ao lado de Macron durante uma cerimônia em Oradour-sur-Glane, cidade francesa arrasada pela Alemanha nazista.
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