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"Quando olhamos no curto prazo, ele está subindo um pouco, então precisamos entender, endereçar isso", disse o presidente do BC, em um webinar organizado pela Constellation Asset.
O BC estima que a taxa real neutra de juros do Brasil seja de 4,5% ao ano, mas espera-se que possa haver uma revisão desse número no relatório Trimestral de Inflação (RTI) que será publicado no dia 27. Economistas do mercado falam em um juro neutro de 5% até 6%.
Campos Neto disse que o juro real do Brasil é, hoje, bem mais próximo dos pares do que dez anos atrás. Ele lembrou que as reformas aprovadas nos últimos anos não foram revertidas, o que pode ter ajudado a reduzir a taxa. "As pessoas falam do fato de que o juro das NTN-B está em 6,2%, mas, um tempo atrás, ele ficou por um bom tempo entre 12% e 13%", disse. "Quando você coloca as coisas em perspectiva, olha em um prazo maior, as coisas no geral estão convergindo."
Expectativas
O presidente do Banco Central afirmou também que a mudança da classificação das expectativas de inflação de "reacoragem parcial" para "desancoradas" foi um dos pontos para a redução do ritmo de cortes da taxa Selic.
Apesar da conjuntura de desancoragem das expectativas, o banqueiro central frisou que os números recentes de inflação vieram um pouco melhores na margem, e com o cenário de inflação subjacente próximo ao imaginado. "Especialmente a inflação de serviços relacionada a áreas de trabalho intensivo", detalhou.
A autoridade monetária, disse, está fazendo um trabalho detalhado de observar os comportamento de serviços para verificar se está ocorrendo uma correlação entre a intensidade do mercado de trabalho e os preços, mas por enquanto isso não foi verificado. Campos Neto, porém, salientou que o mercado de trabalho está muito apertado.
Harmonização da política fiscal e monetária
O presidente do Banco Central disse também que a dúvida sobre a capacidade de harmonizar as políticas monetária e fiscal no Brasil é o principal risco percebido no País no curto prazo. No longo prazo, ele mencionou a dificuldade de aumentar a produtividade.
"A maior percepção de risco no Brasil está relacionada à capacidade de chegar a um sistema em que haja harmonias na políticas fiscal e monetária, é nisso que as pessoas se concentram no curto prazo", comentou Campos Neto.
No longo prazo, ele mencionou uma dificuldade de aumentar a produtividade do País. "Nós focamos muito no curto prazo", afirmou.
Ele avaliou o que o desemprego baixo do Brasil pode ser consequência dos efeitos da reforma trabalhista.
Campos Neto defendeu que medidas de tecnologia, a exemplo do Pix, podem aumentar a produtividade.
Produtividade e consumo
O presidente do Banco Centra afirmou ainda que se o consumo das famílias continuar a subir sem estar acompanhado por ganho de produtividade, em algum momento haverá impacto sobre a inflação.
O banqueiro central ponderou que a dinâmica do mercado de trabalho atual explica por que o crescimento verificado na atividade econômica está tão atrelado ao consumo das famílias.
Campos Neto reafirmou, no entanto, que, embora o desemprego esteja muito baixo no País, até agora ainda não houve impacto do mercado de trabalho sobre a inflação de serviços.
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