© Chesnot/Getty Images
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente da França, Emmanuel Macron, recuou e anunciou nesta quarta-feira (12) que suspendeu uma reforma eleitoral planejada no território ultramarino da Nova Caledônia, na Oceania, depois de a proposta desencadear uma onda de protestos no arquipélago no mês passado, deixando mortos e feridos.
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"O projeto constitucional sobre o eleitorado na Nova Caledônia foi suspenso", disse Macron a jornalistas.
As manifestações começaram em 14 de maio, logo após a Assembleia Nacional da França aprovar uma emenda constitucional alterando a legislação eleitoral da Nova Caledônia. O texto ainda passaria por uma sessão conjunta do Parlamento.
Uma série de manifestações turbulentas tomaram conta da região, as piores desde a década de 1980. Para controlar a situação, Macron chegou a enviar mais de mil agentes de segurança para o território.
Hoje, apenas eleitores registrados em 1998 e seus descendentes podem participar dos pleitos regionais. Os deputados franceses querem estender esse direito a qualquer um que more na ilha há pelo menos uma década, o que Paris diz ser necessário para aprimorar a democracia local. Um quarto dos moradores se identifica como europeu, a maioria de franceses.
Mas líderes da comunidade indígena kanak -que compõe cerca de 40% da população e vive no arquipélago desde antes da sua colonização pela França, em meados do século 19- contestam a mudança e afirmam que a expansão do direito a voto reduzirá a sua influência sobre as instituições locais.Para os kanaks, a reforma tornaria mais difícil a aprovação de qualquer futuro referendo sobre independência.
A insatisfação com os legisladores europeus levou a uma onda de protestos marcada por confrontos entre os manifestantes e as forças de segurança, ataques a edifícios e tiroteios.
Macron esteve na Nova Caledônia em 23 de maio para tentar aplacar a tensão e afirmou que o reforço na segurança seria mantido até quando fosse necessário.
Partidos políticos pró-independência disseram que estavam abertos a negociar assim que o governo francês engavetar a reforma eleitoral.