Lula se reúne com ministros de conselho orçamentário em meio a pressão por revisão de gastos

O colegiado é formado por Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento), Esther Dweck (Gestão) e Rui Costa (Casa Civil)

© Getty

Economia Lula 17/06/24 POR Estadao Conteudo

A revisão de gastos públicos, em debate dentro da equipe econômica após a escalada da incerteza fiscal e a alta do dólar, deve ter o seu primeiro teste político nesta semana. Logo na segunda-feira de manhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reunirá com os ministros que compõem a Junta de Execução Orçamentária (JEO), e a expectativa é de que o assunto esteja na mesa de discussão.

PUB

O colegiado é formado por Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento), Esther Dweck (Gestão) e Rui Costa (Casa Civil). Antes de embarcar na semana passada para a Itália, onde participou da reunião do G7, o grupo dos países mais ricos do mundo, Lula solicitou a Costa que agendasse esse encontro do órgão orçamentário.

 

Durante a viagem, o petista admitiu, em uma mudança de tom, a possibilidade de rever despesas públicas desde que o ajuste não recaísse sobre os mais pobres. "Tudo aquilo que a gente detectar que é gasto desnecessário, não tem que fazer", disse o presidente.

 

Nas falas anteriores, que fizeram o dólar disparar ante o real, Lula havia insistido na fórmula de equilíbrio fiscal via aumento da arrecadação e queda da taxa básica de juros da economia, a Selic, atualmente em 10,5% ao ano.

 

A agenda arrecadatória, no entanto, dá claros sinais de esgotamento no Congresso após a devolução da medida provisória que limitava o uso de créditos de Pis/Cofins por parte de empresas e indústrias - a mais dura derrota de Haddad até agora.

 

Além disso, há dúvidas se o Banco Central seguirá reduzindo a Selic em meio ao aumento da perspectiva de inflação e à valorização do câmbio. A expectativa para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC nesta semana, inclusive, é de manutenção da Selic.

A revisão de despesas, portanto, parece se impor, mas dependerá, primeiro, do aval de Lula e, depois, da disposição dos parlamentares, inclusive do PT, de aprová-la na Câmara e no Senado. Tanto o Executivo como o Legislativo estão de olho na eleição municipal e não devem abraçar medidas impopulares - pelo menos não até outubro.

Interlocutores do governo ouvidos pelo Estadão avaliam que serão eleições "muito difíceis" e que o caminho seria "fazer o possível agora", para dar algum tipo de sinalização aos agentes financeiros, e deixar o mais impopular para depois da disputa. O temor é de que a "culpa" por um eventual desempenho aquém do esperado no pleito local recaia sobre as decisões econômicas.

Nesse escopo do "possível", as fontes listam a possibilidade de um contingenciamento (bloqueio temporário) maior de gastos no próximo relatório bimestral de receitas e despesas, previsto para julho. O objetivo seria sinalizar comprometimento com o centro da meta fiscal de 2024, que prevê déficit zero.

Também estariam nessa lista a publicação do decreto de meta de inflação contínua ainda no mês de junho, como prometido por Haddad, e medidas de revisão e melhoria de políticas públicas que não envolvessem desvinculação de benefícios hoje atrelados ao salário mínimo nem mudanças nos pisos de educação e saúde.

Lula quer blindar pisos da educação e saúde

Durante coletiva de imprensa na Itália, Lula deixou claro que não quer mexer nesses pisos constitucionais, que são indexados ao desempenho da receita e, com isso, crescem acima do limite do arcabouço fiscal.

O temor dos economistas é que essas despesas acabem comprimindo os demais gastos, gerando um "apagão" da máquina pública nos próximos anos e inviabilizando o próprio arcabouço.

Como mostrou o Estadão, o time de Haddad chegou a cogitar a criação de um limite de crescimento real (acima da inflação) de 2,5% - o mesmo do arcabouço - para essas despesas. Mas o presidente, ao menos por enquanto, sinaliza que esse é um debate ao qual não está inclinado.

"Achar que nós temos que piorar a saúde e a educação para melhorar, isso é feito há 500 anos no Brasil. Há 500 anos o povo brasileiro não participava do Orçamento", disse Lula, em conversa com jornalistas no sábado, 15, ainda na Itália.

Ao jornal O Globo, a ministra Simone Tebet reforçou, na última quarta-feira, que todas as opções estão na mesa para serem discutidas com o presidente e a ala política do governo, a não ser a regra de valorização real do salário mínimo e a desvinculação da aposentadoria.

O foco, portanto, nesse seara de desvinculações, seria em benefícios como BPC (Benefício de Prestação Continuada), abono salarial, seguro-desemprego e auxílio-doença. Os pagamento temporários, indicou a ministra, encabeçam a lista de debates.

A Previdência dos militares também está na pauta de discussão, afirmou Tebet. Como mostrou o Estadão, o regime de aposentadorias e pensões das Forças Armadas foi alvo de relatório recente do Tribunal de Contas da União (TCU). O órgão destacou que o sistema arrecadou R$ 9,1 bilhões no ano passado, mas as despesas totalizaram R$ 58,8 bilhões, resultando em um déficit de R$ 49,7 bilhões.

Leia Também: Caixa começa a pagar Bolsa Família de junho

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

mundo Israel/Hamas Há 18 Horas

Mulher de líder do Hamas é flagrada em túnel com bolsa de grife; veja

fama Tchan Há 19 Horas

Morre Graciane Azevedo, participante do concurso da "morena do Tchan"

mundo Elon Musk Há 18 Horas

Musk promete dar um milhão por dia a quem assinar a sua petição

brasil Correia Pinto Há 19 Horas

Sinais vitais interrompem velório e bebê volta ao hospital em SC

politica Lula Há 19 Horas

Queda e pontos na cabeça: saiba o que aconteceu com o presidente Lula

brasil Paraná Há 14 Horas

Acidente com equipe de remo de atletas adolescentes deixa 9 mortos no Paraná

mundo Israel/Palestina Há 15 Horas

Sobrevivente de ataque em Israel é encontrada morta no dia do aniversário

fama Andrew Garfield,Mel Gibson Há 17 Horas

Andrew Garfield pede outra chance para Mel Gibson: "Ele é incrível"

mundo Austrália Há 18 Horas

Disputa judicial deixa corpo de mulher em câmara frigorífica por 4 anos

fama ANTÔNIO-FAGUNDES Há 15 Horas

Bruno Fagundes, filho de Antonio Fagundes, confirma fim de namoro com Igor Fernandez