Lil Nas X conta como foi de 'amável caubói' a 'gay satânico e controverso'

Um retrato da turnê "Montero", o filme acompanha a estrela da música pop americana lidando com a fama, os shows e o impacto de sua arte provocativa na sociedade. Mostra também sua relação complexa com a família, a primeira instância conservadora com a qual o rapper, que é gay, teve de lidar.

© <p>Getty Images</p>

Fama DOCUMENTÁRIO-LANÇA 23/06/24 POR Folhapress

LUCAS BRÊDASÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - "Um dos homofóbicos era bem gostoso", diz Lil Nas X no documentário "Long Live Montero", que chega às plataformas digitais no dia 4 de julho. O cantor foi ao encontro de um grupo de fanáticos religiosos protestando do lado de fora de um de seus shows.

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Um retrato da turnê "Montero", o filme acompanha a estrela da música pop americana lidando com a fama, os shows e o impacto de sua arte provocativa na sociedade. Mostra também sua relação complexa com a família, a primeira instância conservadora com a qual o rapper, que é gay, teve de lidar.

Lil Nas X despontou em 2019, quando tinha 20 anos e lançou "Old Town Road", uma bem-humorada incursão pelo country com uma batida de trap e um sample do Nine Inch Nails. Feita de maneira caseira, por um então anônimo, a canção de refrão chiclete bateu o recorde de mais tempo no topo do ranking de mais ouvidas nos Estados Unidos.

Dois anos depois, ele entrou na mira dos conservadores com o clipe de "Montero (Call Me By Your Name)", em que rebola para o Diabo e celebra pessoas LGBTQIA+ em sua versão fabulosa do inferno e do paraíso. Foi, em suas palavras, de "caubói amável e amigável" a "gay controverso e satânico" na percepção das pessoas.

"É a percepção das pessoas", ele diz à Folha. "Tem gente que genuinamente me vê desse jeito. Não chega a ser algo muito maluco na vida real, tirando as pessoas que vêm até mim dizer 'Deus te ama' ou 'não mexa com Deus'."

Um provocador desbocado nas redes sociais, e conhecido como o rei dos memes, Lil Nas X é retratado como uma pessoa de carne e osso no filme. Em certa altura do documentário, sobe ao palco para dizer à plateia que vai atrasar a apresentação porque havia acabado de vomitar no camarim.

De certa forma, a turnê "Montero", sua primeira grande excursão, representa um momento de conexão de Lil Nas X com o mundo real. Isso significa lidar com haters humanos, não só arrobas numa rede social.

"Acho que quando você já está tendo episódios de surto mental –seja depressão ou algo ruim–, sua mente procura tudo de negativo que disseram sobre você, diz que isso está certo e joga contra você –mesmo que você não acredite nelas", diz. "É como me senti."

Em um dos shows retratados em "Long Live Montero", Lil Nas X encontra Madonna no camarim. Não há muita interação entre eles nas câmeras, mas é interessante notar a conexão entre artistas de gerações diferentes que exploram temáticas LGBT+ em sua obra e são alvos de católicos e conservadores.

Ele afirma que lida com a sexualidade através da arte. "Penso nisso de maneira não intencional quando me vejo compondo."

Dá como exemplo a criação de "Montero (Call Me By Your Name)". "A primeira vez que escrevi sobre um cara e sobre cavalgar um cara, coisas diferentes assim, senti uma ansiedade tomando conta de mim. Cantar essas coisas no estúdio, ou perto de pessoas que me conhecem, foi tipo, 'espera lá, não estou confortável com isso ainda'. Lançar isso no mundo foi como se libertar de correntes."

O documentário mostra como essas tensões têm origem na infância de Lil Nas X, em Atlanta. Sua relação com a família é fundamental para entender sua arte –e talvez seja o ponto alto do filme.

O rapper diz em "Long Live Montero" que, aos 16 anos, parou de acreditar no cristianismo. Conta que sua família é bastante católica e que seu pai foi a primeira pessoa para quem ele saiu do armário, mas suas "experiências com rapazes" sempre foram "elefantes na sala".

"Meu pai diz que posso contar essas coisas, mas continua sendo uma luta botar isso para fora", ele afirma no filme. "Amo meu pai até a morte, mas me sinto desconectado dele."

Lil Nas X também diz que tudo que ele faz é para "chacoalhar o jeito que minha família e o mundo em geral enxergam essas coisas". Admite ainda, no filme, que é muito mais fácil se expressar com o corpo na gravação de um clipe do que na frente da família.

"Acho que tenho essa natureza rebelde que às vezes não consigo entender direito", diz à reportagem. "Minha família me ver fazendo tudo isso para o mundo todo meio que mudou a percepção deles de mim, de ser um cara recluso."

Hoje, é difícil imaginar Lil Nas X como um recluso, dado o despudor que ele apresenta no palco ou nas redes sociais. Mas, antes do sucesso, o rapper de 25 anos se abria basicamente na internet.

"A turnê me ajudou a entender o apoio que tenho para além das conexões na internet", diz. "Ver como as pessoas de verdade, não números ou estatísticas, reagem a mim foi tipo, 'caramba, você realmente existe e me apoia'. Esses dias, quando fiz check-in num hotel, tinha um cara dizendo que me amava. Pensei, 'meu Deus, você me vê como uma pessoa real, e não uma persona da internet."

O documentário ainda mostra como Lil Nas X buscou referências de artistas negros e queer do passado –como Little Richard, o pioneiro libertino do rock americano– para entender que não estava sozinho nesse universo.

A passagem pelo Brasil, quando cantou no Lollapalooza do ano passado, e conheceu Pabllo Vittar, também foi marcante para Lil Nas X. O cantor conta que se apaixonou pela energia dos brasileiros.

"Acho que Brasil e Argentina foram meus lugares favoritos da turnê", afirma. "Me apaixonei pelo jeito que vocês não estão nem aí e só querem amar qualquer coisa que vocês amam e fazem isso de um jeito barulhento e celebrativo. O pandemônio que vocês fazem por essas coisas, isso é humano. E eu amo."

Três anos depois de seu primeiro e mais recente álbum, e de rodar o mundo com shows solo ou encabeçando grandes festivais americanos e europeus, ele se prepara para dar o próximo passo da carreira. Lançou um single em que imita Jesus Cristo crucificado e indicou que sua próxima fase deve ser cristã.Lil Nas X diz que sabe das armadilhas de um mundo pop em que ascensão e queda muitas vezes acontecem com a mesma velocidade e intensidade. "É preciso encontrar o que você pode trazer para o mundo sem se vender ou abrir mão do que você acredita", diz. "E não quero que as mesmas ideias que me levaram ao último lugar me levem ao próximo."

LIL NAS X: LONG LIVE MONTEROQuando: 4 de julhoOnde: Disponível para aluguel e compra nas plataformas Amazon Prime Video, Claro, Google Play, Apple TV+ e VubiquityClassificação: Não divulgadaElenco: Lil Nas XProdução: Estados Unidos, 2023Direção: Carlos Lopez Estrada e Zac Manueldocume

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