Lira surpreende Tebet e tira do governo secretário de Orçamento

Um ofício assinado por Lira enviado à pasta comandada por Simone Tebet suspendeu a cessão de Bijos e determinou o seu retorno às atividades na Conof a partir de 26 de junho. O Estadão apurou que ele participou de sua última reunião no Planejamento no dia 25 e, na data seguinte, já passou a ir presencialmente à Conof.

© Getty

Economia Orçamento de 2025 08/07/24 POR Estadao Conteudo

Às vésperas do envio do Orçamento de 2025 ao Congresso, o secretário de Orçamento Federal, Paulo Bijos, deixou o cargo que ocupa no Ministério do Planejamento. Bijos, servidor da Câmara cedido ao Executivo, foi convocado pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), a retornar ao seu posto na Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira (Conof).

PUB

Um ofício assinado por Lira enviado à pasta comandada por Simone Tebet suspendeu a cessão de Bijos e determinou o seu retorno às atividades na Conof a partir de 26 de junho. O Estadão apurou que ele participou de sua última reunião no Planejamento no dia 25 e, na data seguinte, já passou a ir presencialmente à Conof.

A renomeação de Bijos foi publicada no Diário Oficial da União de 28 de junho e em boletim administrativo da Câmara de 3 de julho. A sua exoneração do ministério será publicada nesta segunda-feira, dia 8, informou o Ministério do Planejamento e Orçamento após a publicação da reportagem.

Em nota, a pasta afirma que Bijos "concluiu seu período no cargo no último dia 26 de junho para priorizar projetos pessoais" e que a exoneração foi "a pedido".

SURPRESA

Interlocutores ouvidos pelo Estadão afirmam que o ofício de Lira pegou de surpresa o Ministério do Planejamento, incluindo a ministra Simone Tebet, que contatou o presidente da Câmara diretamente. A renomeação é uma prerrogativa do chefe da Casa, tendo em vista que Bijos era um servidor do Legislativo, mas se trata de movimento incomum, sobretudo por ter sido à revelia do ministério.

Ao ser comunicado, o Planejamento notificou a Casa Civil e a Secretaria de Relações Institucionais, bem como acionou parlamentares próximos ao governo, na tentativa de reverter a medida, sem sucesso.

Segundo apurou a reportagem, havia uma insatisfação crescente no Congresso pelo fato de Bijos ter um perfil mais reservado e se recusar a receber parlamentares - inclusive da base aliada.

Diante das negativas, as solicitações de encontros com a SOF acabavam atendidas por outras secretarias do Planejamento, que nem sempre tratavam a fundo das questões orçamentárias de interesse de deputados e senadores, como é o caso das emendas. Segundo um interlocutor, essa dinâmica foi gerando um "clima difícil".

EMENDAS PARLAMENTARES

Outro ponto que teria estremecido a relação com o Legislativo foi a cobrança de que a SOF fosse mais ativa na liberação de emendas parlamentares. Esse trâmite acabou se concentrando na Casa Civil, sem protagonismo da secretaria então comandada por Bijos.

Procurados, Arthur Lira, Paulo Bijos e Simone Tebet não se manifestaram até a publicação da reportagem.

É a segunda baixa na SOF neste mandato. No ano passado, Daniel Couri deixou o posto de secretário-adjunto e foi substituído por Clayton Luiz Montes, analista de planejamento e orçamento desde 1998.

A pasta confirma que Montes atuará como substituto de Bijos "durante a vacância no cargo". Ele, inclusive, já vem participando desde o dia 26 das principais reuniões orçamentárias do governo. Esteve, por exemplo, na reunião da Junta de Execução Orçamentária (JEO) da última quarta-feira, no Planalto, com Tebet e os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Esther Dweck (Gestão e Inovação) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais).

EQUIPE DESFALCADA

A saída de Paulo Bijos da Secretaria de Orçamento Federal (SOF) acontece em um dos momentos mais delicados para a equipe econômica desde o início do governo e às vésperas de divulgações orçamentárias aguardadas pelo mercado financeiro. Os analistas vão acompanhar com lupa os próximos relatórios em busca de sinais concretos do comprometimento com a sustentabilidade das contas públicas.

Fazenda e Planejamento vêm sendo cobrados pelo mercado e pelo setor produtivo para realizar um ajuste de despesas, diante do esgotamento da agenda arrecadatória no Congresso e dos sinais de fragilidade do arcabouço fiscal.

A desconfiança, alimentada por declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), fez com que o dólar chegasse ao patamar de R$ 5,70 na semana passada. Após sinalizações do ministro Fernando Haddad, que serviu de bombeiro em meio à crise, a moeda fechou a semana a R$ 5,48 - ainda assim, acumula alta de 13% no ano.

No dia 22, está prevista a divulgação do terceiro relatório bimestral de receitas e despesas. A expectativa é de que a equipe anuncie um congelamento temporário de gastos mais expressivo.

Interlocutores ouvidos pelo Estadão/Broadcast apontam que as cifras iniciais, em debate no governo, estão na faixa de R$ 10 bilhões. Economistas projetam, porém, que seriam necessários R$ 40 bilhões.

A SOF também está debruçada sobre a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025, que precisa ser enviada ao Legislativo até 31 de agosto. Em meio às pressões do mercado, Haddad se comprometeu com um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias no próximo ano.

Leia Também: Incerteza fiscal leva governo Lula a pagar maior juro desde PEC Kamikaze de Bolsonaro

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

economia Dinheiro Há 13 Horas

Entenda o que muda no salário mínimo, no abono do PIS e no BPC

tech Aplicativo Há 13 Horas

WhatsApp abandona celulares Android antigos no dia 1 de janeiro

brasil Tragédia Há 6 Horas

Sobe para 14 o número desaparecidos após queda de ponte

mundo Estados Unidos Há 13 Horas

Momento em que menino de 8 anos salva colega que engasgava viraliza

fama Condenados Há 21 Horas

Famosos que estão na prisão (alguns em prisão perpétua)

brasil Tragédia Há 14 Horas

Vereador gravou vídeo na ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira pouco antes de desabamento

fama Emergência Médica Há 14 Horas

Gusttavo Lima permanece internado e sem previsão de alta, diz assessoria

fama Realeza britânica Há 6 Horas

Rei Chales III quebra tradição real com mensagem de Natal

brasil Tragédia Há 13 Horas

Mãe de dono da aeronave que caiu em Gramado morreu em acidente com avião da família há 14 anos

fama Hollywood Há 9 Horas

Autora presta apoio a Blake Lively após atriz acusar Justin Baldoni de assédio