© Renan Olaz/CMRJ
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O ex-vereador Jairo Souza Santos Junior, conhecido como Jairinho, réu pela morte do enteado Henry Borel, trocou os seus defensores e contratou Zanone Manuel de Oliveira Júnior, o mesmo advogado que defendeu Adélio Bispo, autor da facada dada no então candidato à presidência da República Jair Bolsonaro, durante campanha em 2018.
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Troca na defesa foi feita há uma semana. Além de Zanone, o advogado Fabiano Lopes também irá compor a defesa de Jairinho, que vai a júri popular. Ainda não há data para o julgamento.
Advogado diz que deixou defesa de Jairinho por questões financeiras. Cláudio Dalledone explicou ao UOL que a defesa custaria cerca de R$ 1 milhão. Sendo R$ 500 mil para custear perícias, peritos, pareceres técnicos, hospedagens, alimentação e materiais destinados à realização do júri. Além disso, o valor a ser pago a título de honorários advocatícios foi estipulado em R$ 500 mil.
"Tivemos uma derradeira conversa e encerramos a prestação de serviço", afirmou Dalledone. Ele acrescentou ainda além das questões financeiras, outro fator determinante para a mudança foi o envolvimento do coronel Jairo Souza Santos, pai de Jairinho, na defesa. "Tentativa de conduzir da maneira dele", resumiu o advogado.
Novos advogados celebraram a contratação nas redes sociais. "Assumindo mais um caso complexo e de grande repercussão nacional envolvendo crime doloso contra a vida. Mais um grande desafio para a nossa equipe de criminalistas especializados no Tribunal do Júri", diz publicação.
CFM CASSOU REGISTRO MÉDICO DE JAIRINHO
O CFM (Conselho Federal de Medicina) cassou em definitivo, o registro profissional do médico de Jairinho. Ele está preso por suspeita de matar o enteado, o menino Henry Borel, de quatro anos, em 2021. Investigações mostraram que o ex-vereador e Monique Medeiros, mãe da criança, tiveram envolvimento no crime.
Jairinho está proibido de exercer a medicina desde junho de 2021. Em março de 2023, o Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro), por decisão unânime, cassou o registro profissional dele, mas sua defesa recorreu ao CFM. Agora, com a decisão do Conselho Federal, que confirmou a posição do Cremerj, Jairinho não pode mais recorrer junto ao órgão que regula o exercício da profissão.
Justiça também cassou o mandato de Jairinho. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro negou, por unanimidade, recurso do ex-vereador para retomar seu mandato na Câmara fluminense. Ele foi cassado em 2021 por 'quebra de decoro parlamentar' acusado pela morte do enteado. No recurso, Jairinho alegou que o processo ético-disciplinar que levou à cassação de seu mandato foi movido por 'evidência e indícios, sem prova robusta da prática do crime'. Sua defesa acrescentou que a decisão não se baseou em ação penal transitada em julgado e, assim, pedia a nulidade do decreto.
Falta de decoro parlamentar. A relatora do processo no TJ do Rio, desembargadora Jacqueline Lima Montenegro, observou que a decisão para a perda do mandato está fundamentada na falta de decoro parlamentar e não na prática do homicídio.
Jacqueline Lima Montenegro também considerou que o ex-vereador teve direito à defesa. "Na hipótese em análise, é possível observar que o procedimento administrativo que culminou com a perda do mandato transcorreu dentro do que se classifica como devido processo legal, sendo garantido o exercício pelo recorrente da ampla defesa e observado o contraditório. E isso é o quanto basta para que se afaste a pretensão do Impetrante."
Henry Borel morreu em 8 de março de 2021. Segundo a polícia, a criança sofreu 23 lesões por "ação violenta". A causa da morte foi hemorragia interna e laceração hepática causada por uma ação contundente, afirma o laudo.
No dia da morte, o menino chegou a ser levado por Monique Medeiros e Jairinho ao hospital. Ambos alegaram que ele havia sofrido um acidente doméstico. Segundo o MP, porém, Henry foi morto por motivo torpe, já que Jairinho acreditava que o menino atrapalhava a relação do casal.