Previdência e benefício continuado elevam projeção de déficit do governo

Agora, a estimativa é de que as contas públicas fechem o ano no vermelho em R$ 28,8 bilhões - no piso do intervalo de tolerância da meta fiscal (o centro da meta seria déficit zero)

© Reprodução/ Jornal de Brasilia

Economia Previdência 23/07/24 POR Estadao Conteudo

Depois de anunciar um congelamento de despesas de R$ 15 bilhões na última semana, o governo federal piorou a projeção de déficit para 2024 nesta segunda-feira, 22. Agora, a estimativa é de que as contas públicas fechem o ano no vermelho em R$ 28,8 bilhões - no piso do intervalo de tolerância da meta fiscal (o centro da meta seria déficit zero).

PUB

 

O alvo perseguido pelo governo tem uma margem de tolerância de 0,25% do PIB, para cima e para baixo. O déficit de R$ 28,8 bilhões, portanto, é o limite inferior para o seu cumprimento.

As despesas primárias foram revistas para cima em R$ 20,7 bilhões, enquanto as receitas foram cortadas em R$ 6,4 bilhões. Sem o contingenciamento da última semana, de R$ 3,8 bilhões (também houve bloqueios de R$ 11,2 bilhões), o déficit estimado seria de R$ 32,6 bilhões - o que levaria ao descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Com o corte, a equipe econômica mirou o piso da banda permitido pela legislação.

Pelo lado das despesas, os gastos obrigatórios foram revistos para cima em R$ 29 bilhões, enquanto os discricionários - não obrigatórios, como custeio e investimentos - foram revistos para baixo em R$ 8,3 bilhões. A principal mudança aconteceu com o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que saltou R$ 6,4 bilhões. Logo em seguida, vieram as despesas com a Previdência, com mais R$ 4,9 bilhões.

"O bloqueio realizado nas despesas discricionárias, de R$ 8,3 bilhões, ocorre em função do aumento dos gastos obrigatórios", afirmou o secretário adjunto de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento, Clayton Luiz Montes.

Também houve aumento de R$ 1 bilhão na projeção de despesas com pessoal e encargos sociais, de R$ 800 milhões em complementação do Fundeb e de R$ 100 milhões com o programa Proagro. Em créditos extraordinários, houve aumento de R$ 14,2 bilhões, em virtude das medidas de socorro ao Rio Grande do Sul. Essa despesa, contudo, não é contabilizada no cumprimento da meta.

Avaliação

Na visão da equipe econômica, os gastos continuam controlados, em 19,4% do PIB - pouco acima da média de 19,2% do PIB, entre 2015 e 2023, excluindo o ano de 2020, da pandemia. "Quando a gente olha a evolução das despesas primárias, no valor total, ao longo dos anos, na série histórica, vemos que ela se mantém sob controle, no patamar de 19,4% do PIB. A média é de 19,2% do PIB", disse Montes.

"Qualquer resultado dentro da banda significa sim o cumprimento da meta, ainda que seja no limite da banda", disse o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron.

Despesas com benefício a idosos e Previdência têm previsão de alta de R$ 11,7 bi

O governo aumentou em R$ 11,7 bilhões a projeção de despesas para 2024 com o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e despesas da Previdência Social. Essa alta levou a equipe econômica a realizar um bloqueio de R$ 11,2 bilhões em despesas obrigatórias no Orçamento deste ano, como adiantou na semana passada o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Os gastos com o BPC saltaram R$ 6,4 bilhões, conforme o 3.º relatório de Avaliação Bimestral de Receitas e Despesas, apresentado ontem, em relação ao anterior, divulgado em maio. Já os gastos com Previdência subiram R$ 4,9 bilhões, alcançando R$ 927 bilhões.

"No caso do BPC, a principal razão pelo crescimento foi o aumento da quantidade de requerimentos novos analisados", disse o secretário adjunto de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento, Clayton Luiz Montes. "Temos variação com BPC de R$ 6,4 bilhões, e Previdência de R$ 5,3 bilhões, totalizando um acréscimo de R$ 29 bilhões (nas despesas obrigatórias)."

O relatório justifica o aumento na projeção de gastos previdenciários como "decorrência de mudanças de fluxos internos e comportamentos inesperados de entrada de pedidos".

O governo também ampliou as renúncias previstas com a arrecadação da Previdência Social, em razão da desoneração das folhas de pagamentos dos municípios - houve uma redução de R$ 5,2 bilhões na previsão de arrecadação.

Como mostrou o Estadão, o BPC rompeu a casa dos R$ 100 bilhões pela primeira vez em março deste ano e subiu para R$ 103 bilhões em maio. A média mensal nos pedidos pelo benefício cresceu 40% nos seis primeiros meses deste ano em comparação a 2023. O BCP é pago a idosos (65 anos ou mais) e pessoas com deficiência que não possam se manter e não podem ser mantidos por suas famílias. O valor é de um salário mínimo.

Ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha descartado desvincular despesas previdenciárias e o BPC do salário mínimo, o governo prevê uma revisão dos cadastros para atender ao Tribunal de Contas da União (TCU) e contribuir para a agenda de redução de gastos.

Receitas

Entre as receitas, houve redução nos valores previstos com julgamentos de grandes causas no Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf), estimados inicialmente em R$ 55,6 bilhões neste ano. Essa projeção foi revista para R$ 37,7 bilhões a serem arrecadados entre julho e dezembro deste ano. Nos meses anteriores, até aqui, não houve entrada de recursos, informou o secretário de Receita Federal, Robinson Barreirinhas.

Ele tentou dissipar as incertezas com o desempenho das receitas do governo. O secretário afirmou que dados da Receita que serão divulgados amanhã mostram que a arrecadação em junho aumentou 11,02% ante junho de 2023, já descontada a inflação. No ano, o crescimento real é de 9,08%.

 

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

brasil Rio Grande do Sul Há 20 Horas

Avião cai em Gramado; governador diz que não há sobreviventes

mundo EUA Há 23 Horas

Professora que engravidou de aluno de 12 anos é condenada

fama WILLIAM-BONNER Há 22 Horas

William Bonner quebra o braço e fica de fora do Jornal Nacional no fim do ano

lifestyle Smartphone Há 23 Horas

Problemas de saúde que estão sendo causados pelo uso do celular

fama Pedro Leonardo 22/12/24

Por onde anda Pedro, filho do cantor Leonardo

brasil BR-116 22/12/24

Acidente com ônibus, carreta e carro deixa 38 mortos em Minas Gerais

esporte FUTEBOL-RIVER PLATE Há 23 Horas

Quatro jogadoras do River Plate são presas em flagrante por racismo

fama Vanessa Carvalho Há 23 Horas

Influenciadora se pronuncia após ser acusada de trair marido tetraplégico

fama PRETA-GIL Há 23 Horas

Preta Gil permanece na UTI após cirurgia; estado é estável

brasil ACIDENTE-MG Há 20 Horas

Sobe para 41 o número de mortos em acidente entre ônibus e carreta em MG