Hamas e Fatah assinam acordo para formar governo de unidade após fim da guerra

O anúncio foi feito pelo Ministério das Relações Exteriores da China, onde o diálogo se desenrolava desde domingo (21)

© <p>Getty Images</p>

Mundo Guerra 23/07/24 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os grupos palestinos Hamas e Fatah, que regem a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, respectivamente, assinaram nesta terça-feira (23) um acordo no qual concordam em encerrar suas divisões e formar um governo de unidade nacional provisório após o fim da guerra iniciada em outubro.

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O anúncio foi feito pelo Ministério das Relações Exteriores da China, onde o diálogo se desenrolava desde domingo (21). O primeiro encontro aconteceu em abril, e a segunda rodada de conversas, originalmente planejada para o mês passado, foi adiada após rusgas entre os dois grupos.

A negociação, que envolve os rivais mais notórios e outros 12 grupos, tem o potencial de encerrar uma luta pelo poder que se arrasta há 17 anos -a rivalidade entre ambos os movimentos remonta a 2007, quando o Hamas expulsou o Fatah da Faixa de Gaza após enfrentamentos entre combatentes dos dois grupos deixarem dezenas de mortos e feridos no território palestino.

Mesmo após a expulsão, o Fatah continuou controlando politicamente a Autoridade Palestina, espécie de governo de transição da Palestina estabelecido em acordo com a comunidade internacional e liderado por Mahmoud Abbas.

Esforços anteriores do Egito e de outros países árabes para reconciliar os grupos, porém, falharam em encerrar a disputa que enfraquece as aspirações políticas palestinas. Portanto, resta saber se o acordo, que não estabelece um prazo para a formação do novo governo, sobreviverá às realidades no terreno.

O encontro foi celebrado em meio a tentativas de mediadores internacionais de alcançar um acordo de cessar-fogo para Gaza. Um dos principais pontos de discórdia é "o dia seguinte" ao conflito -ou seja, como o território governado pelo Hamas será administrado uma vez que a guerra termine.

Enquanto a facção terrorista não abre mão de se manter no poder em Gaza, o primeiro-ministro de Israel e líder do governo mais à direita da história do país, Binyamin Netanyahu, afirma repetidamente que a guerra vai continuar até que o grupo seja aniquilado.

"Hoje assinamos um acordo de unidade nacional e afirmamos que o caminho para completar esse percurso é a unidade nacional. Estamos comprometidos com essa unidade nacional e fazemos um apelo para alcançá-la", afirmou o enviado do Hamas à China, Mousa Abu Marzook.

Já Hussam Badran, funcionário de alto escalão do grupo, disse que o governo gerenciaria assuntos dos palestinos em Gaza e na Cisjordânia, supervisionaria a reconstrução do território em guerra e prepararia condições para eleições.

"Isso cria uma barreira formidável contra todas as intervenções regionais e internacionais que buscam impor realidades contra os interesses de nosso povo", disse ele.

Hamas e Jihad Islâmico não são membros da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), o órgão de decisão mais alto dos palestinos, mas exigem que qualquer acordo de unidade inclua a realização de uma eleição para o Parlamento do órgão para garantir sua inclusão. Israel se pronunciou rapidamente.

"Hamas e Fatah assinaram um acordo na China com vistas a um controle conjunto de Gaza depois da guerra. Em vez de rejeitar o terrorismo, Mahmoud Abbas abraça os assassinos e estupradores do Hamas e mostra sua verdadeira face", escreve no X o chanceler israelense, Israel Katz. "Isso não ocorrerá, porque o poder do Hamas será esmagado, e Abbas observará Gaza de longe."

Do ponto de vista da China, a negociação foi mais uma vitória diplomática do país na política do Oriente Médio, que agora se une ao acordo de paz entre Arábia Saudita e Irã, inimigos históricos da região, assinado no ano passado e também mediado por Pequim.

Nos últimos meses, a China, que historicamente mostra simpatia aos palestinos ao mesmo tempo em que mantém boas relações com Tel Aviv, intensificou a defesa da causa em fóruns internacionais e passou a pedir uma conferência de paz entre israelenses e palestinos. O gigante asiático quer se posicionar como um ator mais neutro que os Estados Unidos, mais importante aliado do Estado judeu.

"A China espera sinceramente que as facções palestinas alcancem a independência o mais cedo possível com base na reconciliação interna, e está disposta a fortalecer a comunicação e coordenação com as partes relevantes para trabalhar juntas para implementar a Declaração de Pequim alcançada hoje", disse o chanceler chinês, Wang Yi, durante a cerimônia de encerramento.

Mahmoud Aloul, do Fatah, agradeceu Pequim por seu apoio à causa palestina. "Vocês têm o carinho e a amizade de todo o povo palestino", disse Aloul.

Em Gaza, a guerra já deixou mais de 39 mil mortos, em sua maioria civis, e 90 mil feridos, além de uma grave crise humanitária causada pelo bloqueio que Tel Aviv impôs ao território palestino após o início do conflito. De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), 1,9 milhão de pessoas estão deslocadas (mais de 80% da população de 2,3 milhões antes da guerra) e a fome se alastra pelo território.

O conflito começou após o Hamas liderar um ataque no sul de Israel que matou cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, e sequestrou aproximadamente 250 pessoas, segundo Tel Aviv.

O Ministério da Saúde de Gaza afirmou que, nesta segunda (22), bombardeios de Israel mataram 70 pessoas, incluindo mulheres e crianças, em Khan Yunis, cidade no sul do território alvo de uma nova ordem de retirada de civis.

"Saímos em pânico. Gaza acabou. Gaza está morta", afirmou Hasan Qudayh, segundo a agência de notícias AFP. "Vamos viver na rua. Não aguentamos mais esses deslocamentos", lamentou Yusef Abu Taimah, que deixou a cidade juntamente com a família, em seu quarto deslocamento.

Os bombardeios ocorreram enquanto Netanyahu seguia para Washington, onde fará um discurso no Congresso nesta quarta (24). Ao sair de Israel, o líder afirmou que se trata de uma "viagem muito importante", em um momento de "grande incerteza política" devido à decisão do presidente americano, Joe Biden, de não se candidatar à reeleição no pleito de novembro.

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