Italiana desiste de luta após rumores sobre a oponente ser trans

Angela Carini desistiu da luta contra Imane Khelif após desinformação sobre o gênero da oponente

© Getty Images

Esporte Boxe 01/08/24 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - A boxeadora italiana Angela Carini desistiu com apenas 46 segundos de sua luta as oitavas de final do boxe feminino até 66kg nas Olimpíadas de Paris. Sua adversária, a argelina Imane Khelif, foi reprovada em teste de gênero em campeonato mundial no ano passado, mas cumpriu os requisitos para os Jogos Olímpicos.

PUB

 

A italiana desistiu logo depois de ter levado um soco da adversária no nariz. O relógio ainda marcava 2min14s restantes no primeiro assalto. Assim que levou o golpe, a boxeadora de azul ergueu aos mãos e informou o abandono.

O COI afirmou que todas as atletas que disputam os Jogos de Paris cumprem os regulamentos de elegibilidade. A entidade ressaltou que todas apresentam as condições médicas aplicáveis de acordo com as regras da Unidade de Boxe de Paris, que regulamenta a competição. Em seu site, ela consta como atleta mulher.

Carini se recusou a cumprimentar a adversária após o anúncio do resultado e foi às lágrimas. Ela fugiu da tentativa de aproximação da rival e caiu de joelhos no ringue.

Após sofrer um primeiro golpe no rosto, segundos antes, a italiana já havia dito: "Não é justo, dói muito". Segundo o jornal italiano Corriere Della Sera, o técnico Emanuele Renzini teria pedido para ela pelo menos terminar o primeiro round. O combate foi retomado, mas somente por mais dez segundos, até a desistência.

COMO COMEÇOU A POLÊMICA

Khelif foi reprovada em teste de gênero no Mundial feminino de boxe no ano passado. A atleta de 25 anos foi desclassificada pela IBA (Associação Internacional de Boxe) por não atender aos critérios de saúde de elegibilidade -a IBA não é regulamentada pelo COI.

A luta de Carini contra a argelina virou polêmica na Itália antes mesmo de começar. Na véspera do duelo, a ministra Eugenia Roccella deu declarações preconceituosas e acusou Khelif de ser "um homem que se identifica como mulher". No entanto, não há confirmação que ela seja uma atleta trans.

Após a luta, o treinador de Carini disse que a italiana estava com dor de dente, tomando antibióticos, e que desistiu após sentir dor no nariz. O técnico acrescentou na sequência, de acordo com o Della Sera, que a "máquina das redes sociais" tinha entrado em ação, citando que a questão dos hormônios da adversária é controversa.

Carini eximiu Khelif de culpa e pediu desculpa à adversária. A italiana confirmou que disse "não é justo" durante o combate, mas ressaltou que não cabe a ela julgar a argelina e se desculpou por não tê-la cumprimentado após a desistência.

O QUE CARINI DISSE

Sim, eu disse que não é justo. Não é certo desistir de uma Olimpíadas, mas não cabe a mim julgar. Não sou ninguém para julgar Imane. A verdade é que não sabemos nada sobre minha oponente, exceto por uma coisa: ela não tem culpa. Ela é uma mulher que está aqui para fazer as Olimpíadas, como eu. Quem sou eu para julgá-la? Não depende de mim, cabe aos outros fazê-lo. Angela Carini, ao Corriere Della Sera

Não cumprimentar a adversária: "Eu estava errada. Saí do ringue cheia de raiva. Nunca terminei uma partida sem cumprimentar minha adversária. Peço desculpas a Imane por não me despedir dela".

Desistência: "Estou com o coração partido, mas minha cabeça está erguida. Eu lutei. Eu tentei lutar. O ringue é minha vida, e nunca tive medo e não tive medo nesta quinta-feira (1). Mas sou uma boxeadora muito instintiva e disse a mim mesma imediatamente: 'Algo está errado'. Eu senti aquele golpe, me machucou. Foi muito ruim, eu não conseguia mais respirar. Disse a mim mesma: 'basta'. Eu nunca fui derrotada por nocaute e até nesta quinta-feira (1) eu nunca tinha saído de um ringue antes do final da luta. Eu sou uma guerreira, mas às vezes até as guerreiras, quando veem que a batalha está perdida, enfiam suas espadas na terra e se rendem".

IBA SE MANIFESTA

A entidade internacional de boxe se pronunciou na última quarta (31) sobre a desclassificação de Khelif. A IBA afirmou que a argelina não foi submetida a um teste de testosterona, mas sim a um exame separado e reconhecido, cujas especificidades permanecem confidenciais. Tal teste indicou que não Khelif não atingiu os critérios necessários e que teria vantagens contra outras mulheres.

Segundo a entidade, Khelif inicialmente apelou da decisão ao CAS, mas depois retirou. A IBA também manifestou sua "preocupação com a aplicação inconsistente de elegibilidade" de outras organizações, mencionando o COI e as Olimpíadas. Por fim, a associação levantou questionamento sobre a "justiça competitiva e a segurança das atletas".

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

brasil Rio Grande do Sul Há 7 Horas

Avião cai em Gramado; governador diz que não há sobreviventes

mundo EUA Há 10 Horas

Professora que engravidou de aluno de 12 anos é condenada

fama GUSTTAVO-LIMA Há 13 Horas

Gusttavo Lima é hospitalizado, cancela show no festival Villa Mix e fãs se revoltam

brasil BR-116 Há 11 Horas

Acidente com ônibus, carreta e carro deixa 38 mortos em Minas Gerais

fama WILLIAM-BONNER Há 9 Horas

William Bonner quebra o braço e fica de fora do Jornal Nacional no fim do ano

fama Vanessa Carvalho Há 10 Horas

Influenciadora se pronuncia após ser acusada de trair marido tetraplégico

fama Pedro Leonardo Há 11 Horas

Por onde anda Pedro, filho do cantor Leonardo

lifestyle Smartphone Há 10 Horas

Problemas de saúde que estão sendo causados pelo uso do celular

esporte FUTEBOL-RIVER PLATE Há 10 Horas

Quatro jogadoras do River Plate são presas em flagrante por racismo

fama Afogamento Há 20 Horas

Famosos que morreram afogados: Casos mais impactantes