'Não é só sobre vencer a Simone, é sobre vencer a mim mesma', diz Rebeca sobre força mental

Rebeca venceu a prova do solo batendo na final a lenda norte-americana Simone Biles

© <p>Getty Images</p>

Esporte Olimpíadas 05/08/24 POR Folhapress

PARIS, FRANÇA, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Além do equilíbrio necessário para executar as acrobacias no ar e pousar firme no solo, a ginasta Rebeca Andrade exaltou também nesta segunda-feira (5) a importância do equilíbrio mental para conseguir lidar com a pressão durante as competições.

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Rebeca venceu a prova do solo batendo na final a lenda norte-americana Simone Biles, que, apenas quatro dias antes, havia conquistado o bicampeonato olímpico no individual geral -a brasileira foi prata.

"Acho que não é só sobre vencer a Simone, é sobre vencer a mim mesma. A minha briga está na minha cabeça, não está nas outras pessoas. Para conseguir fazer as minhas apresentações, preciso controlar a minha cabeça, o meu corpo, e essa é a briga, porque eu e a Simone, a gente se incentiva, a gente quer dar o nosso máximo, então a minha briga é sempre comigo mesma", afirmou Rebeca em conversa com jornalistas após garantir seu segundo ouro olímpico.

Ao vencer o duelo contra Biles e contra si mesma, a guarulhense conquistou sua sexta medalha olímpica e entrou para a história como a maior medalhista do Brasil nos Jogos, isso depois de, apenas 1h30 antes, ter ficado fora do pódio na trave -Rebeca teve alguns desequilíbrios e terminou na quarta colocação no aparelho.

Segundo a ginasta, o desempenho na prova anterior não atrapalhou em nada a sua apresentação seguinte no solo.

"Fui para o solo alegre, feliz, limpei as mãozinhas e falei: 'Senhor, eu entrego nas suas mãos, mas vou fazer minha parte. Se eu merecer, sei que vai acontecer, mas se não acontecer, também está tudo certo'. Acho que [o desempenho na prova anterior] é uma preocupação que, às vezes, as pessoas que estão de fora sentem mais que a gente. Talvez se eu tivesse feito uma série ruim, me preocupasse, ficaria triste e tal, mas não foi ruim, sei que fiz o meu melhor, isso para mim é o suficiente", afirmou.

"Para mim foi bem tranquilo, não era para acontecer e está tudo certo, sou a quarta melhor do mundo, aceito isso. Não foi a minha melhor série, mas também não foi uma série ruim. Isso já é algo excelente", disse a ginasta brasileira.

Ela destacou também a determinação e a coragem para seguir em frente, mesmo em momentos de insegurança que acometem até os maiores atletas do esporte. "A vontade de querer fazer acontecer, mesmo nos dias ruins, nos dias que são excelentes, com medo, sem medo. Às vezes eu morro de medo. É normal. Faz parte do ser humano", afirmou.

PÓDIO NEGRO

Rebeca falou também sobre a importância de formar um pódio 100% negro, ao lado das norte-americanas Simone Biles (prata) e Jordan Chiles (bronze).

"A gente já tinha feito isso no Mundial e poder repetir isso agora em uma Olimpíada, onde o mundo inteiro está vendo a gente, é mostrar a potência dos negros, mostrar que, independente das dificuldades, a gente pode sim fazer acontecer", disse a brasileira.

"Foi lindo, estou muito orgulhosa. Eu me amo, amo a cor da minha pele, mas também não me fecho só nisso, sei que tem vários outros pontos da Rebeca, da Jordan, da Simone", afirmou Rebeca, que foi ovacionada pelas duas adversárias no pódio, em uma das imagens já icônicas de Paris-2024.

"Elas são as melhores do mundo. Então, ter uma cena como essa significa muito para mim. É algo muito grandioso. Eu me sinto muito honrada."

A maior vitoriosa da história do Brasil nas Olimpíadas celebrou também a conquista desse título e falou sobre a responsabilidade que ele traz.

"Estou muito feliz e honrada por hoje estar nessa posição, de ser a maior esportista do meu país, foi muito difícil de ser conquistada, por isso agradeço à minha equipe, porque sozinha eu realmente não teria conseguido", afirmou Rebeca.

"Entendo a responsabilidade que é incentivar e ser um espelho para tantas pessoas seguirem os sonhos, mas o meu foco mesmo é ser eu mesma. Acho que a melhor forma de representar tudo isso é ser eu mesma."

Por fim, a maior ginasta do país afirmou que espera no futuro poder passar o bastão para outra grande atleta brasileira do esporte. "Uma hora a gente tem que passar o bastão. Mas não é que eu espere uma nova Rebeca, espero uma nova pessoa com a personalidade dela, com o jeito dela, porque somos pessoas diferentes. E eu espero que ela seja gigante também."

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