Acadêmicos divulgam carta de apoio a levantamento que contesta vitória de Maduro

O CNE (Conselho Nacional Eleitoral) proclamou a reeleição de Nicolás Maduro na madrugada do dia seguinte à votação

© Getty Images

Mundo Venezuela 07/08/24 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um grupo de quase 20 acadêmicos e pesquisadores especializados no estudo das democracias e da integridade eleitoral assinou uma carta em apoio à ONG AltaVista -que apontou a vitória do candidato de oposição Edmundo González na eleição presidencial da Venezuela em um levantamento baseado em amostragem- e a outras pesquisas independentes sobre a votação.

PUB

 

O CNE (Conselho Nacional Eleitoral) proclamou a reeleição de Nicolás Maduro na madrugada do dia seguinte à votação. Segundo o órgão, com 80% das urnas apuradas, o ditador tinha vencido com 52% dos votos, contra 43% de González -a entidade confirmou o resultado na semana passada, já com 97% das cédulas apuradas.

O resultado é, porém, considerado fraudulento pela oposição e por alguns países como os Estados Unidos, que reconheceram a vitória do opositor ao regime.

O estudo da AltaVista desmente o resultado apresentado pelo CNE. Aponta, em vez disso, que González obteve mais de 66% dos votos, e Maduro, 31%.

O trabalho, conduzido por pesquisadores da Universidade de Michigan (EUA) e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e de uma instituição da Venezuela cujo nome foi mantido em sigilo, foi feito a partir da análise de quase mil atas de votação recolhidas por voluntários no dia da eleição.

A carta divulgada pelo grupo de acadêmicos nesta quarta tem como objetivo mobilizar a comunidade internacional a apoiar o povo da Venezuela e promover uma transição pacífica e democrática.

Ela é assinada por nomes como os americanos Francis Fukuyama, que cunhou a ideia de que o término da Guerra Fria representaria "o fim da história", e Steven Levitsky, coautor de "Como as Democracias Morrem", além dos brasileiros Maria Hermínia e Matias Spektor e de muitos outros.

"Como acadêmicos dedicados ao estudo da democracia e da integridade eleitoral, estamos profundamente preocupados com as implicações [da crise atual] para o futuro da Venezuela e com a violência generalizada e a repressão após as eleições", afirma o documento.

"Condenamos a resposta brutal das forças de segurança, que resultou em inúmeras mortes e centenas de prisões. Exigimos total transparência e responsabilidade na contagem dos votos."

O texto ainda lembra que a maioria dos países da América Latina condenou a falta de transparência do regime de Maduro e cobram a divulgação dos dados da votação de modo que possam ser checados de forma independente. Cinco países da região inclusive reconheceram a vitória de González.

A carta dos acadêmicos pode ser lida e assinada por outros apoiadores neste link.QUEM ASSINA A CARTA

Alberto Diaz-Cayeros - pesquisador sênior do Centro para a Democracia, o Desenvolvimento e o Estado de Direito, da Universidade Stanford (EUA)

Beatriz Magaloni - professora de ciência política da Universidade Stanford (EUA)

Cristóbal Rovira Kaltwasser - professor da Pontifícia Universidade Católica do Chile

Francis Fukuyama - diretor do programa de mestrado em relações internacionais da Universidade Stanford (EUA)

Jennifer Cyr - professora e diretora da pós-graduação em ciência política da Universidad Torcuato Di Tella (Argentina)

Julieta Suarez-Cao - professora de política da Pontifícia Universidade Católica do Chile

Kati Marton - ex-diretora e atual integrante do conselho do Comitê de Proteção a Jornalistas

Kenneth Roberts - professor de sistemas de governo na Universidade Cornell (EUA)

Larry Diamond - pesquisador sênior da Instituição Hoover, think tank ligado à Universidade Stanford (EUA)

Laura Gamboa - professora da Universidade Notre Dame (EUA)

Maria Hermínia Tavares - professora emérita de ciência política da USP, a Universidade de São Paulo (Brasil)

Maria Victoria Murillo - diretora do Instituto para Estudos Latino-Americanos e professora de ciência política e relações internacionais na Universidade Columbia (EUA)

Matias Spektor - professor de política e de relações internacionais da Fundação Getulio Vargas (Brasil)

Michael Albertus - professor da Universidade de Chicago (EUA)

Pedro Telles - professor-adjunto da Fundação Getulio Vargas (Brasil) e pesquisador sênior na London School of Economics (Reino Unido)

Simon Cheng Man-kit - ativista honconguês e ex-analista de comércio e investimento do Consulado-Geral do Reino Unido em Hong Kong

Steven Levitsky - professor de sistemas de governo e diretor do Centro David Rockefeller para Estudos Latino-Americanos da Universidade Harvard (EUA)

Susan Stokes - professora de ciência política da Universidade de Chicago (EUA)

Tulia Falleti - professora de ciência política da Universidade da Pensilvânia (EUA)

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

brasil Campinas Há 19 Horas

Influenciador Diego Friggi morre aos 33 anos esperando por vaga na UTI

mundo Paraguai Há 18 Horas

Homem salta de ponte com as três filhas no Paraguai para se vingar da ex

fama Game of Thrones Há 19 Horas

Ator de 'Game of Thrones' revela fotos da filha que morreu e impressiona

mundo Reino Unido Há 19 Horas

Grávida dirige ambulância para salvar marido após motorista se perder

mundo Casamento Há 11 Horas

Casal prepara casamento dos seus sonhos... mas convidados não aparecem

fama BRUNA-MARQUEZINE Há 15 Horas

Bruna Marquezine usa look de R$ 70 mil no lançamento de série e divide opiniões

esporte Espanha Há 16 Horas

Bactéria obriga promessa do Real Madrid a acabar carreira aos 19 anos

esporte Marco Angulo Há 19 Horas

Promessa do futebol equatoriano, Marco Angulo morre aos 22 após acidente

mundo Argentina Há 13 Horas

Cristina Kirchner é condenada a seis anos de prisão por fraude ao Estado

esporte EUA Há 18 Horas

Ex-NBA surge irreconhecível nas redes sociais: "Temo pela minha vida"