Fumaça da amazônia e do pantanal já atinge 10 estados e gera alerta

Imagens de satélite mostram, desde a semana passada, a fumaça que passa sobre áreas de Acre, Amazonas, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul

© Reuters

Brasil Incêndios 21/08/24 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Para chegar a Santa Catarina, a fumaça de incêndios na amazônia e no pantanal espalhada sobre ao menos dez estados do país até esta terça-feira (20) foi carregada por um sistema de ventos que também leva umidade do norte ao sul da América do Sul e forma os chamados rios voadores.

PUB

 

Mas na estação seca, é a fumaça dos incêndios que tem sido transportada por esses corredores por milhares de quilômetros.

A situação continua até o fim da semana, quando uma frente fria pode desviar o rumo dessa trajetória entre diferentes regiões do Sul e do Sudeste do país ou mesmo orientá-la de volta para o Norte -ou seja, a área atingida pela fumaça ainda deve aumentar.

No último caso, a população de cidades do Amazonas, do Acre e de Rondônia pode ser afetada pela fumaça que ficará armazenada na região. Foi o caso da capital amazonense, Manaus, no ano passado, que também sofre atualmente com as névoas de poluição oriunda dos incêndios.

Esse trajeto começa com os ventos na parte norte do Brasil, que correm de leste a oeste durante todo o ano, do oceano Atlântico para o continente. De acordo com Marcelo Seluchi, coordenador-geral de Operações e Modelagem do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Desastres Naturais), essa rota segue até a Cordilheira dos Andes, que atua como uma parede.

"Os ventos seguem ao longo da Cordilheira, viram no Acre e passam por Rondônia, Bolívia, pelo pantanal e vão ao sul do Brasil. Esse é o circuito", diz o meteorologista. "Dependendo da situação meteorológica, eles são canalizados para a região Sul ou para a região Sudeste. Depende de como estão posicionadas as frentes frias."

Além da posição, a intensidade das frentes oriundas do sul, que carregam umidade, pode até reverter o caminho da fumaça.

"Se esse sistema que está se deslocando da Argentina e que deve chegar ao Brasil entre quarta-feira [21] e quinta-feira [22] for bastante intenso e penetrar pelo Centro-Oeste, pode empurrar o vento e fazer a fumaça subir para o Norte, afetando mais Mato Grosso, Acre, Rondônia e todo o sul da amazônia. Pode chegar a Manaus", diz Francis Wagner Correia, professor do curso de meteorologia da Universidade do Estado do Amazonas.

Imagens de satélite registradas pelo Instituto de Cooperação para a Pesquisa na Atmosfera, que reúne a Universidade Estadual do Colorado e a Noaa (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica), ambas nos EUA, mostram, desde a semana passada, a fumaça que passa sobre áreas de Acre, Amazonas, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

A movimentação dos ventos -e da fumaça- acende dois alertas. Um é o de aquecimento das regiões afetadas, já que a concentração de partículas dos materiais queimados (folhas e madeira, por exemplo) e gases como o monóxido de carbono contribui para o efeito estufa, diz Wagner, da UEA.

O outro é o dano à saúde, que dificulta a respiração e causa irritação nos olhos e tosse. Pessoas com doenças respiratórias, como asma e bronquite, além de idosos e crianças, devem ficar atentas, aumentar a hidratação e evitar sair de casa em momentos de fumaça mais intensa.

Essa movimentação de ventos e fumaça é típica da época de estiagem no país, segundo Wagner e Seluchi. Para ambos, a intensidade dessa fumaça transportada está ligada aos focos de incêndio.

O pesquisador do Cemaden aponta que um dos fatores determinantes é a fiscalização, que pode reduzir substancialmente a ocorrência da ação humana nos incêndios.

Mas o problema também está ligado às secas, segundo Wagner, da UEA. "Cada vez mais percebemos que os eventos climáticos estão mais graves. Nos últimos 20 anos, foram quatro eventos extremos de seca, em 2005, 2010, 2015 e 2023. Isso também intensifica o fogo na região."

Tanto a amazônia quanto o pantanal têm registrado aumento nos focos de incêndio. Na floresta, os números são os piores em duas décadas. Já no pantanal, a temporada de fogo começou antes e os focos de incêndio tiveram aumento de 1.593% na comparação de janeiro a 1º de agosto de 2024 com o mesmo período do ano passado.

Ainda, o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) mantém alerta de perigo para onda de calor na faixa que vai do sul de Minas Gerais ao norte do Rio Grande do Sul e se estende até o sudeste de Rondônia. Já o aviso de perigo potencial para baixa umidade do ar, entre 30% e 20%, cobre quase toda a área central do país, indo do sul do Amazonas e do Pará até o Ceará e, ao sul, Santa Catarina.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

brasil Campinas Há 21 Horas

Influenciador Diego Friggi morre aos 33 anos esperando por vaga na UTI

mundo Paraguai Há 20 Horas

Homem salta de ponte com as três filhas no Paraguai para se vingar da ex

fama Game of Thrones Há 20 Horas

Ator de 'Game of Thrones' revela fotos da filha que morreu e impressiona

mundo Reino Unido Há 21 Horas

Grávida dirige ambulância para salvar marido após motorista se perder

mundo Casamento Há 12 Horas

Casal prepara casamento dos seus sonhos... mas convidados não aparecem

fama BRUNA-MARQUEZINE Há 16 Horas

Bruna Marquezine usa look de R$ 70 mil no lançamento de série e divide opiniões

esporte Espanha Há 18 Horas

Bactéria obriga promessa do Real Madrid a acabar carreira aos 19 anos

esporte Marco Angulo Há 21 Horas

Promessa do futebol equatoriano, Marco Angulo morre aos 22 após acidente

mundo Argentina Há 15 Horas

Cristina Kirchner é condenada a seis anos de prisão por fraude ao Estado

esporte EUA Há 20 Horas

Ex-NBA surge irreconhecível nas redes sociais: "Temo pela minha vida"