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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar abriu com uma leve queda nesta terça-feira (27) com os mercados analisando dados da inflação no Brasil, com a divulgação do IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15) nesta manhã.
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Às 9h04, a cotação da moeda norte-americana caía 0,19%, a R$ 5,4823. Na segunda-feira (26), o dólar fechou em leve alta de 0,16%, aos R$ 5,489, com cautela dos investidores diante da escalada de tensões no Oriente Médio e antes de mais dados econômicos para calibrar expectativas sobre juros, aqui e nos Estados Unidos.
Nesta terça, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que o IPCA-15 desacelerou em agosto para 0,19%, em linha com o esperado por economistas. Em 12 meses, a inflação ficou em 4,35%, um pouco abaixo do teto da meta do BC de 4,5%
O dólar ensaiou uma recuperação tímida após as fortes perdas de 1,95% na sexta-feira, dia marcado pelo discurso de Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), no simpósio de Jackson Hole.
Em meio à expectativa por sinalizações sobre a trajetória da política monetária americana, Powell afirmou que "chegou a hora" de reduzir os juros, confirmando as apostas de que o ciclo de afrouxamento provavelmente terá início na próxima reunião da autarquia, em setembro.
Agora, investidores aguardam a divulgação de uma nova bateria de dados econômicos para balizar as expectativas em torno da magnitude do corte.
A principal divulgação da semana acontece na sexta-feira com o relatório do índice PCE de julho, o indicador favorito de inflação do Fed. Na quinta, dados do PIB (Produto Interno Bruto) podem indicar a temperatura da economia americana.
Na ferramenta CME FedWatch, operadores passaram a ajustar apostas após o simpósio: 69,5% deles enxergam probabilidade de uma redução de 0,25 ponto percentual, ante 73% da quinta-feira. O de maior intensidade, de 0,50 ponto, reúne agora 30,5% dos investidores, ante 28%.
O apetite por risco, no entanto, diminuiu neste início de semana. No domingo, Israel e o grupo libanês Hezbollah trocaram ataques de mísseis que aumentaram temores de uma guerra regional no Oriente Médio.
"Por um lado, o mercado ainda nutre certa perspectiva positiva diante da queda iminente dos juros norte-americanos. Por outro, os movimentos geopolíticos entre Israel e Hezbollah provocam uma aversão ao risco, com impacto sobre o dólar", disse Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital.
Já na cena doméstica, o destaque foi uma nova palestra de Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do BC (Banco Central) e principal cotado à presidência da autarquia em 2025.
Em evento de comemoração aos 125 anos do Tribunal de Contas do Estado do Piauí, em Teresina, ele afirmou que a autoridade monetária está em posição conservadora e "dependente de dados" para futuras decisões sobre a taxa de juros no Brasil, com "todas as alternativas na mesa" para a reunião de setembro do Copom (Comitê de Política Monetária).
Na análise de André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, plataforma de transferências internacionais, as declarações impulsionaram o real, impedindo uma desvalorização maior.
"O discurso de Galípolo foi bem recebido pelo mercado, especialmente após o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira ter apontado uma nova rodada de desancoragem nas expectativas de inflação, mesmo diante da possibilidade de uma política monetária mais restritiva nos próximos meses."
A agenda macroeconômica do país guarda dados relevantes para a tomada de decisão do BC. Além do IPCA-15, divulgado nesta terça-feira, estão previstos os relatórios do mercado de trabalho Caged e Pnad Contínua na quinta-feira e sexta-feira, respectivamente. O último dia da semana também é o prazo final para envio do Projeto de Lei Orçamentário Anual de 2025 ao Congresso.
Já a Bolsa renovou o recorde histórico mais uma vez no pregão de segunda, com alta firme de 0,94%, aos 136.888 pontos.
O fechamento desbancou a última marca de 136.463 pontos, atingida na sessão de 21 de agosto. Na máxima do dia, chegou a bater 137.013 pontos.
O fôlego desta segunda decorreu da disparada as ações da Petrobras, a empresa de maior peso no Ibovespa. Os papéis preferenciais e ordinários da petroleira avançaram 7,16% e 8,96%, respectivamente, marcando um ganho de R$ 40,9 bilhões em valor de mercado -o equivalente a uma PetroRio, segundo dados da consultoria Elos Ayta.
A forte valorização da estatal veio na esteira da alta de mais de 2% do petróleo Brent no exterior, em meio às tensões no Oriente Médio.
Além disso, o banco americano Morgan Stanley elevou a recomendação de "neutra" para "compra" dos recibos da Petrobras negociados em Nova York, os chamados ADRs. Além disso, o preço-alvo subiu de US$ 18 para US$ 20.
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