Ucrânia perde F-16 na primeira ação do caça, diz jornal

Os aviões chegaram oficialmente à Ucrânia no começo do mês, após uma longa pressão por parte dos ucranianos

© Força Aérea

Mundo Guerra 29/08/24 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Ucrânia perdeu um caça americano F-16 logo na primeira vez em que o modelo entrou em combate, na segunda-feira (26). O avião caiu por um erro do piloto, segundo relatou nesta quinta (29) o Wall Street Journal, citando informações de militares dos EUA.

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A Força Aérea de Volodimir Zelenski não comentou ainda o assunto. Se confirmada, a queda do caça não muda em nada o rumo da guerra contra a invasão russa do país, mas é um enorme golpe para a moral ucraniana.

Os F-16 estrearam em ação, segundo o próprio presidente disse, para abater alguns dos 127 mísseis lançados contra o país na maior ação do tipo no conflito, em que a Rússia empregou também 109 drones. Sem precisar quantos abates foram feitos pelos caças, Kiev disse ter interceptado 102 mísseis e 99 aviões robôs.

Os aviões chegaram oficialmente à Ucrânia no começo do mês, após uma longa pressão por parte dos ucranianos. Os números iniciais variam de seis a dez aparelhos, segundo especulações de observadores militares, mas não há certeza sobre isso.

Kiev disse esperar ter até 30 aparelhos no fim do ano, mas é uma previsão otimista. O processo de incorporação de um novo vetor a uma Força Aérea é lento: pilotos, operadores em solo e pessoal de manutenção têm de ser treinados. Isso demoveu a Suécia de enviar Gripen usados e, até aqui, fez ser apenas uma promessa da França a doação de modelos Mirage-2000.

Até aqui, a Força Aérea ucraniana operava modelos de origem soviética. No caso de caças, MiG-29 e Su-27, em versões mais antigas do que as usadas pelos russos. Contando aviões de ataque Su-25 e bombardeiros Su-24, o país tinha 124 aeronaves de combate antes da guerra.

Segundo o site especializado em monitorar perdas militares, ao menos 98 delas foram derrubadas. Polônia e Eslováquia haviam rompido o tabu da Otan (aliança militar ocidental) de fornecer caças no ano passado, após longa protelação pelo temor dos Estados Unidos de que tal ação implicaria uma escalada perigosa com a Rússia.

Não se sabe quantos MiG-29 do antigo arsenal do Pacto de Varsóvia foram enviados pelos dois vizinhos ucranianos, mas a medida incentivou Kiev a pedir mais. Ao longo de 2023, a pressão levou a Dinamarca a montar a chamada coalizão dos caças, reunindo parceiros europeus da Otan.

O avião mais disponível na aliança é o F-16, que vem sendo gradativamente substituído pela maioria dos países pelo moderno F-35. Essa sobra levou dinamarqueses, holandeses, noruegueses e belgas a prometer de 80 a 95 aparelhos, um processo que levará anos para ser completado.

Os EUA cederam e deram o aval para o envio, necessário por serem o fabricante do caça, o mais popular do mundo, que completou 50 anos de seu primeiro voo em janeiro.

O presidente russo, Vladimir Putin, desdenhou do envio, afirmando que os F-16 seriam derrubados como qualquer outro avião. Mas talvez não esperasse um golpe publicitário dessa magnitude no primeiro dia de ação dos caças.

De todo modo, Putin ordenou o bombardeio de bases potenciais do avião, posicionadas no oeste ucraniano, mais distante das linhas de frente da guerra. Na terça (27), fez uma grande ação que blogueiros militares russos disseram ter destruído dois F-16 em Ivano-Frankivsk, mas não há confirmação disso.

Nesta quinta, houve o terceiro grande ataque da semana, com 74 drones e 5 mísseis sendo disparados por Moscou contra a rede energética ucraniana. Kiev disse ter abatido 60 aviões robôs e 2 dos projéteis.

O F-16 não é nenhuma bala de prata na guerra, mas aumenta as capacidades de Kiev. Para de fato poder garantir algum domínio dos céus do país a Zelenski, o presidente disse que seriam necessários 130 aviões, algo ilusório no momento.

Ele disse ter debatido o emprego dos modelos contra alvos na Rússia, algo polêmico na Otan. Os países que enviaram os aviões aprovaram o uso, mas há um embargo americano para que armas de precisão de longa distância sejam usadas em alvos dentro do país de Putin.

Por ora, armamentos ocidentais têm sido usados na invasão ucraniana da região de Kursk, no sul russo, que de todo modo está em marcha lenta após a surpresa inicial, há três semanas. Há sinais de que Putin não está empregando força máxima na defesa ali, como seria de se esperar, e segue focando no leste da Ucrânia.

O comandante das forças de Kiev, general Oleksandr Sirskii, disse nesta quinta que os combates na região de Donestk estão "excepcionalmente duros", e que os rivais estão "empregando tudo o que têm" para conquistar o estratégico entrocamento ferroviário de Pokrovsk -que pode levar ao colapso da defesa total da província.

Também nesta quinta, o Ministério da Defesa russo disse ter conquistado mais duas vilas na região, mantendo o avanço constante que registra desde fevereiro, quando retomou a iniciativa na guerra.

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