Condoleezza Rice compara China a União Soviética e alerta para conflito geopolítico com os EUA

Condoleezza Rice acaba de publicar na revista Foreign Affairs um longo ensaio sobre os perigos do isolacionismo dos Estados Unidos

© Reuters

Mundo EUA 03/09/24 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Condoleezza Rice, do Partido Republicano, tinha 51 anos quando o presidente George W. Bush a nomeou secretária de Estado. Cientista política e diplomata, ela acaba de publicar na revista Foreign Affairs um longo ensaio sobre os perigos do isolacionismo dos Estados Unidos.

PUB

 

Os americanos ficaram deliberadamente isolados em períodos delicados de sua história, como no início da Segunda Guerra Mundial até que o Japão os atacasse em 1941 em Pearl Harbor. Depois do conflito mundial veio a Guerra Fria, que Washington venceu ao apressar em 1989 o fim da União Soviética.

Mas a nova Guerra Fria, argumenta Rice, tem na mira a China de Xi Jinping. Os chineses demonstram uma avidez ilimitada por territórios: têm ambições no Japão, nas Filipinas, no Vietnã e sobretudo em Taiwan, onde, não fosse pela certeza de uma resposta militar americana, já teriam aplicado à "província rebelde" a mesma receita anexionista de Hong Kong.

Washington não apoia uma ruptura em Taiwan. Em 2003, o então presidente Bush censurou o referendo proposto pelo presidente taiwanês que tinha cheiro de declaração de independência.

Rice nota uma diferença curiosa entre a ex-União Soviética e a atual China. O Kremlin exigia que países alinhados do Leste Europeu adotassem um papel-carbono de Moscou. A repressão à Hungria e à Tchecoslováquia ocorreu por isso. Mas os chineses respeitam heterodoxias socialistas. O que complica o monitoramento americano.

Outro fator é a correlação de forças com os chineses, diz Condoleezza Rice. A China tem hoje a maior marinha militar do planeta. São mais de 370 embarcações de superfície e submarinos. Ademais, seu arsenal nuclear sofre de um crescimento descontrolado caso o comparemos ao arsenal russo, que se adaptou a um equilíbrio ao número de bombas armazenado pelos americanos.

E teremos três grandes arsenais: o russo, o do Pentágono e o chinês, sem a negociação de uma rede de proteção que existia na Guerra Fria e quando o jogo era apenas bilateral.

Ao lado do plano militar, Xi Jinping lançou publicamente um desafio. Visava a engenheiros e à comunidade científica chinesa e não necessariamente aos Estados Unidos. Mas afirmou que em campos tão diversos quanto a inteligência artificial e a computação quântica Pequim ultrapassaria os americanos por volta de 2035.

Pode até ser, o que deixou os Estados Unidos de manguinhas de fora. O problema não consiste, no entanto, em repisar diferenças, mas em insistir num jogo que valorize as proximidades. É justamente o caminho que contorna o isolacionismo e permite alguma forma de convivência estratégica.

O comércio surge mais uma vez como o bom caminho. Rice cita um dado eloquente. A partir de 2001, quando a China ingressou na OMC (Organização Mundial do Comércio), a relação comercial sino-americana foi multiplicada por cinco e atinge hoje a cifra de US$ 120 bilhões ao ano. O aumento justifica o otimismo de uma dirigente americana partidária do livre comércio e da economia de mercado. Uma escala que supõe o abandono do isolacionismo, no qual os países pouco comercializam entre si.

Exemplo de isolacionismo é dado pela Rússia, assinala Rice. A qual anexou a Crimeia em 2014 e invadiu a Ucrânia em 2022. Quis virar império e se isolou.

The Perils of Isolationism

Onde: Foreign AffairsAutoria: Condolezza RiceLink: https://www.foreignaffairs.com/united-states/perils-isolationism-condoleezza-rice

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

politica QUAEST-PESQUISA Há 7 Horas

Pesquisa Quaest aponta cenário apertado na disputa por SP; veja

mundo Itália Há 7 Horas

Babá de 22 anos é presa após corpos de bebês serem achados em seu quintal

fama EUA Há 8 Horas

Bailarina e mãe morrem com apenas um dia de diferença

justica Araxá Há 7 Horas

Jovem de 21 anos se perde das amigas e é estuprada por dois homens em MG

politica Justiça Há 7 Horas

Qual a participação de Marçal em furto a banco e por que o caso prescreveu? Entenda

fama Educação agora mesmo

Colégio nega matrícula para filhos de Ronaldo e Georgina Rodríguez

tech Oriente Médio Há 9 Horas

O que são 'pagers', como funcionam e de que forma foram usados em ataque?

mundo EUA Há 9 Horas

Casal morre afogado no Havaí durante férias e deixa filho de 18 meses

fama ALEXANDRE-CORREA Há 9 Horas

Alexandre Correa detona festa de noivado de Ana Hickmann e pede justiça

fama Ed Sheeran Há 9 Horas

Jovem sai para correr e é surpreendida por Ed Sheeran; veja as imagens