© Ricardo Moraes / Reuters
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O valor para abandonar as obras de Angra 3 é próximo ao de finalizá-las, segundo estudo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) entregue à Eletronuclear nesta terça-feira (3).
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De acordo com o relatório, o custo para desistir do empreendimento pode passar de R$ 21 bilhões, enquanto o de concluir a construção da usina nuclear é avaliado em torno de R$ 23 bilhões.
A retomada das obras depende de análises a serem feitas pelo governo com base no estudo, que concluiu que a tarifa necessária para cobrir o investimento é de R$ 653,31 por MWh. Segundo a Eletronuclear, este valor é inferior à média das térmicas do Sudeste, de R$ 665.
Segundo a Eletronuclear, o material será entregue ao Ministério de Minas e Energia e aos acionistas –a estatal ENBPar e a Eletrobras. A empresa privada responde por 35,9% das ações, enquanto a União tem 64,1%.
A decisão ficará a cargo do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética).
"Esta é uma etapa crucial para a continuidade da obra e determinação da tarifa de comercialização da energia que será gerada pela usina. Estamos confiantes de que as obras deslanchem em breve e que o setor nuclear volte a ser pujante no Brasil", disse o presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo, em nota divulgada pela empresa.
"Aos que ainda questionam este aspecto, é importante destacar que os custos para desistir de Angra 3 também não são baixos. A diferença é quem vai pagar essa conta", disse Lycurgo.
A obra de Angra 3 se arrasta há 39 anos, está paralisada desde que foi investigada pela Operação Lava-Jato e foi herdada pela Eletrobras no processo de privatização da companhia, concluído em 2022. O progresso das obras é estimado em 66%.
Técnicos que participaram da construção do modelo da privatização afirmam, sob reserva, que a União abriu mão de receber um valor maior naquele momento em troca de dividir o risco de Angra 3 com a iniciativa privada.
A empresa, por sua vez, não vê vantagem na usina e agora vê chance de se livrar da obrigação bilionária no empreendimento em troca da demanda do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por mais assentos nos conselhos de administração e fiscal da Eletrobras.
A eventual retomada das obras de Angra 3 vai exigir um aporte imediato de até R$ 5,2 bilhões, dos quais R$ 3,33 bilhões seriam injetados pelo Tesouro Nacional, enquanto outro R$ 1,87 bilhão sairia do caixa da Eletrobras. O ministro Alexandre Silveira defende a conclusão das obras.
Segundo a Eletronuclear, a geração da unidade será suficiente para atender 4,5 milhões de habitantes.