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SANDRO MACEDOPARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) - Foi um 7 de Setembro inesquecível para a delegação brasileira nos Jogos Paralímpicos de Paris. O Dia da Independência no Brasil ficará marcado com alguns recordes históricos.
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A delegação do país alcançou neste sábado (7) a melhor campanha entre todas as Paralimpíadas, terminando o penúltimo dia de provas com 86 medalhas no total, com 23 de ouro, 25 de prata e 38 de bronze. O número supera com folga as 72 medalhas de Tóquio, com 22 ouros, 20 pratas e 30 bronzes.
Só neste sábado o Brasil conquistou mais 16 medalhas, batendo também a marca de mais pódios em um único dia –que também foi em solo francês, na segunda-feira (2), com 11 pódios.Modalidades diferentes estiveram entre os destaques, mas o judô se sobressaiu, com três novos campeões na Arena Campo de Marte.
O triunfo da paulista Rebeca Silva contra a cubana Sheyla Estupinan teve um gostinho de vingança na final acima de 70 kg para mulheres (J2).
Estupinan havia derrotado a brasileira na semifinal do Parapan de 2023 em golpe contestado (o juiz havia interrompido a luta antes do golpe, mas considerou a entrada da cubana). "Estava muito engasgada essa vitória, agora desengasgou", brincou Rebeca, que tem deficiência visual por conta da genética da família.
Já o potiguar Arthur Silva, 32 (que começou a perder a visão aos 2 anos e ficou cego aos 18), derrotou o britânico Daniel Powell no peso até 90 kg, categoria J1, também em luta travada.
Pouco depois, o favorito Wilians Araújo precisou de menos de um minuto para conquistar o ouro entre os atletas acima de 90 kg (J1). O paraibano dedicou a vitória à filha de 1 ano e 7 meses. Depois da luta, o judoca dedicou a vitória à filha Carolina, de 1 ano e sete meses. "É tudo por ela, quero que ela tenha muito orgulho do pai que ela tem, uma pessoa com deficiência que conseguiu vencer através do esporte."
Wilians perdeu a visão aos 10 anos após uma espingarda disparar acidentalmente.
Em Paris, pela primeira vez o judô separou os atletas em duas categorias de deficiência visual: J1 (cegos totais ou com percepção de luz) e J2 (atletas que conseguem definir imagens).
"Agora, lutando com atletas cegos como eu, ficou mais nítido o tanto que eu trabalho para ter um desempenho bom. Um cego demora mais para evoluir", afirma Arthur. "Sempre lutei com atletas que tinham bastante visão", conta.O judô teve ainda um bronze (Marcelo Casanova, até 90 kg, J2) e uma prata (Erika Zoaga, acima de 70 kg, J1).
Se Wilians dedicou o título à filha, Mariana d'Andrea homenageou o pai, morto há pouco mais de um ano, ao conquistar o ouro no levantamento de peso, categoria até 73 kg, na Arena Porte de La Chapelle.
Em uma prova com cinco recordes paralímpicos, Mariana prevaleceu com a nova marca da prova, 148 kg, e repetiu o título de Tóquio-2020.
Os outros dois ouros do dia vieram do atletismo feminino: Rayane Soares venceu os 400 m, categoria T13, com direito a recorde mundial; já Jerusa Geber apenas igualou a marca paralímpica em seu triunfo nos 200 m, categoria T11 (ambas as classes são para deficientes visuais).
A modalidade teve ainda outros pódios no dia, incluindo um duplo nos 200 m da T37 (com Ricardo Mendonça e Gabriel Costa).
Depois de perder nos pênaltis para a Argentina, o futebol de cegos conquistou um bronze para os esportes coletivos ao vencer a Colômbia por 1 a 0.
O dia ainda teve prata e bronze na canoagem, com Luiz Carlos Cardoso e Miqueias Elias Rodrigues; e um bronze com Lídia Cruz na natação (50 m costas, S4).