Acharam abraçada com o pai, diz tio de brasileira morta em ataque no Líbano

Segundo o tio da adolescente, Ali Bu Khaled, 47, a família saiu da residência quando começaram os ataques na manhã da última segunda-feira (23). Porém, depois de a situação aparentemente se acalmar, o pai da adolescente, Raef Nasser, 46, decidiu voltar para pegar roupas.

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Mundo Líbano Há 4 Horas POR Folhapress

HYGINO VASCONCELLOSBALNEÁRIO CAMBORIÚ, SC (FOLHAPRESS) - A brasileira Mirna Raef Nasser, 16, que foi vítima de um bombardeio no sul do Líbano, foi encontrada abraçada com seu pai próximo da porta de saída da casa da família. Os dois não sobreviveram.

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Segundo o tio da adolescente, Ali Bu Khaled, 47, a família saiu da residência quando começaram os ataques na manhã da última segunda-feira (23). Porém, depois de a situação aparentemente se acalmar, o pai da adolescente, Raef Nasser, 46, decidiu voltar para pegar roupas.

"Ele ia sozinho e a menina [Mirna] não deixou. Ela falou: 'e se acontece alguma coisa? Se acontecer, eu estou junto com você'. Ela era muito apegada nele. Aí ela foi com ele e até mandou mensagem para a mãe dela [dizendo]: 'se acontecer alguma coisa, como meu pai falou, vocês me desculpam'", conta o tio.

A adolescente brasileira Mirna Raef Nasser foi morta após ataque israelense ao Líbano, na segunda-feira (23) Reprodução Uma jovem está posando ao lado de um carro. Ela usa uma camiseta de manga longa lilás com a palavra 'ZARA' escrita em preto e um lenço preto na cabeça. A casa foi atingida por três mísseis. O primeiro deles acabou não explodindo, o que fez pai e filha correrem para a saída. Mas eles não tiveram tempo suficiente para deixarem o local, afirma o tio.

"Eles foram encontrados abraçados. Ele tinha abraçado a menina e estava saindo da casa. Atacaram a casa, e o primeiro [míssil] não explodiu", diz Khaled.

Khaled mantinha contato frequente com o irmão. Na manhã de segunda, ele tentou contato duas vezes com Raef em um aplicativo de mensagens, sem sucesso. Em seguida, ele ficou sabendo da morte de outro brasileiro, Ali Kamal Abdallah, na mesma região. Preocupado, ele voltou a tentar contato depois do meio-dia, mas não houve confirmação de recebimento da mensagem.

"Esse número [de celular] está com ele há 15 anos e ele nunca deixou de responder. Eu consegui confirmar que atacaram [a residência], mas ninguém sabia se ele estava na casa porque a casa sumiu. Não ficou nada lá. Nem o carro ficou na frente da casa para o pessoal dizer que ele estava em casa. Aí depois a mulher dele confirmou que ele estava na casa", diz o tio.

Raef chegou ao Brasil quatro anos depois do irmão, em 2000. A família costumeiramente viajava para o Líbano, mas, em uma dessas ocasiões, na qual ficou três meses, Raef decidiu voltar para o Oriente Médio após conseguir um emprego.

Raef colocou na balança o salário recebido no Brasil e oferecido no Líbano. Como não havia muita diferença, aceitou a proposta e retornou em 2009. Na época, Mirna, que nasceu em Balneário Camboriú (SC), tinha apenas 1 ano e dois meses. Recentemente, a família planejava levá-la para conhecer o Brasil.

"A Mirna ia vir porque ela nasceu aqui, e a gente iria trazê-la para um passeio para conhecer. Meu irmão [que também mora no Brasil] estava lá e falou: 'vou te levar no ano que vem para o Brasil para você conhecer onde você nasceu, você tem direito'. E o pai dela só falou assim: 'ano que vem vou fazer o passaporte para você, vai lá na embaixada'", conta o tio.

A jovem era estudiosa e, devido ao bom desempenho na escola, chegava a ser chamada de professora. Além da mãe, ela deixa outros três irmãos.

"Ela era muito brincalhona, todo mundo gostava dela na cidade, na escola. De tão inteligente que ela era na escola, não chamavam de aluna, mas de professora", relembra o tio.

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