© Sergio Moraes/Reuters
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A Justiça do Rio de Janeiro condenou a cinco anos de prisão Edilson Barbosa dos Santos, conhecido como Orelha, acusado de ser o responsável pela destruição do veículo utilizado na morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista Anderson Gomes.
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Orelha foi preso em fevereiro após investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro confirmar informações dadas na delação do ex-PM Élcio de Queiroz, responsável por conduzir o carro de onde o ex-PM Ronnie Lessa confessou ter disparado contra as vítimas.
O advogado Felipe Souza, que defende Orelha, afirmou que vai recorrer da decisão.
"A sentença foi baseada apenas na delação do Élcio. E a delação tem que vir de outros elementos de prova. A pena também foi exagerada porque ele é réu primário", disse o advogado.
Na sentença, o juiz Renan Ongaratto, da 37ª Vara Criminal, afirma que a destruição do carro dificultou a investigação do caso, "prejudicando a confiança dos cidadãos nas instituições responsáveis pela observância da lei e manutenção da ordem pública".
"A destruição do carro embaraçou as investigações daqueles homicídios, impossibilitando a realização de perícia criminal no veículo e, assim, contribuindo para que os executores dos crimes somente se tornassem suspeitos de seu cometimento quase um ano após a ocorrência das infrações e, por conseguinte, contribuindo para que os suspeitos de serem os mandantes só se tornassem conhecidos neste ano de 2024, seis anos após as mortes", afirmou o magistrado.
Segundo o Gaeco (Grupo de Atuação Especializada contra o Crime Organizado), Orelha impediu e atrapalhou as investigações do caso ao destruir o carro em um desmanche no morro da Pedreira, na zona norte do Rio.Ainda de acordo com os promotores, o suspeito é conhecido de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, ambos presos desde 2019, acusados de matar a vereadora e seu motorista.
Em sua delação, Queiroz afirmou que Orelha foi acionado pelo ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, para se livrar do veículo usado no atentado. Suel também está preso por envolvimento no crime, desde julho do ano passado.
Investigação da Polícia Federal apontou que a morte de Marielle foi encomendada pelos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, presos desde março deste ano. Segundo denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República), os dois nutriam divergências políticas com o PSOL, acirradas pela atuação da vereadora na Câmara Municipal contrária aos interesses da família. Os dois negam ter participado do crime.
Também é acusado de participar do planejamento do crime o delegado Rivaldo Barbosa, chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro à época do crime. A PGR afirma que ele deu orientações sobre como o homicídio deveria ser executado a fim de dificultar sua elucidação. Ele nega a acusação.