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Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB) protagonizaram os principais embates do debate de maior alcance do primeiro turno, realizado pela TV Globo na noite de quinta-feira, 3. Criticado por todos os adversários, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) defendeu sua gestão, buscou fazer acenos ao eleitorado de direita e bolsonarista que disputa com Marçal, mas evitou embates diretos com o ex-coach.
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A exceção foi quando o prefeito se posicionou sobre o boletim de ocorrência por violência doméstica registrado por sua mulher em 2011, novamente mencionado pelo candidato do PRTB.
Os candidatos demonstraram mais moderação do que nos encontros anteriores e evitaram se exaltar perante os telespectadores. A exceção à regra foi Marçal, que conseguiu se controlar até irritar-se com Boulos, que disse que ele indicou "o time do Doria" para sua equipe e perguntou por que "ele odeia tanto as mulheres".
A provocação do deputado federal não foi por acaso: Boulos vence Marçal no segundo turno, mas perde para Nunes, de acordo com as pesquisas. Por isso, preferiu polarizar com o ex-coach em vez do prefeito.
Nas últimas semanas, Marçal anunciou que dois ex-secretários de Doria, Filipe Sabará e Wilson Pollara, farão parte de sua eventual equipe de governo. "Eu estou achando muito esquisito o perfil que o Marçal adotou hoje", disse o candidato do PSOL. "Ele quer posar de bonzinho. É lobo em pele de cordeiro", continuou.
Marçal respondeu que indicou Sabará e Pollara justamente porque eles romperam com o ex-prefeito e ex-governador e subiu o tom ao dizer que a pergunta sobre as mulheres é coisa de "esquerdopata maluco".
"Quem não gosta de mulher é alguém que está aqui que tem boletim de ocorrência por violência doméstica", afirmou o candidato do PRTB, referindo-se a Nunes, sem citá-lo nominalmente. O prefeito nega ter agredido a esposa. "Boulos é depredador de patrimônio público e apoiador de 'rachadinha'", continuou Marçal.
Em seguida, o candidato do PRTB voltou a insinuar que Boulos é usuário de drogas e disse que ele "flerta com o crime". Pela primeira vez desde que as acusações infundadas começaram, o deputado do PSOL disse que fez um exame toxicológico e exibiu o resultado negativo ao vivo. Ele recebeu uma advertência, já que não era permitido mostrar documentos para a câmera.
Depois de não responder Marçal no debate da Folha de S.Paulo na segunda-feira sobre o tema, Nunes disse, já nas considerações finais, que o boletim de ocorrência registrado por sua esposa não trata de agressão física, mas sim de uma discussão por telefone e mensagem.
"Eu sou casado há 27 anos, amo minha esposa. A gente está bem", disse o prefeito, acrescentando que Marçal foi covarde ao mencionar o caso. "É injusto o que ele faz, porque ele é malvado, ele é ruim", completou.
Com a indefinição sobre quem vai para o segundo turno - pesquisa Datafolha publicada na quinta-feira (3) aponta empate triplo - Nunes e Marçal duelaram pelo eleitorado de direita, especialmente os eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O levantamento aponta que o ex-coach tem vantagem de 19 pontos porcentuais sobre o prefeito neste grupo, vencendo por 51% a 32%.
Nunes, que normalmente se diz de centro, buscou se apresentar como um prefeito liberal que reduziu impostos de serviços como streaming e aplicativos. Ele também defendeu o endurecimento de pena contra criminosos e citou sua aliança com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). "Para que possamos fomentar a economia, é de fundamental importância a atração de empresas para nossa cidade", disse.
Na mesma toada, Nunes citou obras e ações realizadas pela sua gestão e defendeu uma série de concessões realizadas à iniciativa privada, como as do Anhembi, do Parque Ibirapuera e a da gestão dos cemitérios. "Isso é algo fundamental. Preciso falar do coração. Era terrível o serviço funerário. Uma corrupção danada, vai ficar muito melhor", disse o prefeito.
Ele foi rebatido por José Luiz Datena (PSDB), que em tom mais brando do que vinha adotando em relação ao prefeito, discordou. "Olhando nos seus olhos, Ricardo. Não sou contra concessões, agora o aumento do (preço do) sepultamento é quase impossível (pagar)", disse o apresentador. "Não acredito que você seja bandido, criminoso. Mas você precisa se informar melhor com sua equipe. Te passaram uma grande mentira", acrescentou o tucano.
Já Marçal se colocou como cristão, conservador, empresário de sucesso e um candidato antissistema que não tem tempo de propaganda eleitoral nem utiliza dinheiro público. Ele prometeu ensinar empreendedorismo nas escolas e promover "jejum de crime" no primeiro mês de seu governo, sem esclarecer como alcançará esse resultado.
"Vamos acabar com esse governo do Kassab e do Doria", disse, citando dois desafetos do bolsonarismo. "Sou o único candidato de direita, os outros todos são de esquerda."
Em busca de tentar neutralizar o voto útil em Boulos, Tabata Amaral (PSB) repetiu a estratégia adotada nos debates anteriores e acusou o candidato do PSOL de mudar seus posicionamentos em temas como parcerias público-privadas, armamento da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e terceirização da gestão das creches. "Você pode pensar o que quiser. O que não dá é na véspera da eleição sair revendo tudo que você pensa por uma questão eleitoral", criticou.
Boulos lamentou o tom da deputada, que assim como ele integra a base do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse que defende que as creches conveniadas tenham as mesmas condições das que são administradas pela Prefeitura e argumentou que nunca defendeu o desarmamento da GCM. "Sofro tantas mentiras e ataques justamente por minhas posições. Para mim política não é vale-tudo, não é atacar a qualquer custo", respondeu.
Tabata também adotou postura crítica em relação a Nunes, questionando os resultados da gestão do emedebista na educação, na saúde e na segurança. "A gente merece ou não merece mais? Esse prefeito é fraco", disse ela. "É fácil ficar só criticando. Em seis anos de mandato, vimos pouquíssimo da sua ajuda para São Paulo", rebateu Nunes.
O debate marcou a última vez que os candidatos puderam falar diretamente com os eleitores pela televisão antes do primeiro turno no domingo, 6. A partir desta sexta-feira, não há mais horário eleitoral gratuito. Também está proibido o impulsionamento de conteúdos nas redes sociais.
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