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O vice-presidente da Abecs, Ricardo Vieira, afirma que a entidade defende a proibição do uso de ferramentas atreladas a financiamentos para o pagamento das apostas. Uma delas é o Pix financiado por meio do limite do cheque especial, modalidade que alguns bancos e fintechs têm oferecido para clientes que precisam pagar compras, mas não têm saldo em conta.
"Uma forma de se eliminar o superendividamento é fechar o acesso do Pix a operações de crédito, automáticas ou não, para efeito [de pagamento] de jogos", disse Vieira ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado).
O volume financeiro exato pago via cartões para as bets não foi informado pelo executivo. Esse e outros dados serão discutidos em uma reunião da diretoria da Abecs ainda nesta terça-feira, 1º. O encontro, de caráter extraordinário, foi marcado para discutir outros temas, mas o uso dos cartões no pagamento das apostas foi incluído na pauta.
O governo proibirá o uso de cartões de crédito para pagar as apostas esportivas a partir de janeiro do ano que vem. No entanto, os bancos defendem a antecipação dessa proibição, e associações que representam empresas de apostas também afirmaram que devem antecipar a vedação.
O setor de cartões tem acompanhado a evolução do mercado desde a regulamentação feita pelo governo federal, no ano passado, e os estudos ganharam tração junto com as discussões sobre o possível impacto das bets sobre o endividamento das famílias.
Aperto na renda
Vieira afirma que o tema preocupa o setor não necessariamente pelo aumento das dívidas em cartão, mas pelo possível aperto da renda das famílias. "A renda não é tão grande, e ser utilizada para esse tipo de atividade nos preocupa muito", diz ele. O fórum da Abecs, que reúne emissores de cartão, deve criar ainda este mês um grupo para discutir o impacto das bets no endividamento.
Na semana passada, o Banco Central divulgou estudo que apontou que brasileiros apostam em média R$ 20 bilhões por mês, e que cerca de 24 milhões de pessoas participaram desse mercado, fazendo pelo menos um Pix para uma casa de apostas nos primeiros oito meses deste ano.
Um dos dados que chamaram a atenção na pesquisa do BC foi o que apontou que 5 milhões de pessoas de famílias beneficiárias do Bolsa Família enviaram R$ 3 bilhões às bets via Pix, com gasto médio por pessoa de R$ 100. "O BCB está atento ao tema e precisa ainda de mais dados e tempo para avaliar com maior robustez suas implicações para a economia, a estabilidade financeira e o bem-estar financeiro da população", disse o regulador.
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