De um lado, o atual prefeito Sebastião Melo (MDB), líder nas pesquisas, tem como vice a militar Betina Worm (PL), mas se equilibra para não desagradar à parcela do eleitorado avessa à administração do ex-presidente Jair Bolsonaro. Já Maria do Rosário (PT) não chega a esconder o aliado Luiz Inácio Lula da Silva, mas faz gestos ao centro, se dizendo favorável a bandeiras nem sempre alinhadas à prática petista.
Pesquisa Quaest divulgada ontem com os votos válidos da disputa mostrou Melo com 50%, e a candidata do PT com 26%. Ela está empatada tecnicamente com Juliana Brizola (PDT), que tem 23%. A margem de erro é de 3 pontos porcentuais para mais ou para menos.
"A polarização passou ao largo aqui. A vice de Melo é um segredo escondido à luz do dia, e o prefeito evitou os temas sensíveis da política de costumes. Os temas que mais mobilizaram foram a enchente ocorrida na cidade e questões como vagas em creche", diz o cientista político da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Rodrigo Stumpf.
Melo segue, de novo, o roteiro que deu a ele a vitória em 2020. À época, o emedebista já contava com o apoio de Bolsonaro, mas usou a justificativa de que estava amparado por uma ampla coligação partidária para modular o discurso. Esse cenário se repete neste ano, em que lidera uma frente com oito legendas. Seus discursos não citam cabos eleitorais e focam a defesa de marcas do primeiro mandato.
Já Maria do Rosário, ex-ministra dos Direitos Humanos no governo de Dilma Rousseff, faz gestos ao centro na tentativa de atenuar a rejeição de eleitores avessos à esquerda. Ela promete se manter fiel à responsabilidade fiscal e disse ter votado, como deputada federal, a favor do projeto que acabou com as saídas provisórias de presos. Lula não esteve em nenhuma agenda com a candidata na capital. O presidente apareceu apenas em vídeos gravados para peças de campanha.
Na avaliação de Stumpf, a estratégia abriu espaço para que os votos da esquerda se dividissem entre a petista e Juliana Brizola, neta do ex-governador Leonel Brizola. Ela se apresentou como uma candidata mais próxima do centro e recebeu apoio do atual governador do Estado, Eduardo Leite (PSDB). "A decisão de Maria do Rosário de fazer uma candidatura de centro deixou menos clara a diferença entre ela e Juliana Brizola. Isso talvez tenha contribuído para uma divisão dos votos da esquerda."
CURITIBA
Já a eleição municipal na capital do Paraná tem na dianteira das pesquisas o atual vice-prefeito, Eduardo Pimentel (PSD). Apoiado por Bolsonaro, ele preferiu focar em temas locais, como transporte público e vagas em creches. Pesquisa Quaest trouxe o candidato com 30% dos votos válidos, ante 26% de Cristina Graeml (PMB). Considerando a margem de erro de 3 pontos para mais ou para menos, eles estão empatados tecnicamente.
A atual administração é alvo de críticas devido ao valor da tarifa de transporte público local, de R$ 6. Esse tema mobilizou as campanhas. Luciano Ducci (PSB), com 23% das intenções de votos, prometeu gratuidade aos domingos, e Pimentel, cortar pela metade o valor nos mesmos dias.
"É mais difícil trazer os critérios das eleições nacionais para as cidades. Em Curitiba, tanto o lavajatismo quanto o bolsonarismo não apresentaram cabeças de chapa. Entraram como vice. Isso tornou difícil essa vinculação com a política nacional", avalia Emerson Urizzi Cervi, professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
FLORIANÓPOLIS
A capital de Santa Catarina é a única das três do Sul em que as pesquisas indicam possibilidade de vitória já no primeiro turno. Segundo a Quaest, o atual prefeito, Topázio Neto (PSD), aparece com 53% dos votos válidos. A seguir, vêm Marquinho (PSOL), com 21%, e Dário Berger (PSDB), com 14%. A margem de erro é de três pontos porcentuais.
O atual mandatário tem como principal cabo eleitoral o governador do Estado, Jorginho Mello (PL), com quem costuma aparecer em atos de campanha. No entanto, a parceria entre eles é tratada mais do ponto de vista de gestão, diz o cientista político da Universidade Federal de Santa Catarina Julian Borba. "Bolsonaro foi um personagem ausente na campanha. Jorginho Mello apareceu para mostrar a afinidade entre as duas gestões, não no sentido ideológico, mas do ponto de vista da administração".
O candidato do PT, Vanderlei Lela, foi o único que fez apelos à polarização nacional, reforçando seu vínculo com Lula. Ele está em quarto lugar nas pesquisas; à frente dele, há o ex-prefeito da cidade Dario Berger (PSDB).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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