Boulos mira eleitores de Tabata e Marçal no 2º turno e tem entraves para repetir frente ampla de Lula

A previsão é de uma agenda intensa de caminhadas, carreatas e encontros, sobretudo em áreas da periferia onde perdeu. A candidata a vice, Marta Suplicy (PT), também fará mais aparições

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Política GUILHERME-BOULOS 08/10/24 POR Folhapress

(FOLHAPRESS) - A campanha de Guilherme Boulos (PSOL) definiu prioridades para o segundo turno contra Ricardo Nunes (MDB), que incluem atrair eleitores de Tabata Amaral (PSB) e Pablo Marçal (PRTB) e repetir a ideia de frente ampla usada pelo presidente Lula (PT) em 2022, apesar da margem limitada para novos apoios.

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Boulos reuniu vereadores eleitos e dirigentes do PSOL e do PT nesta segunda-feira (7) para anunciar que todos retornarão às ruas para "ganhar voto num diálogo olho no olho".

A previsão é de uma agenda intensa de caminhadas, carreatas e encontros, sobretudo em áreas da periferia onde perdeu. A candidata a vice, Marta Suplicy (PT), também fará mais aparições.

O candidato do PSOL repetiu ataques a Nunes, afirmando que a "paridade de armas" do segundo turno, com tempos iguais no horário eleitoral, permitirá ao eleitor observar o contraste entre "os dois caminhos que estão colocados", tanto para a administração municipal quanto em relação a aliados.

Uma tônica da campanha agora é explorar a mensagem de que a maioria da cidade expressou um desejo de mudança, com 70% dos eleitores escolhendo outras opções que não Nunes.

"Vamos buscar dialogar com todos esses eleitores para formar a maioria necessária", disse o psolista, que quer atrair "os votos de todos que querem mudança". Aludindo à saída de Marçal, afirmou que, "a partir de agora, [a eleição] não é mais cena, tumulto, confusão. É continuidade versus mudança".

O resultado das urnas apontou um cenário embolado entre Nunes (29,48% dos votos válidos), Boulos (29,07%) e Marçal (28,14%). Tabata teve 9,91%, Datena, 1,84%, e Marina Helena (Novo), 1,38%.

A simulação de segundo turno entre Nunes e Boulos feita pelo Datafolha no sábado (5) mostrou que os eleitores de Tabata se dividiriam, com 47% deles migrando para o deputado e 44% optando pelo atual prefeito. Já os de Marçal vão em massa (70%) para Nunes, com apenas 7% cogitando o rival. Neste cenário, num confronto direto, Nunes alcançaria 52%, ante 37% de Boulos.

Questionado sobre a rejeição que sofre entre apoiadores do influenciador, Boulos disse ser possível converter a parte que está insatisfeita com a atual gestão. Para isso, pretende dar centralidade às suas propostas, mas sem deixar de apontar o que descreveu como "companhias" de Nunes.

"Política não é matemática simples. Existe um segmento do voto de outros candidatos que é ideológico, e que me rejeita por razões ideológicas, mas uma parte importante do eleitorado, independentemente de que candidato votou, expressa um sentimento de mudança", afirmou.

Membros de PT e PSOL recorrem ao exemplo da eleição de 2012 para manter a esperança de uma virada.

Naquele ano, Fernando Haddad (PT) terminou o primeiro turno com 28,98% dos votos válidos, atrás de José Serra (PSDB), com 30,75%. Celso Russomanno (PRB), o terceiro colocado, teve 21,60%. Na etapa seguinte, Haddad venceu, com 55,57%, enquanto Serra marcou 44,43%.

Tabata declarou voto em Boulos ainda neste domingo (6), mas avisou que não subirá em palanque e que seu voto será por convicção, não por negociação. O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), também anunciou apoio ao candidato do PSOL nesta segunda.

José Luiz Datena (PSDB) afirmou que não apoiará ninguém no segundo turno, mas a federação PSDB/Cidadania e o tucanato em nível nacional já decidiram que estarão com Nunes. O apresentador tem um histórico de amizade com Boulos, mas deve se manter publicamente neutro.

As tentativas de ampliação esbarram no fato de que Nunes reuniu em sua coligação no primeiro turno 12 partidos, incluindo vários da base do governo federal, a começar pelo MDB, passando por União Brasil e PSD. À exceção do PSB, a esquerda já estava aglutinada em torno da candidatura de Boulos.

Aliados do deputado do PSOL admitem que a possibilidade de uma frente contra a direita seria maior caso o rival fosse Marçal, pelo estilo mais radical do que o de Nunes, mas insistem agora em vincular o prefeito a Jair Bolsonaro (PL) para tentar criar uma coalizão antibolsonarista.

Segundo o Datafolha, 49% dos eleitores sabem do apoio do ex-presidente ao emedebista. A intenção da esquerda é martelar essa informação e sensibilizar os 64% de paulistanos que rejeitam votar num nome indicado por Bolsonaro –em relação a Lula, o percentual é de 51%.

A candidatura de Boulos também deseja reforçar a participação de Lula, tanto na propaganda quanto nas ruas. A presença dele na cidade dependerá da agenda presidencial, mas a previsão é que participe de ao menos duas atividades nos próximos dias, uma na zona sul e outra na leste.

Lula já tem uma viagem internacional prevista, para participar da cúpula do Brics, na Rússia, entre os dias 22 e 24. Além disso, o presidente tem relembrado interlocutores da campanha que, aos 78 anos –ele faz 79 no dia 27–, tem restrições físicas para atividades muito cansativas.

O petista esteve em uma caminhada na avenida Paulista no sábado (5), véspera da votação, após ter desmarcado e adiado outras atividades. Ele percorreu o trajeto sobre um carro, ao lado de Boulos, acenando para a militância e pulando nos momentos de maior empolgação.

O pleito de domingo teve abstenção de 27,34% dos eleitores, parcela para onde a campanha do PSOL também mira no segundo turno. A avaliação é que parte dos que deixaram de ir às urnas costuma apoiar candidatos da esquerda e se ausentou por falta de mobilização.

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