Inflação vai a 0,44% e se aproxima de teto da meta do BC; pressão vem do clima

No acumulado até agosto, o índice estava em 4,24%

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Economia Inflação 10/10/24 POR Estadao Conteudo

Depois de ter surpreendido o mercado e registrado queda de 0,02% em agosto, a inflação no Brasil voltou a acelerar em setembro. Segundo dados divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira, 9, o IPCA, índice oficial de inflação no País, ficou em 0,44% no mês passado, puxado principalmente pelo aumento da energia elétrica - que passou de -2,77% em agosto para 5,36% em setembro, com a vigência da bandeira tarifária vermelha patamar 1, que acrescenta R$ 4,463 na conta de luz a cada 100 quilowatts/hora (kWh) consumidos.

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Com o resultado de setembro, a inflação acumulada em 12 meses se aproximou bastante do teto da meta perseguida pelo Banco Central (BC), ficando em 4,42%. No acumulado até agosto, o índice estava em 4,24%. A meta da autoridade monetária é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos.

Para analistas, o risco de estouro da meta se tornou maior com o acionamento da bandeira vermelha patamar 2 neste mês de outubro, que acrescenta R$ 7,877 para cada 100 kWh consumidos. Além disso, a aceleração da inflação acaba dando mais força à decisão recente do BC de iniciar um ciclo de alta das taxas de juros - na última reunião do Copom, no mês passado, a Selic foi elevada de 10,5% para 10,75% ao ano.

Segundo o IBGE, fatores climáticos impulsionaram os preços dos produtos com grande peso na composição do IPCA (mais informações na pág. B2).

De acordo com o IBGE, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, dois tiveram maior influência nos resultados de setembro: habitação (1,80%) e alimentação e bebidas (0,50%), que contribuíram com 0,27 ponto e 0,11 ponto porcentual, respectivamente.

No grupo habitação, além do reajuste da energia, também se destacou o aumento do botijão de gás (2,40%).

No grupo alimentação e bebidas, segundo o IBGE, a alimentação no domicílio teve alta de 0,56%, após dois meses consecutivos de queda. "Foram observados aumentos nos preços do mamão (10,34%), da laranja-pera (10,02%), do café moído (4,02%) e do contrafilé (3,79%). No lado das quedas, destacam-se a cebola (-16,95%), o tomate (-6,58%) e a batata-inglesa (-6,56%)", diz a nota.

No grupo transportes, por sua vez, houve aumento significativo de preços das passagens aéreas (4,64%). "Em relação aos combustíveis (-0,02%), gasolina (-0,12%) e óleo diesel (-0,11%) apresentaram quedas, enquanto o etanol (0,75%) e o gás veicular (0,03%) registraram alta nos preços."

Meta mantida

O secretário de Política Econômica da Fazenda, Guilherme Mello, disse ontem que o governo ainda trabalha com a inflação de 4,25% no final do ano, portanto, dentro da meta. "Seguimos com a mesma projeção que divulgamos no último boletim macro fiscal", disse. DANIELA AMORIM E AMANDA PUPO

Seca pressiona preços; luz terá novo salto neste mês

Os aumentos dos preços que pressionaram a inflação do País no mês passado foram consequência da seca que atinge o País, segundo analistas do IBGE. "Tanto no caso da energia elétrica quanto nas carnes e frutas, os fatores climáticos contribuíram para a alta de preços", disse André Almeida, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE.

A oferta de frutas, por exemplo, está sendo menor em razão da estiagem, diz a analista da Gerência Nacional de Índices de Preços do IBGE, Denise Cordovil. "(O preço das) frutas aumentam com redução de oferta." As frutas ficaram 2,79% mais caras em setembro.

Já o subgrupo carnes registrou aumento de 2,97%, a maior alta desde dezembro de 2020, quando avançou 3,58%. "Em 2024, os preços da carne bovina registraram queda na maior parte do primeiro semestre, principalmente devido à maior oferta do produto. A estiagem reduziu a qualidade da pastagem, então a gente vê um aumento de preços de bovinos em setembro. Isso afeta também o preço do leite longa-vida", explicou Denise.

Segundo a analista do IBGE, o clima mais seco, a estiagem e também as queimadas contribuem para uma redução da oferta dos produtos alimentícios. "É efeito do clima mais seco, menor incidência de chuvas, que afeta a produtividade das lavouras, e a ocorrência de queimadas é um fato que também contribui para reduzir a oferta dos produtos", disse a pesquisadora.

Almeida acrescenta que o período atual já é de entressafra para as carnes. "A ausência de chuvas e o clima seco intensificaram essa entressafra. Houve uma maior quantidade de abates ao longo do primeiro semestre. Então, agora nesse período de entressafra, período de inverno, a gente teve uma intensificação da questão climática. A questão climática intensificou a entressafra da oferta."

Energia

Quanto à energia elétrica, a alta no custo em setembro foi puxada pela mudança da bandeira tarifária verde para bandeira vermelha patamar 1. Em outubro, foi acionada a bandeira vermelha patamar 2, o que voltará a pressionar o gasto das famílias com energia, disse Almeida. Ele afirmou que a bandeira tarifária é apenas um dos componentes que incidem sobre o cálculo dos gastos com a conta de luz.

"De fato, em outubro a gente vai ter mudança para a bandeira vermelha patamar 2. Então a gente vai passar de cobrança de R$ 4,46 para R$ 7,87 a cada 100 kw/h consumidos. Na passagem de agosto para setembro a gente passou de R$ 0 para R$ 4,46", lembrou Almeida. "Em termos da pressão da bandeira tarifária pode ser que sim, vai haver pressão adicional."

Preocupação

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou ontem que a economia brasileira está "rodando bem", apesar dos juros "restritivos".

Para Haddad, a questão da seca é mais preocupante. "Isso não tem a ver com o juro, juro não faz chover. Isso tem a ver com o fato de que tem um choque de oferta em virtude da seca e traz problemas para a inflação", disse.

Segundo ele, "daqui a pouco a chuva chega e as coisas voltam ao normal". "Mas isso tem de ser analisado com a devida cautela, não tomar uma decisão equivocada em função de uma questão climática que é temporária, não é permanente", disse Haddad ao se referir sobre os próximos passos do Banco Central.

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