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SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) - O candidato Luiz Caetano (PT) foi eleito para a Prefeitura de Camaçari (60 km de Salvador), quarto maior colégio eleitoral da Bahia e uma das principais cidades governadas pela oposição ao governador Jerônimo Rodrigues (PT). Ele derrotou Flávio Matos (União Brasil), candidato à sucessão do prefeito Antônio Elinaldo (União Brasil).
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Com 99,81% das urnas apuradas, Caetano obteve 50,92% dos votos válidos, ante 49,08% de Flávio Matos, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Camaçari protagonizou o único segundo turno da eleição na Bahia em um embate que foi muito além dos limites do município.
A eleição na cidade de 300 mil habitantes mobilizou os dois principais grupos políticos do estado, antecipando o embate entre PT e União Brasil que deve se replicar nas eleições estaduais de 2026.
As urnas mostraram uma cidade dividida ainda no primeiro turno, quando Luiz Caetano teve 49,5% dos votos e saiu na frente de Flávio Matos, que marcou 49,1%. A diferença entre os dois candidatos foi de apenas 559 votos na etapa inicial da eleição.
Luiz Caetano, 70, já foi prefeito de Camaçari por três mandatos, deputado federal e secretário estadual. Em 2022, chegou a ser escolhido para concorrer ao governo, mas deu lugar a Jerônimo Rodrigues (PT) após uma avaliação sobre possíveis questionamentos de sua elegibilidade.
Com 44 anos, Flávio Matos é vereador há dois mandatos e presidente da Câmara Municipal de Camaçari. Na campanha, tentou se descolar do prefeito Elinaldo Araújo (União Brasil), que enfrentava desgastes, e evitou a polarização nacional, evitando associações com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Desde o início do segundo turno, os principais líderes de PT e União Brasil grupos adotaram uma estratégia de presença constante na cidade.
O petista fez eventos ao lado do governador Jerônimo Rodrigues, do senador Jaques Wagner, do ministro da Casa Civil, Rui Costa, e coroou a estratégia com um comício com a presença do presidente Lula, que tinha ficado longe da Bahia no primeiro turno.
O candidato do União Brasil trouxe ACM Neto, o prefeito reeleito de Salvador, Bruno Reis, além de candidatos vitoriosos do partido em cidades do interior.
Nas últimas semanas, PT e União Brasil travaram uma disputa por candidatos derrotados no primeiro turno, vereadores eleitos e líderes comunitários. E trocaram acusações mútuas de irregularidades, compra de votos e até mesmo ligação com facções criminosas.
Camaçari é considerada estratégica para os dois grupos que polarizam as eleições estaduais desde 2002 e devem travar novo embate em 2026 protagonizado por Jerônimo Rodrigues e ACM Neto.
Com a vitória, o PT retoma a cidade que governou entre 2005 e 2016 e impede o União Brasil, principal partido de oposição, criar uma espécie de cinturão na Grande Salvador - a legenda venceu na capital e nas cidades de Lauro de Freitas, Simões Filho e Mata de São João.
Camaçari é considerada um dos berços do PT baiano, que cresceu ancorado no sindicalismo do Polo Petroquímico de Camaçari.