Volta de Trump traria riscos inaceitáveis, diz Economist ao endossar Kamala nos EUA

A revista britânica The Economist declarou que endossa a campanha da democrata Kamala Harris

© Getty Images

Mundo Estados Unidos 31/10/24 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em meio a uma controvérsia entre veículos de mídia americanos sobre anunciar ou não apoio a algum candidato nas eleições da próxima terça-feira (5), a revista britânica The Economist declarou que endossa a campanha da democrata Kamala Harris.

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Num editorial intitulado "Um segundo mandato de Trump traz riscos inaceitáveis", a Economist afirma que, comparada ao republicano, Kamala "representa estabilidade".

Apesar de parecer "indecisa e insegura" e decepcionante do ponto de vista político, escreve a revista, a democrata "abandonou as ideias mais esquerdistas dos democratas" e se aproximou do centro, ao lado de Liz Cheney -ex-deputada e filha do ex-vice-presidente Dick Cheney- e outros exilados republicanos.

"É difícil imaginar Kamala sendo uma presidente estelar, embora as pessoas possam surpreender. Mas você não pode imaginá-la causando uma catástrofe."

Trump, por outro lado, não teria capacidade de unir o país, como fazem bons presidentes, pois seu gênio político é "colocar as pessoas umas contra as outras".

Referência entre liberais democratas em todo o mundo, a Economist admite que seus "piores medos" sobre o primeiro mandato de Trump não se concretizaram e que a economia andou bem sob a gestão dele, mas alerta que agora "os riscos são maiores".

Isso porque, sustenta a revista, as políticas do candidato republicano "são piores, o mundo é mais perigoso e muitas das pessoas sóbrias e responsáveis que controlaram seus piores instintos durante seu primeiro mandato foram substituídas por verdadeiros crentes, bajuladores e oportunistas".

A Economist critica propostas protecionistas de Trump, como a de impor uma tarifa de 20% sobre todas as importações e taxar carros produzidos no México de 200% a até 500% e a promessa de deportar milhões de imigrantes em situação irregular, muitos com empregos e filhos americanos.

"Essas políticas seriam inflacionárias, potencialmente criando um conflito com o Federal Reserve [o Banco Central dos EUA]. Elas arriscariam desencadear uma guerra comercial que acabaria empobrecendo a América", argumenta a publicação.

Para a revista, a economia dos EUA "é a inveja do mundo, mas isso depende de ser um mercado aberto que abraça a destruição criativa, a inovação e a competição. Às vezes parece que Trump quer retornar ao século 19, usando tarifas e isenções fiscais para recompensar seus amigos e punir seus inimigos, bem como para financiar o Estado e minimizar os déficits comerciais. A política ainda pode destruir as fundações da prosperidade dos EUA".

Além disso, aponta a Economist, agora há duas guerras em curso (na Ucrânia e no Oriente Médio), nas quais os EUA têm papel preponderante, e as "promessas superficiais" de Trump de "trazer paz à Ucrânia em um dia e seu incentivo aberto às ofensivas de Israel não são tranquilizadoras".

Na última sexta (25), o jornal The Washington Post, um dos mais influentes dos EUA, anunciou que não vai mais declarar apoio a qualquer candidato à Presidência, rompendo com décadas de tradição. A decisão provocou a demissão de editores e uma onda de cancelamento de assinaturas. O diário Los Angeles Times fez o mesmo.

Comentaristas e acadêmicos interpretaram o recuo como o primeiro sinal de uma escalada autoritária em um possível novo governo Trump.

Veja quem os principais veículos apoiam nesta eleição

Trump

New York Post Washington Times Las Vegas Review-Journal

Kamala

The Atlantic The New Yorker The New York Times The Economist Boston Globe Las Vegas Sun Vogue Rolling Stone Seattle Times

Sem apoio declarado

Washington Post LA Times USA Today Chicago Tribune Denver Post
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