'Vamos ver', diz Kremlin sobre vitória de Trump nos EUA

"Não vamos nos esquecer de que estamos falando de um país hostil que está envolvido, direta e indiretamente, numa guerra contra nosso Estado", disse o porta-voz de Putin, Dmitri Peskov

© Sergei Karpukhin / Reuters

Mundo RÚSSIA-EUA 06/11/24 POR Folhapress

(FOLHAPRESS) - O governo de Vladimir Putin adotou um tom de cautela acerca da vitória de Donald Trump na eleição americana, refletindo as dúvidas correntes em Moscou acerca da real intenção do republicano quando diz que vai acabar com a Guerra da Ucrânia.

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"Não vamos nos esquecer de que estamos falando de um país hostil que está envolvido, direta e indiretamente, numa guerra contra nosso Estado", disse o porta-voz de Putin, Dmitri Peskov.

"Nós falamos repetidamente que os EUA são capazes de contribuir para o fim do conflito. Isso não pode ser feito do dia para a noite [como diz Trump], mas os EUA são capazes de mudar a trajetória de sua política externa. Se isso vai ocorrer, e como, nós vamos ver [após a posse de Trump] em janeiro.

Em conversas com pessoas ligada so Kremlin na Rússia, nas últimas semanas, a reportagem notou uma torcida comedida por Trump. Os democratas de Joe Biden e Kamala Harris, afinal, apostaram suas fichas em Kiev no conflito iniciado por Putin em 2022.

Por outro lado, são vistos como adversários previsíveis, o que não faz mal num jogo que no limite envolve milhares de ogivas nucleares de cada lado. Com Trump, amplamente descrito como um admirador da política de Putin, o cenário fica nebuloso.

O republicano sugere que quer ver uma paz que envolva concessões de Kiev, algo que Volodimir Zelenski não aceita, mas não é tão claro sobre o que espera de Putin.

De uma forma ou de outra, é inevitável que os próximos meses vejam uma aceleração da violência no campo de batalha, visando consolidação de ganhos antes de uma eventual negociação sob Trump.

Putin tem avançado naquilo que a Ucrânia descreve como a maior ofensiva desde a invasão, focando na tomada dos 40% que não controla de Donetsk, no leste do país. O ritmo tende a aumentar, e a gestão agônica de Biden terá pouco a fazer se quiser evitar um confronto mais direto com Moscou.

As relações entre EUA e Rússia, rivais desde os tempos da Guerra Fria original, estão no pior momento histórico desde que a União Soviética esfacelou-se em 1991. Peskov concedeu que Trump "fez algumas declarações importantes" sobre a guerra na Ucrânia, mas condicionou uma avaliação à realidade.

Para o analista político russo Konstantin Frolov, Moscou não tem muito a esperar de Trump. "Há uma chance de as coisas melhorarem apenas se ele vir alguma chance de Putin afastar-se da China. Não vejo isso acontecendo", disse, ressalvando que a situação para Zelenski é ainda pior.

Leia Também: Trump é eleito presidente dos Estados Unidos pela segunda vez

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