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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse em entrevista divulgada nesta sexta-feira (8) que é preciso trabalhar para encerrar a guerra entre Rússia e Ucrânia no Leste Europeu e para que o presidente russo, Vladimir Putin, volte a conquistar, de maneira civilizada, "o direito de andar pelo mundo".
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Lula também disse que é não é bom para a democracia ter um país como a Rússia isolado do mundo "porque ele [Putin] tomou uma decisão e o tribunal julgou". O presidente russo atualmente é alvo de um mandado de prisão, expedido pelo Tribunal Penal Internacional, por supostos crimes cometidos durante a invasão do país vizinho. Por esse motivo, ele não virá ao Rio, para a cúpula de chefes de Estado do G20, nos próximos dias 18 e 19.
As declarações foram dadas em entrevista à CNN Internacional. A conversa foi gravada na quinta-feira (7), mas a íntegra da transmissão foi ao ar na tarde desta sexta.
Lula então foi questionado sobre a intenção inicial de proteger Putin para que ele pudesse vir ao Brasil para participar da cúpula do bloco.
Como a Folha de S.Paulo revelou, o governo Lula chegou a produzir um parecer jurídico para embasar a possível vinda de Putin ao Brasil. No entanto, o presidente russo anunciou que não participaria da cúpula do G20 no Rio.
"O problema não é apenas proteger o Putin para não ser preso no Brasil, que essa é a coisa mais fácil de fazer. O problema é que você tem no G20 vários presidentes da República que não ficariam na sala se o Putin entrasse", afirmou o presidente.
Lula então acrescentou que a situação seria desconfortável. Por isso defendeu que o mundo trabalhe para encontrar uma solução para o conflito e acrescentou que Putin poderia voltar a participar de eventos internacionais.
"O que eu acho é que nós precisamos trabalhar para que essa guerra acabe de uma vez por todas e o Putin volte a conquistar o direito de forma civilizada andar no mundo e participar dos eventos", disse.
Lula também disse ter ficado satisfeito com a fala do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de querer acabar com o conflito no Leste Europeu. "E eu fico feliz quando você [a jornalista] disse que, se depender do discurso do Trump, ele vai acabar com essa guerra. E eu acho importante acabar com a guerra porque nós precisamos de paz. O mundo precisa de paz para sobreviver pacificamente, para crescer economicamente, para que a gente possa melhorar a qualidade de vida dos seres humanos que estão sendo descartados."
O governo brasileiro foi criticado em diversos momentos, por adotar uma postura vista por EUA e União Europeia como favorável a Moscou. Lula argumenta que o Brasil desde o início criticou a invasão territorial russa, mas recentemente sugeriu que fosse feito um referendo nas áreas invadidas por Moscou para que fosse tomada uma decisão sobre o domínio do território -o próprio Putin fez uma consulta pública nesse sentido, amplamente denunciada pela comunidade internacional como uma fraude.
Por outro lado, a posição brasileira vem sendo de tentar facilitar a negociação de paz, colocando numa mesma mesa os lados envolvidos. Volodimir Zelenski se nega a fazer qualquer concessão territorial ou a negociar acordos que não qualquer tipo de negociação, que não envolva a retirada das tropas de territórios invadidos -e tem apoio de EUA e da maior parte dos líderes europeus para isso.
A eleição de Trump, no entanto, indica uma alteração no conflito, caso ele cumpra a promessa de retirar a ajuda que vem sendo oferecida a Kiev.
Brasil e China articulam ainda uma proposta conjunta de um plano de paz para Ucrânia e Rússia. A iniciativa é rejeitada por Zelenski e considerada por EUA e aliados no Ocidente como favorável à Rússia
Na entrevista à CNN, Lula voltou a criticar a atuação de Israel na Faixa de Gaza, vitimando milhares de mulheres e crianças. O presidente, falando para a audiência internacional e majoritariamente americana da emissora, voltou a afirmar que também condenou prontamente a ação do Hamas, mas que a reação de Tel Aviv foi desproporcional e desumana.
"O que não é correto é a gente ver um país, um Estado forte como Israel, acabar com um povo que mora na Faixa de Gaza, onde milhares de mulheres, mais de 40 mil mulheres e crianças foram assassinadas numa guerra totalmente injusta", afirmou o presidente.
"E nós condenamos o Hamas quando ele invadiu o Tel Aviv, e ao mesmo tempo nós condenamos Israel contra essa vingança desumana que ele fez na Faixa de Gaza", afirmou.