© Shutterstock
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um voo da Spirit Airlines com destino à capital haitiana, Porto Príncipe, foi atingido por disparos nesta segunda-feira (11), forçando-o a ser desviado para a vizinha República Dominicana.
PUB
A Spirit Save afirmou em um comunicado que o avião foi danificado e retirado de operação ao pousar na cidade de Santiago, no norte da República Dominicana.
Um comissário de bordo ficou ferido no incidente, informou a Spirit. O Miami Herald havia relatado que o comissário foi atingido de raspão por uma bala.
Nenhum passageiro ficou ferido, acrescentou a Spirit.
Um vídeo que circula nas redes sociais, que parece ter sido feito por um funcionário da Spirit, mostra que a bala atravessou perto da porta de saída traseira e atingiu o compartimento superior do outro lado do corredor.
Se conocen más detalles sobre el avión de Spirit que fue baleado mientras aterrizaba en Haití.#NTAHORA #NTA pic.twitter.com/UrBoc504hh
— Noticias Telemundo (@TelemundoNews) November 12, 2024
Todos os voos de entrada e saída do Aeroporto Internacional Toussaint Louverture em Porto Príncipe foram suspensos, informou a embaixada dos EUA na nação caribenha em um aviso de viagem.
A embaixada "está ciente dos esforços liderados por gangues para bloquear viagens de e para Porto Príncipe, o que pode incluir violência armada e interrupções em estradas, portos e aeroportos", afirmou.
A Spirit disse que suspendeu os voos para Porto Príncipe e Cap-Haitien, no norte do Haiti, "aguardando uma avaliação mais aprofundada".
A JetBlue e a American Airlines cancelaram voos até quinta-feira (14), disseram separadamente a empresas, que vão monitorar a situação para determinar se mais cancelamentos serão necessários.
Os passageiros a bordo do voo da Spirit na segunda-feira serão levados de volta em outra aeronave para Fort Lauderdale, de onde o voo partiu, informou a Spirit.
Gangues armadas na capital do Haiti dispararam contra aeronaves nas últimas semanas à medida que a situação de segurança se deteriorava no país. No mês passado, um helicóptero da ONU foi atingido por tiros sobre Porto Príncipe.
O empresário Alix Didier Fils-Aimé se tornou, nesta segunda, o novo primeiro-ministro do Haiti prometendo paz e segurança para o conturbado país caribenho, depois que o conselho presidencial de transição depôs seu antecessor, apenas cinco meses depois de nomeá-lo.
Fils-Aimé, de 52 anos, foi empossado em uma cerimônia realizada em Porto Príncipe em substituição a Garry Conille, que enfrentou durante duas semanas o conselho pelo controle do governo.
Em seu primeiro discurso, o premiê Fils-Aimé prometeu dedicar toda a sua energia para salvar um país devastado pela violência das gangues.
"A primeira tarefa imprescindível e que condiciona o sucesso da transição é o restabelecimento da segurança", declarou. "O povo haitiano merece a paz, a estabilidade e um desenvolvimento sustentável".
O conselho presidencial de nove membros -formado em abril mediante um acordo entre partidos políticos e a sociedade civil- assumiu as rédeas do país após a demissão do impopular primeiro-ministro Ariel Henry em plena crise de segurança, com a promessa de frear as gangues criminosas que agem no país.
Ao assumir o cargo, Fils-Aimé se comprometeu a conter a violência das gangues que assolam o Haiti, a conduzir o país rumo às primeiras eleições desde 2016 e a nomear um primeiro-ministro à frente de um governo interino.Conille tentou evitar sua destituição alegando que o conselho presidencial não tinha poder para derrubá-lo, o que só poderia ser feito por um Parlamento, um órgão legislativo que o país não possui.
A troca de premiê abre um novo período de incertezas na nação caribenha, que não teve nenhum dirigente eleito desde o assassinato de Jovenel Moise em 2021, e que há décadas sofre com a violência das gangues, a pobreza e a instabilidade política.
A decisão de destituir Conille, um médico de 58 anos que já havia sido primeiro-ministro durante seis meses entre 2011 e 2012, ocorreu após semanas de conflito entre o dirigente e o conselho de transição.
Uma força internacional, apoiada pela ONU e em grande parte financiada por Washington, foi mobilizada para ajudar a polícia haitiana na luta contra as gangues.
Porém, meses depois da chegada de seus primeiros integrantes, a missão tem demorado a apresentar resultados visíveis frente a quadrilhas bem armadas e organizadas.
Segundo um informe recente da ONU, entre janeiro e junho de 2024 houve mais de 3.600 homicídios e 1.100 sequestros no Haiti.
O documento das Nações Unidas também indica que as gangues adaptaram suas ações à mobilização da força internacional, composta por cerca de 400 policiais e militares, quenianos em sua maioria.
A violência obrigou mais de 700 mil pessoas -metade delas crianças a abandonarem seus lares, segundo a OIM (Organização Internacional para as Migrações).