8 a cada 10 homens mortos por armas de fogo são negros, diz pesquisa

Os dados são baseados em levantamentos do Ministério da Saúde e integram o relatório "Violência Armada e Racismo: o papel da arma de fogo na desigualdade racial", divulgado na manhã deste terça-feira (20) pelo Instituto Sou da Paz

© Shutterstock

Justiça MORTES-NEGROS 02/12/24 POR Folhapress

(FOLHAPRESS) - Homens negros têm três vezes mais chances de morrerem por disparos de armas de fogo do que os brancos. Em uma década, de 2012 a 2022, 79% das vítimas de homicídio do sexo masculino eram negras.

PUB

 

Os dados são baseados em levantamentos do Ministério da Saúde e integram o relatório "Violência Armada e Racismo: o papel da arma de fogo na desigualdade racial", divulgado na manhã deste terça-feira (20) pelo Instituto Sou da Paz.

De 2012 a 2022, cerca de 38 mil homens foram mortos baleados, sendo a faixa etária de 20 a 29 a mais atingida por esse tipo de crime, com 43% dos casos. Vítimas com idades de 30 a 59 anos somam 40%.

O relatório chama a atenção para a desigualdade racial nos conflitos armados e aponta a região Nordeste como a mais violenta, com 57,9 mortes desse tipo por 100 mil homens, seguida pelo Norte, com taxa de 49,1, Sul (23,2) e Sudeste (16,1).

Em relação aos conflitos armados não letais, em que há disparos sem mortes, Norte e Nordeste também aparecem no topo -80% das vítimas são homens negros.

Há ainda destaque para o local onde a maioria das mortes ocorreu. As vias públicas concentram 50% dos casos de homicídio por armas de fogo, o que aumenta a sensação de insegurança por se tratar de crimes visíveis à maioria da população.

De acordo com Cristina Neme, coordenadora de projetos do Instituto Sou da Paz, a maior vitimização de homens negros por disparos de armas de fogo está ligada à maior vulnerabilidade social. "Ainda que a população negra seja mais da metade da população brasileira, esse quadro não foi revertido. E a vitimização por violência agrava esse quadro", diz.

Para ela, a violência afeta, por exemplo, o acesso dessa população à educação, principalmente, nas periferias das grandes cidades. "Tudo isso é prejudicado pelos conflitos armados."

As grandes cidades que costumam reunir o maior número de ocorrências de mortes por armas de fogo têm dado lugar no topo desse ranking aos municípios pequenos e médios, com até 500 mil habitantes. O relatório apontou que essas localidades representam 60% dos casos.

A coordenadora do instituto explica que os estados do Nordeste passaram por um aumento da violência na última década como resultado da expansão das facções criminosas e da violência armada para conquistar novos territórios. "Não vou dizer que é o único fator, mas é um fator importante que acaba submetendo essas populações a esse risco de violência e a essa alta mortalidade", diz.

Segundo ela, relatório recente do Ministério da Justiça apontou a atuação de 88 facções no país, que passaram a disputar espaços e territórios para expandir seus negócios. "Isso afetou drasticamente a vida dessas comunidades", continua.

Leia Também: Serial killer de Alagoas escolhia vítimas pela internet e preferia mulheres jovens, diz polícia

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

mundo Investigação Há 2 Horas

Laudo aponta que míssil da Rússia derrubou avião no Cazaquistão

fama Luto Há 5 Horas

Morre ator Ney Latorraca, aos 80 anos

mundo Cazaquistão Há 6 Horas

Nevoeiro, aves, míssil russo… O que se sabe sobre a queda de avião?

mundo Avião Há 6 Horas

Corpo é encontrado no trem de pouso de avião no Havai

fama Festas Há 7 Horas

Filho de Leonardo, João Guilherme dispensa Natal do pai e passa com Xuxa

fama Bebê Há 8 Horas

Neymar será pai pela quarta vez e terá segunda filha com Bruna Biancardi

tech Brasil Há 16 Horas

Aplicativo sobre de prevenção de desastres já tem 2 mil downloads

fama Celebridades Há 15 Horas

Por que esses famosos não comemoram o Natal?

fama Trabalhos Há 23 Horas

Antes da fama: Profissões surpreendentes dos famosos!

politica Justiça Há 7 Horas

Chefe da PM responsável pela Esplanada sugeriu combinar defesa sobre 8/1