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SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Considerado por amigos uma pessoa "atenciosa" e "solidária", Luigi Nicholas Mangione, 26, preso sob suspeita de ter matado o CEO da UnitedHealthcare, faz parte de uma tradicional família do estado de Maryland, nos EUA.
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QUEM É A FAMÍLIA MANGIONE
Nick Mangione, avô paterno de Luigi, começou a empreender nos Estados Unidos nos anos 1970. Segundo o jornal The New York Times, o italiano se sentia discriminado nos clubes que frequentava e, por isso, comprou seu próprio resort de golfe. Como parte de seus empreendimentos, Nick fundou também uma construtora. Iniciava-se ali a atuação da família Mangione no mundo dos negócios em Baltimore, em Maryland.
Em 1978, Nick Mangione comprou o Turf Valley Country Club. Junto com a esposa, Mary, o italiano ampliou o local e o transformou em um centro de resort e conferência do condado de Howard, em Maryland. Atualmente, o Turf Valley Resort recebe diversos eventos, como encontros para arrecadação de fundos durante campanhas políticas.
O avô de Luigi morreu em 2008, deixando 10 filhos e mais de 35 netos. A família herdou, então, uma série de bens imobiliários e empreendimentos comerciais, como clubes de campo, a Lorien Health Services, uma rede de casas de repouso para idosos e uma estação de rádio local. De acordo com o New York Times, a família também é dona do campo de golfe Hayfields Country Club.
Além da atuação em diferentes comércios, a família Mangione também é ativa em causas sociais e filantrópicas locais. De acordo com o jornal, a Universidade Loyola em Maryland e o Centro Médico Greater Baltimore recebem apoio dos Mangiones. A família participa também de arrecadação de fundos, como o evento recentemente realizado para o Baltimore Polytechnic Institute (Instituto Politécnico de Baltimore, em tradução livre).
As boas condições financeiras da família proporcionaram a Luigi uma educação de elite. O jovem frequentou o Gilman College, colégio privado em Baltimore exclusivo para rapazes. De acordo com o portal do colégio, a taxa anual a ser paga pelos alunos pode chegar a US$ 38 mil, cerca de R$ 222 mil, pela cotação atual.
Ele estudou na Universidade da Pensilvânia, que faz parte da Ivy League, grupo de universidades privadas dos EUA conhecidas por sua excelência e reputação. Lá, obteve o título de mestre em engenharia com foco em ciência da computação.
RELEMBRE O CRIME
No dia 4 de dezembro, Brian Thompson, 50, estava em frente ao Hilton, em Nova York, quando foi alvo de tiros. Ele faria uma apresentação numa conferência de investidores. Conforme a polícia, o atirador chegou ao local a pé cinco minutos antes de Thompson, que caminhava sem seguranças em frente ao hotel.
Mangione foi preso na última segunda-feira (9). O suspeito estava em uma unidade da lanchonete McDonald's na região de Altoona, Pensilvânia, a 375 quilômetros de distância de Nova York. Embora tenha sido denunciado por semelhança com as fotos divulgadas pela polícia em relação à morte de Thompson, Mangione foi detido por apresentar um documento falso de Nova Jersey e por posse ilegal de arma.
A polícia encontrou um caderno em que ele escreveu sobre o plano de matar o diretor-executivo de uma empresa. Conforme o New York Times, um dos trechos indicava a intenção de atacar um CEO durante convenção de "contadores parasitas". "É direcionado, preciso e não coloca inocentes em risco", teria escrito.
Os agentes encontraram também uma nota manuscrita em que Mangione assume a responsabilidade pela morte do CEO. Ainda nas anotações, o jovem escreveu sobre Ted Kaczynski, conhecido como "Unabomber", um dos mais conhecidos serial killers dos EUA.
O jovem teve a fiança negada. As impressões digitais dele foram encontradas em uma garrafa de água e em uma barra de cereal encontradas na cena do crime. Segundo o The New York Times, também foram encontradas impressões digitais em evidências balísticas no local.
Sistema de saúde nos Estados Unidos é baseado em planos privados. Os EUA são o único país desenvolvido que não tem cuidado universal de saúde. O serviço acaba sendo oferecido por empresas, que frequentemente recusam cobertura de cirurgias, medicamentos ou mesmo anestesia. Publicado em julho deste ano, um levantamento do Centro Nacional de Saúde dos EUA aponta que 25 milhões de americanos, sendo 2,8 milhões de crianças, não tinham acesso pleno à saúde em 2023.
UnitedHealth Group faturou 100 bilhões de dólares no terceiro trimestre de 2024. A UnitedHealthcare, que era administrada pela vítima, é um braço da companhia que administra produtos de saúde, como Medicare e Medicaid, para pessoas idosas e de baixa renda, financiados pelos orçamentos estatais.
Seguradora de saúde é a que mais nega pedidos de pacientes. Um levantamento publicado pela Forbes e pelo Boston Globe mostra que a UnitedHealthcare nega 32% dos pedidos de seus pacientes. A média nacional dos Estados Unidos é de 16%.
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