Combate ao crime não pode ser justificativa para erro policial, diz Tarcísio

A gestão passa por um momento de críticas na área da segurança pública diante de diversas denúncias de violência policial, com casos de mortes e agressões sendo filmadas por câmeras corporais, câmeras de monitoramento ou por testemunhas

© Getty

Brasil TARCÍSIO-FREITAS Há 10 Horas POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - "O combate ao crime não pode ser justificativa para o erro policial". A afirmação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ocorreu ao ser questionado sobre recentes casos de violência policial ocorridos no estado, alguns deles registrados em imagens.

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O chefe do Executivo paulista participou do programa Canal Livre, da TV Bandeirantes, na noite deste domingo (15).

A gestão passa por um momento de críticas na área da segurança pública diante de diversas denúncias de violência policial, com casos de mortes e agressões sendo filmadas por câmeras corporais, câmeras de monitoramento ou por testemunhas.

Ao menos dois PMs foram presos em um intervalo de uma semana. Um deles por matar um homem com 11 tiros pelas costas quando estava de folga. E um outro por jogar um homem de cima de uma ponte.

Policiais militares também foram afastados por agredir uma idosa. Há três semanas o estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, 22, foi morto por um PM dentro de um hotel na Vila Mariana. Em Santos, um menino de 4 anos morreu ao ser baleado durante uma operação da PM.

"A gente tem uma deficiência na formulação de políticas públicas na segurança. Isso não é apenas em São Paulo, isso é geral. Mas a gente está fazendo essa reflexão aqui no estado de São Paulo", disse durante o programa deste domingo.

Segundo ele, políticas públicas nas áreas de educação e saúde são elaboradas com maior clareza, mas quando se trata da segurança a discussão fica restrita a temas relacionados à polícia.

"Às vezes a gente não faz a discussão do que a gente quer resolver", disse. "A gente tem gastado muita energia no combate ao crime organizado. E de fato temos que combater porque afeta hoje até os negócios lícitos. Mas o que incomoda o cidadão? O assalto. O cidadão não quer ser assaltado."

Tarcísio afirmou que está fazendo "correções de rota" na segurança pública paulista. Ele citou como exemplo de mudança o fato de que recebia os indicadores criminais todos os meses, mas não fazia uma reunião com a Polícia Militar para entender qual é o problema de uma determinada área, mostrado pelos números.

Ainda sobre os indicadores, Tarcísio disse que irão também embasar cobranças sobre a atuação da Polícia Civil, em relação a resolução de crimes.

Quando questionado sobre os casos mostrados em vídeos nas últimas semanas envolvendo violência policial, o governador disse repudiar veementemente e que sua gestão conduz esses profissionais para corregedoria.

"Isso mexe com a gente. Essa não é uma imagem que a gente quer ver. Isso não representa a Polícia Militar de São Paulo", disse.

No começo de dezembro, o governador de São Paulo disse que errou nas críticas que fez ao uso das câmeras corporais pela Polícia Militar desde o período em que era candidato ao cargo.

Ele afirmou, na época, que viria se empenhar para que os novos equipamentos, adquiridos pelo governo no primeiro semestre deste ano, sejam eficazes para coibir violência praticada por policiais. Neste domingo, ele voltou a expressar arrependimento pelo posicionamento contrário ao uso do equipamento.

"Eu tinha uma posição mais resistente no início, mas hoje, com dois anos de mandato e percebendo o que estou percebendo na rua, vendo o que eu estou vendo, eu mudei totalmente de opinião. Eu vi que a câmera é um instrumento a favor do policial e a favor da sociedade."

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