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A ONG Atletas pelo Brasil, que reúne esportistas consagrados do país como Raí, Ana Moser, Cafu, Gustavo Borges, entre outros, criticou a nomeação de Leonardo Picciani (PMDB-RJ), 35, como novo ministro do Esporte.
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Segundo a organização, o presidente interino Michel Temer "continua seguindo critérios puramente políticos para acomodação de partidos" com a escolha do nome de Picciani para a pasta.
"O Ministério do Esporte, infelizmente, é sempre usado na barganha política", afirma a Atletas pelo Brasil em nota enviada à Folha nesta sexta-feira (13), um dia depois da posse dos novos ministros em Brasília (DF).
Em dezembro de 2014, quando houve a nomeação de George Hilton (PRB-MG), a entidade disse que seus atletas estavam se sentindo "envergonhados e desprestigiados, vendo que o esporte no Brasil continua sendo encarado como algo menor".
Nesta sexta (13), o tom crítico foi mantido. "Registramos aqui nosso desacordo com a prática corrente de nomeação de ministros e pedimos maior compromisso com resultados concretos das políticas de esporte."
Abaixo, a íntegra do comunicado da Atletas pelo Brasil:
"Atletas pelo Brasil pede mudanças
A Atletas pelo Brasil vem manifestar-se publicamente por uma maior seriedade de nossos dirigentes políticos na condução do país.
O momento de grande turbulência política sob o qual estamos vivendo pede uma reforma ampla no funcionamento de nosso sistema político e de como a gestão pública é feita. Devemos exigir de nossos representantes que o país esteja sempre em primeiro lugar, acima de interesses pessoais e partidários.
Precisamos avançar na melhoria de nossos quadros e na forma de gestão de nosso país. A nomeação dos ministros continua seguindo critérios puramente políticos para acomodação de partidos. Tal prática, na maior parte das vezes, traz consigo o aumento da ineficiência de gestão, descontinuidade das políticas implementadas, reinício de processos e tudo isso com custo às políticas públicas, ao nosso desenvolvimento, aos cofres públicos e a cada um de nós.
O Ministério do Esporte, infelizmente, é sempre usado na barganha política.
A Atletas pelo Brasil manifesta-se, mais uma vez, contra essa prática que não considera a experiência e competência do gestor no tema, mas a conveniência partidária.
Não é somente a corrupção que corrói nosso país.
Precisamos exigir que as políticas, os programas e as ações públicas atendam às necessidades do país e gerem desenvolvimento, melhorias e o fim das desigualdades sociais e econômicas. A política não pode ser um fim em si mesma, mas um meio para se conseguir o bem comum a todos.
Nossos gestores devem ser competentes, ter metas sociais e econômicas, indicadores e dados abertos que mostrem para onde estamos indo, atuar com transparência, e precisam também ser avaliados e fiscalizados de forma mais contundente. Afinal lidam com recursos de todos os brasileiros.
Nós, atletas e ex-atletas, formamos uma organização não governamental de Advocacy há 10 anos. Não recebemos recursos públicos. A Atletas pelo Brasil é constituída por 59 atletas voluntários e trabalha pela melhoria do Esporte no Brasil.
Desde 2009, atuamos para influenciar as decisões governamentais a fim de que haja uma legislação mais moderna, uma alocação de recursos mais eficiente, uma melhor gestão e transparência no Esporte. Porque o Esporte vai além do Esporte: é fator estratégico para o desenvolvimento humano e social com importante impacto na saúde, na educação e no planejamento urbano.
Registramos aqui nosso desacordo com a prática corrente de nomeação de ministros e pedimos maior compromisso com resultados concretos das políticas de esporte.
E como vimos fazendo há 10 anos, seguimos abertos para dialogar e continuaremos propondo, incentivando, fiscalizando e cobrando os gestores à frente da política esportiva.
Queremos a democratização do Esporte, por meio do seu acesso a toda população.
Queremos um Esporte de qualidade nas escolas, como ferramenta educacional.
Queremos um Sistema Nacional Esportivo eficiente, transparente, honesto.
Atletas pelo Brasil".
Com informações da Folhapress.