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A ministra das Relações Exteriores da Argentina, Susana Malcorra, disse nesta sexta-feira que o governo do presidente Mauricio Macri vê com preocupação a situação do Brasil depois do afastamento de Dilma Rousseff.
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A declaração foi feita depois que a oposição ligada à ex-presidente Cristina Kirchner e partidos de esquerda criticarem o processo, ao qual chamaram de golpe, e exigirem do governo uma posição de confronto ao impeachment.
Em entrevista em Londres, ela reiterou a posição de Macri pela legalidade do processo, que para ela "é evidente", mas se disse preocupada com os questionamentos de diferentes forças políticas à legitimidade do afastamento.
"Quando começam a debater entre legalidade e legitimidade, torna-se uma situação muito complexa. Esperamos que este processo termine, para que não se acentuem as necessidades e as ansiedades do povo brasileiro", disse.
"Não é só o grande vizinho e sócio que temos, mas também um jogador que condiciona e define nossa capacidade de fazer as coisas. Nos une a tradição, a amizade, a história e por isso a crise nos afeta, provoca impacto e nos dói".
Ela disse ainda que sente uma dor profunda porque Dilma e Macri tinham uma boa relação. "Ela deve estar passando por um momento muito duro. Me pergunto se o gênero não é um elemento em consideração nestes processos".
CRÍTICASMalcorra foi criticada por ter falado na quinta (12) que o impeachment consolidará "a solidez da democracia brasileira" e que a Argentina terá diálogo com o governo interino de Michel Temer.
O ex-governador da província de Buenos Aires Daniel Scioli, presidenciável peronista em 2015, afirmou que ficou indignado com o impeachment, que chamou de operação política, e que Dilma "foi vítima de uma injustiça".
"Observo com indignação como uma operação política suspende uma presidente eleita democraticamente, forçando um julgamento político, violentando a Constituição e atacando um projeto político, econômico e social", disse.
Scioli é membro da Frente para a Vitória e foi apoiado pela ex-presidente Cristina Kirchner da eleição que foi vencida por Macri. A líder da Frente de Esquerda, Myriam Bergman, chamou o impeachment de "golpe de direita".
"Há quinze dias sugerimos que o Congresso deveria repudiar o golpe da direita que estava acontecendo no Brasil. Já se consumou e é necessário mais que nunca que o Congresso o repudie sem dilações", disse, em nota.
Na tarde de quinta (12), centenas de brasileiros que moram na Argentina e argentinos ligados a movimentos sociais fizeram um protesto em frente à embaixada do Brasil em Buenos Aires contra o impeachment de Dilma.
A manifestação aconteceu um dia depois que 20 pessoas ocuparam a recepção do consulado brasileiro na capital argentina contra a votação do Senado que selou o afastamento da presidente petista.