Economista diz que não há espaço para experimentos e improvisações no BC

Sobre a independência do BC, Langoni avalia que é uma reforma simples e que a maioria dos países já tem bancos centrais independentes

© Reuters

Economia FGV 16/05/16 POR Estadao Conteudo

O economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ex-presidente do Banco Central Carlos Langoni elogiou os dois nomes cotados para assumir o comando do BC, o economista-chefe do Itaú, Ilan Goldfajn, e o sócio do banco Brasil Plural, Mario Mesquita, e afirmou que na situação do País neste momento não há espaço para "experimentos e improvisações" na autoridade monetária.

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"Acho que o Ilan é um excelente nome e o Mario mesquita também é de excelente qualidade. Temos que trabalhar com pessoas com sólida experiência acadêmica e de preferência com experiência no BC, o que é o caso dos dois", afirmou o economista a jornalistas após palestra em evento na Câmara de Comércio Brasil e Estados Unidos. "O BC precisa de autonomia e, de preferência, total independência para fazer com que a inflação possa convergir mais rapidamente para o centro da meta", completou.

Ainda sobre a independência do BC, Langoni avalia que é uma reforma simples e que a maioria dos países já tem bancos centrais independentes. "Há uma evidência clara de que a independência do BC facilita a redução e a estabilização da inflação num nível mais baixo e o próprio crescimento econômico. Com a inflação mais baixa fica mais fácil voltar a crescer."

Para Langoni, o fundamental do governo de Michel Temer é rever o papel "gigantesco do Estado" na economia brasileira. "O essencial é que o Estado volte a cuidar de bens públicos, da saúde, da educação, da segurança pública." Nesse sentido, ele avalia que o Brasil tem mesmo que retomar a estratégia de privatizações, como já sinalizado por Temer em declarações recentes.

Além das privatizações, Langoni defendeu a revisão de subsídios e das isenções tributárias seletivas, com o governo partindo em seguida para uma reforma tributária.

Ainda no conjunto de medidas necessárias, o economista falou que é essencial uma revisão do papel dos bancos públicos, que foram usados pelo governo para estimular o crédito, e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "O Estado brasileiro não pode ser mais paternalista, especialmente para alguns setores do setor privado."

Com esse tipo de medida, o governo de Temer deve conseguir reduzir o grau de incerteza que vem dominando o cenário brasileiro, o que deve melhorar a percepção de risco do País, reduzindo os custos de captação de recursos no exterior para empresas e governos. Assim, seria possível o Brasil crescer ao redor de 1% em 2017, disse a jornalistas.

Langoni se mostrou otimista com o cenário da economia brasileira para os próximos meses. "Acho que o desenho da arquitetura macro que o governo Temer apresentou parece bem consistente. Ele combina medidas de ajuste e austeridade com incentivos ao investimento privado, via concessões e privatizações, e um foco em abertura da economia além do Mercosul."

Com a implementação do ajuste, os juros devem começar a cair no quarto trimestre. "Isso também vai ajudar a consolidar esse clima de maior confiança na economia brasileira", avaliou. Com informações do Estadão Conteúdo.

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