Nova presidente de Taiwan defende diálogo conciliatório com a China

Em seu discurso de posse, a primeira mulher a comandar o território fez menção aos 20 anos de relações com Pequim

© Reuters

Mundo Política externa 20/05/16 POR Folhapress

A nova presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, 59, conclamou nesta sexta-feira (20) a China a "deixar de lado a bagagem histórica", em um discurso buscando conciliação com Pequim, que considera a ilha uma província rebelde.

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Em seu discurso de posse, a primeira mulher a comandar o território fez menção aos 20 anos de relações com Pequim e disse que seu governo terá um papel responsável e será "um guardião determinado da paz com a China".

"As relações através do estreito [de Taiwan] se tornaram parte integral da construção da paz regional e da segurança coletiva. As duas partes precisam se envolver em um diálogo positivo em benefício dos povos dos dois lados".

O discurso conciliatório é feito semanas depois da pressão da China contra o novo governo. No início de maio, o país disse que a presidente será responsável por qualquer crise que venha a surgir na relação entre os dois.

Tsai é a líder do Partido Democrático Progressista, uma formação tradicionalmente favorável à independência. Embora tenha adotado um tom mais moderado nas eleições, ela manteve firme a posição de Taiwan por sua emancipação.

O discurso foi bem aceito pelos taiwaneses, que temiam risco à soberania da ilha devido à política de aproximação feita pelo presidente Ma Jing-jeou, do Partido Nacionalista Chinês, nos últimos oito anos.

Neste período, os nacionalistas mantiveram a defesa do princípio da China única, acertado em 1992 com Pequim. O resultado foi uma vitória com larga vantagem dos independentistas nas eleições de janeiro.

CHINA

O Escritório de Negócios de Taiwan chinês afirmou que o discurso de Tsai foi uma "resposta incompleta", dizendo que qualquer tentativa de independência são "a maior ameaça à paz no estreito de Taiwan".

Questionada sobre a nova presidente, a porta-voz da Chancelaria chinesa, Hua Chunying, reiterou a política da China única. "Independentemente das mudanças internas de Taiwan, a China vai se opor à independência", disse.

Os meios de comunicação do país acompanharam a posse de forma discreta. Os termos "Taiwan" e "Tsai Ing-wen" estavam inclusive bloqueados na rede social Sina Weibo, a mais usada no país.

Tsai Ing-wen assume Taiwan em meio a uma desaceleração econômica. As exportações do território caíram pelo 13º mês consecutivo, especialmente devido à queda da demanda chinesa e de outros mercados.

O tom conciliador também foi visto com uma tentativa de evitar que uma posição mais dura contra os chineses poderia piorar ainda mais a economia. Ela também foi moderada em relação às disputas regionais com Pequim.

O Instituto Americano de Taiwan, que representa os interesses dos EUA na ilha, disse que deseja cooperar com o novo governo. Os Estados Unidos deixaram de ter representação oficial em Taiwan em 1977, pouco depois de retomar laços com a China. Com informações da Folhapress.

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