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Parentes de dezenas de vítimas de feminicídio, acompanhados de milhares de pessoas, marcharam nesta sexta (3) contra a violência de gênero em Buenos Aires.
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Elena Queiroz, 50, empunhava um cartaz em que pedia justiça por sua sobrinha Gisela López, assassinada há um mês aos 18 anos. Seu corpo foi encontrado a algumas quadras de sua casa, em Santa Elena (a 535 km de Buenos Aires), com sinais de estupro. "Foi o terceiro caso na região neste ano", contou Queiroz.
No país, 275 mulheres foram vítimas de feminicídio nos últimos 12 meses. Para María Fabiana Tuñez, presidente do Conselho Nacional das Mulheres, o machismo é a causa dos crimes.
"Essa cultura é responsável pelos casos. É necessário mudar os parâmetros da educação, ensinar que as mulheres não são objetos e deixar de reproduzir estereótipos", disse.
A chegada de Tuñez, que já trabalhava em uma ONG de combate à violência de gênero, ao Conselho Nacional foi comemorada pelo movimento feminista da Argentina.
Há, porém, questionamentos sobre o orçamento destinado ao órgão, que, neste ano, é de 16 milhões de pesos (R$ 4 milhões). O valor representa 0,001% do orçamento do Estado e menos de 1 peso (R$ 0,25) por argentina.
"É preciso fazer uma revolução cultural, o que não conseguiremos sem recursos que permitam a tomada de decisões", diz Raquel Vivanco, coordenadora do Mulheres da Mátria Latino-Americana.
Tuñez concorda que o orçamento é baixo, mas afirma que ele foi determinado pelo governo de Cristina Kirchner (2007-2015). Segundo ela, um plano de combate à violência de gênero será apresentado em julho com o valor necessário para sua implantação.
Entre as ações previstas no projeto estarão a adoção de uma educação não sexista nas escolas, um programa de assistência às vítimas e campanhas informativas.
O 3 de junho é uma data não oficial de combate à violência contra mulher na Argentina desde 2015, quando 200 mil pessoas foram às ruas de Buenos Aires após a repercussão do feminicídio de uma adolescente de 14 anos que estava grávida. Com informações da Folhapress.