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O salário dos motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo foi pago nesta segunda-feira (6) pelas empresas de transporte sem o reajuste de 7,5%, acertado após negociação entre o sindicato patronal (SPUrbanuss) e o dos motoristas (Sindmotoristas) no mês passado depois de dois dias de paralisação e ameaça de greve da categoria.
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Os empresários propuseram, e os trabalhadores aceitaram, 7,5% de aumento salarial e no tíquete-refeição - que passou a ser de R$ 20,50 por dia - e participação em lucros e resultados (PLR) de R$ 1.300, que devem ser pagos integralmente até agosto.
De acordo com o SPUrbanuss, as concessionárias estão enfrentando problemas de caixa que inviabilizaram o pagamento dos salários com a correção. As empresas prometem, segundo o sindicato, pagar a diferença até sexta-feira (10).
Já o presidente do Sindmotoristas, Valdevan Noventa, afirma que se o reajuste não for depositado aos trabalhadores até quarta-feira (8), a categoria poderá fazer novamente uma paralisação na cidade.
Os motoristas e cobradores fizeram em maio duas paralisações, uma de uma hora e outra de duas. Na ocasião, 1,5 milhão de pessoas chegou a ser afetada."Pagamos os salários sem o aumento e vamos torcer para que nesta semana a gente consiga", disse Antônio Pavani, assessor jurídico do SPUrbanuss.
As empresas esperavam um reajuste do valor pago pela prefeitura, estimado em cerca de 6%, previsto em contrato. O aumento, no entanto, não ocorreu.
"Não estamos atrelando uma coisa à outra. É um problema de caixa mesmo. Negociamos até sexta para ter a receita que vai entrando durante a semana e aí nós vamos caminhando", afirmou Pavani.
Para Valdevan Noventa, os trabalhadores não esperávamos por isso. "Para a nossa surpresa, o pagamento não foi efetuado com o aumento. Já que na mesa de negociação eles não estão honrando o compromisso, a única saída que o trabalhador tem é a paralisação."
A Prefeitura de São Paulo foi procurada, mas até o momento a reportagem ainda não obteve resposta.
PERMISSIONÁRIAS
Noventa afirma que "o problema é mais grave com os trabalhadores das permissionárias [antigas cooperativas de transporte, que se tornaram empresas]".
As permissionárias, que não são ligadas ao SPUrbanuss, já disseram, segundo Noventa, que não têm condições de pagar o que foi acordado em convenção coletiva em meados de maio.
"Nem os 7,5% do salário eles não têm condições de dar sobre o piso que eles pagam, que é até menor que o das concessionárias. A PLR também as permissionárias dizem que não terão condições de pagar."
Noventa disse que o sindicato está acompanhando de perto a situação das empresas permissionárias. Segundo ele, a categoria pode parar mesmo que as concessionárias, ligadas ao SPUrbanuss, façam o pagamento do reajuste. "Uma parcela dos trabalhadores não pode ser prejudicada."
"Estou tendo paciência e tentando encontrar uma saída para não prejudicar a população. Mas eu represento uma categoria que é exigente, que me cobra. Para eu não ser desmoralizado, vou ser obrigado a tomar uma decisão", afirmou.
A gestão Fernando Haddad (PT) elevou em 150% os repasses do município às empresas de ônibus para cobrir a diferença entre arrecadação e custo do sistema nos primeiros cinco meses de 2016 em relação ao mesmo período do último ano de Gilberto Kassab (PSD).
Em 2015, a gestão Haddad repassou R$ 1,9 bilhão às viações para compensar esse deficit -motivado, dentre outros fatores, pelas gratuidades (incluindo idosos e alunos da rede pública) e descontos (como do Bilhete Único). Com informações da Folhapress.