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Após uma manobra na terça-feira (7) para evitar a absolvição do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no Conselho de Ética, o presidente do conselho, José Carlos Araújo (PR-BA), admitiu nesta quarta (8) que adiou a votação porque "era clara a vitória" do peemedebista.
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Apesar de afirmar que resolveu desmarcar as sessões desta semana para não atrapalhar a votação no plenário de matérias importantes para o governo, Araújo também admitiu que pesou na decisão a vantagem obtida por Cunha no conselho.
Questionado em entrevista coletiva a jornalistas sobre a postergação, Araújo afirmou: "É muito importante que termine logo, agora vocês querem o quê? Que termine e que Eduardo Cunha seja absolvido, é isso que vocês querem?".
E prosseguiu: "Se votasse ontem, era clara a vitória com [o deputado Carlos] Marun (PMDB-MS) votando, de 11 a 9". Suplente do conselho, Marun votaria porque a titular da vaga, deputada Tia Eron (PRB-BA), considerada o voto decisivo para cassar Cunha, não apareceu na sessão. Sob intensa pressão de deputados e da imprensa, Tia Eron assistiu à sessão escondida na liderança do PRB da Câmara e só saiu de lá depois que a votação foi adiada.
Araújo afirmou que deu "um tempo" para ela repensar. A expectativa é que, com a pressão sobre ela, Tia Eron resolva votar pela cassação. "Eu dei um tempo para que Tia Eron repense para votar com a consciência dela e não com a consciência do governo", disse o presidente do conselho.
Seus aliados suspeitam que o PRB do deputado Celso Russomanno (SP) tenha fechado um acordo com Cunha e com o governo Michel Temer para derrotar o relatório de Marcos Rogério (DEM-RO) e salvar Cunha.
Segundo ele, a votação só deve ocorrer na semana que vem, em dia ainda a ser definido. Apesar de inicialmente estar prevista sessão para a próxima terça-feira (14), Araújo afirmou que o advogado de Cunha, Marcelo Nobre, tem um problema de agenda e pediu para que ocorra na quarta (15). A decisão deve ser tomada ainda hoje sobre a data.
O processo contra Cunha argumenta que ele mentiu aos pares por dizer não ter contas no exterior, já que o Ministério Público da Suíça detectou quatro contas ligadas a ele e à família. A defesa do deputado argumenta que as contas estão em nome de trusts, entidades usadas para administrar patrimônio de terceiros, e por isso não são dele.