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Paulo Bernardo, ex-ministro dos governos Lula e Dilma, foi preso preventivamente na manhã desta quinta-feira (23) em uma operação da Polícia Federal realizada após desdobramento da Lava Jato.
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Ele foi detido em Brasília, no apartamento funcional onde estava com a mulher, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). A casa dos dois em Curitiba também é alvo de buscas.
O petista deve ser levado à sede da PF em São Paulo, que organiza as investigações.
O ex-ministro da Previdência e da Secretaria da Aviação Civil Carlos Gabas, amigo pessoal da presidente afastada Dilma Rousseff, e o jornalista Leonardo Attuch, dono do site "Brasil 247", foram chamados a depor voluntariamente. A residência de Gabas em Brasília e a sede do "Brasil 247" ainda foram alvo de busca e apreensão.
O secretário municipal de Gestão de São Paulo, Valter Correia, também foi detido e sua casa é alvo de busca e apreensão -ele já trabalhou no ministério do Planejamento.
Há também um mandado de prisão para o ex-tesoureiro do PT João Vaccari, já preso pela Operação Lava Jato em Curitiba.
Outro alvo de prisão preventiva é o advogado Guilherme Gonçalves, que atuou nas campanhas de Gleise Hoffmann. Ele está em Portugal e se apresentará à PF assim que chegar ao Brasil, afirmou seu advogado.
Também são alvos de buscas a sede nacional do PT, em São Paulo, e a sede do partido em Brasília. Ao chegar à sede nacional, a polícia só encontrou porteiros, já que os funcionários chegam às 8h30.
Militantes do partido realizam um protesto em frente ao local e acusam a PF de perseguir a sigla. Foi estendida uma faixa com a imagem do Eduardo Cunha com os dizeres "tchau ladrão" e a pergunta "e o Temer"?
Advogados já foram acionados pelo partido para tentar acompanhar a operação. O presidente nacional do partido, Rui Falcão, estava em Brasília e volta hoje para São Paulo.
Batizada de Custo Brasil, a operação mira em um esquema de pagamento de propina em contratos de prestação de serviços de informática do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, pasta que foi comandada por Paulo Bernardo.
Os investigadores afirmam ter elementos de que agentes públicos do ministério direcionaram licitações em favor de uma empresa de tecnologia e informática para gerir créditos consignados para servidores federais.
"Segundo apurou-se, 70% dos valores recebidos por essa empresa eram repassados a pessoas ligadas a funcionários públicos ou agentes públicos com influência no ministério por meio de outros contratos -fictícios ou simulados", diz a PF.
No total, as supostas fraudes investigadas teriam gerado subornos de aproximadamente R$ 100 milhões entre os anos de 2010 e 2015.
A investigação é fruto da delação premiada do ex-vereador de Americana (SP) Alexandre Romano, preso em agosto de 2015.
Segundo os policiais, ele foi um dos operadores do desvio de R$ 52 milhões em contratos do Ministério do Planejamento com empresas do Grupo Consist Software. Romano recebia recursos desviados da pasta desde 2010. A propina ia para empresas ligadas a ele.
LAVA JATO
Esta é a primeira operação da PF em São Paulo fruto de desdobramento da Operação Lava Jato.
O inquérito policial foi instaurado em dezembro de 2015, após o Supremo Tribunal Federal determinar que a documentação apreendida na 18ª fase da
Operação Lava Jato, conhecida como Pixuleco 2, fosse encaminhada para investigação em São Paulo.
A operação está sendo chefiada pela Delecor de São Paulo (Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros).
Estão sendo cumpridos 11 mandados de prisão preventiva, 40 mandados de busca e apreensão e 14 mandados de condução coercitiva nos Estados de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Distrito Federal, todos expedidos, a pedido da PF, pela 6ª Vara Criminal Federal em São Paulo.
Os alvos em Brasília estão sendo levados para o hangar da PF e devem embarcar às 9h, sem previsão de chegada a São Paulo, já que o avião fará escalas.Os investigados poderão responder pelos crimes de tráfico de influência, corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa, com penas de 2 a 12 anos de prisão.
OUTRO LADO
A defesa de Paulo Bernardo afirmou que não teve acesso à decisão, mas que a prisão é ilegal e que o ex-ministro não se envolveu em irregularidades.
A defesa de Guilherme Gonçalves afirmou "que ele sempre esteve a disposição da justiça, sendo desnecessária essa medida constritiva da liberdade do advogado". Com informações da Folhapress.